quinta-feira, 29 de novembro de 2018




AS VIÚVAS

Quatro mulheres se unem para, em um golpe, saldar a dívida deixada  pelos respectivos maridos ao fracassarem e serem mortos numa ousada empreitada... Fosse simples assim a narrativa, bem dirigida por Steve McQueen(Que já nos deu Shame e 12 Anos de Escravidão), seria mais um filme que cairia no lugar comum e esquecimento... mais um caça-níquel... Contando com um elenco bacana, encabeçado pela ótima Viola Davis, no entanto não se trata de um Thriller comum, onde a porrada corre solta, em torno de um ou uma pseudo mente brilhante que orquestra e garante o sucesso do golpe... Aqui temos a realidade destas mulheres, cada uma com sua cruz, seu sofrimento, o que leva o filme a mergulhar em águas mais profundas e principalmente construir um viés social e político... Essa concepção o leva a caminhar mais lentamente em direção a seu desfecho surpreendente garantindo um pouco de ação, apenas nos minutos finais... O elenco está bem e convence... Cada uma das mulheres tem seu momento de solo correto e necessário, no entanto a Viola brilha mais uma vez na concepção de uma personagem complexa e enigmática... McQueen utilizando uma fotografia quase que monocromática,  nos brinda com uma sucessão de cenas num claro escuro quase que constante, a exceção de algumas poucas situações onde essa variação muda um pouco, isso, inteligentemente ajuda a narrativa em sua premissa de conflito e expectativa... Ponto para a acertada direção...Apoiado em coadjuvantes de luxo (todos homens: Robert Duvall, Colin Farrell e Liam Neelson)o brilho mesmo fica por conta das mulheres Viola, Michelle Rodriguez, Elisabeth Debicki, Carrie Coon, Cynthia Erivo (muito boa)...  Diversão de luxo, ainda tem tempo de nos fazer refletir a respeito de questões sociais e de gênero, um achado...  
Ficha Técnica:
As Viúvas
Direção: Steve McQueen
Com: Viola Davis, Michelle Rodrigues, Liam Neelson, Colin Farrel dentre outros...
Gênero: Suspense
Nacionalidade: Reino Unido, EUA


 

terça-feira, 30 de outubro de 2018

BOHEMIAN RHAPSODY certamente dividirá opiniões ... Antes de qualquer coisa é o filme do Rami Malek, que aliás também brilha em PAPILLON...
O Queen foi uma banda extraordinária que fez um sucesso extraordinário e seduziu milhões de fãs com seu rock eclético e a luz singular de Freddie Mercury, o que faz deste portanto, quase a sua biografia, alma incontestável do filme ...
Fotografei o show do Mercury no primeiro Rock in  Rio, um festival que jamais se repetirá, não com aquela constelação estrelar ... e o Queen fez história numa noite de chuva e lama... Ainda guarda na memória a cena singular do Mercury envolto na bandeira do Brasil regendo um coro de 270 mil pessoas no dia 11 de janeiro de 1985... ao som de Love Of my life... inesquecível ...
O filme, que conta com a participação irretocável do Malek no entanto talvez peca por ser uma narrativa muito normal ... Contando com um elenco equilibrado, uma fotografia pertinente e uma reconstituição de época regular, talvez lhe falte ousadia, a ousadia que Freddie Mercury usou e abusou (e como abusou ) no palco e fora dele ... Com holofotes centrados quase que unicamente  em Freddie, o filme nos brinda com grandes e inesquecíveis momentos, friso aqui, onde ele rouba completamente a cena...  Algumas curiosidades nos são reveladas, de forma sútil e econômica, na narrativa não há exageros  ... Bem acertada as cenas quase que veladas da vida íntima e promíscua que Freddy levava, pertinente e respeitosa, o que não torna ainda assim, uma narrativa chapa branca...
Gostei muito do que vi! É emocionante alguns trechos dos shows, a apresentação no Live Aid por exemplo, meses após o Rock in Rio é de uma beleza singular ...
Estão lá todos os sucessos, apresentações memoráveis , entrevistas polêmicas, a difícil relação com a família e a solidão ... Com essa linha de argumento o filme tenta traçar a trajetória de uma grande banda e seu vocalista, muito maior ...
São 135 minutos que passam rápido( e acho pouco) onde uma viagem no tempo para os fãs de carteirinha, que certamente umedecerão os olhos, será inevitável ...
Sai da sala voando pra casa pra ouvir tudo do Queen, num misto de alegria e tristeza pela falta que o Freddie nos faz ... E ele nos deixou tão jovem !!!
Ficha Técnica:
Direção : Bryan Singer
Elenco: Rami Malek, Mike Myers, LucyBoynton, Ben Hardy entre outros

Duração : 135minutos

quarta-feira, 10 de outubro de 2018

NASCE UMA ESTRELA ...


NASCE UMA ESTRELA chega a sua quarta versão ... Nas duas primeiras víamos um casal de atores vivendo o drama, onde o famoso descobre a estreias  em ascensão e s impulsiona vendo-a crescer à medida em que sucumbe só fracasso ... neste caso o cantor famoso que perde a batalha para o álcool e as drogas, nesta versão vivido pelo Bradley Cooper que atua e dirige com sabedoria e sensibilidade evitando o melodrama barato e de apelo fácil ... A versão parece concebida para Lady Gaga brilhar... Longe descer padrão de beleza e talento, Gaga não decepciona... Canta e atua de maneira equilibrada , compondo com o Cooper algumas das belas canções que embalam o calvário do casal, cuja história já sabemos...
Não vejo grande química ou uma paixão muito avassaladora dos dois ... Nao me passou uma força extraordinária esse amor é sim, uma relação de admiração mútua e sobretudo, cumplicidade, ainda que sem o esperado romantismo exacerbado... Sabiamente Cooper dosou bem as cenas e deu espaço suficiente para Gaga brilhar, inclusive quando a mostra sem os exageros de figurino e maquiagem tão comuns a meteórica carreira da cantora ... Vemos aqui uma Gaga de cara limpa, comedida e por vezes fotograficamente bem mais bela do que na realidade o é... A atualização da trama que , em  momento de Ápice na carreira da cantora  em ascensão chega a derrapar no lugar comum e mostrá-la como uma superstar padrão é exagerada, mas não o compromete como um todo, uma vez que sua performance e seu visível talento é maior que qualquer clichê ... Confesso que esperava mais, no entanto atuação de Cooper impressiona, dia direção nos mostra que tem futuro e ver Gaga de rosto lavado um achado( sem falar na bela e pertinente fotografia, a luz e seis tons são primorosas e pertinentes) bons e merecidos motivos pra ver o filme que vem causando alvoroço por onde passa e já firmando-se como potencial candidato a varias categorias na corrida rumo ao Oscar, aliás um prato feito para as indicações e premiações que a academia adora e já viraram clichê !
Ficha Técnica :
NASCE UMA ESTRELA
Direção :Bradley Cooper
Elenco : Bradley Cooper, Lady Gaga, Sam Elliott entre outros

quinta-feira, 4 de outubro de 2018



VENOM
Uma nova aposta da Marvel, VENOM não foge a regra, reza na cartilha do maniqueísmo, aposta num caprichado vilão e nas estrelas : Tom Hardy( que além de atuar também produz) e Michelle Willames, ambos excelentes e carismáticos atores.
Jornalista investiga trabalho de cientista que utiliza cobaias humanas em experimentos (simbiose)... Em meio a trilha de investigação, acaba ele mesmo vitima destes experimentos...  Certamente alguns amantes dos quadrinhos não verão com bons olhos as alterações que se transformaram no grande mote do roteiro e atribuem ao herói maior liberdade, afinal nos quadrinhos  Venom é antagonista do Homem Aranha... Mero detalhe.                                                                                        
Aqui a síntese não é muito diferente do que rege a cartilha das  grandes produções de franquias de super-herois.... Muito efeito, confrontos e destruição, e, agora a bola da vez: Uma pitada de humor, afinal, ninguém suportava mais tanta pancadaria... Neste caso em especifico, vejo um pouco exagero, o que certamente será amenizado na sua, já esperada continuação... Uma certa mistura( a ação e algumas loucuras do herói, ou anti-herói, se assim o queiram) compromete um pouco a narrativa.
Aviso aos navegantes: não saiam da sala antes do término dos créditos, uma surpresinha(nem tanto assim, afinal já virou lugar comum)os aguarda.
Ficha Técnica:
Direção: Ruben Fleischer
Elenco: Tom Hard, Michelle Willams, entre outros
País: Estados Unidos da América                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                            

terça-feira, 2 de outubro de 2018



PAPILLON

Tenho algumas restrições quanto aos remakers, a esmagadora maioria acaba por se tornar indispensável  por não acrescentar nada a obra original... Trinta e cinco anos depois eis que nos chega uma versão de PAPILLON (Borboleta em francês) , e que versão... Guardando as referencias essênciais e acrescentando foco numa abordagem diferenciada sem descaracteriza-lo, o filme é um primor... Bela fotografia, trilha pertinente(sem exageros dramáticos) e elenco impecável e carismático, que, com olhar mais profundo não ofusca mas chega bastante próximo de seu elenco original... A história do condenado injustamente, seu calvário num presidio desumano na Guiana Francesa  e sua fuga espetacular continua a encantar e emocionar... E  como emociona...
Com direção  competente do dinamarquês Michael Noer, que conta com Charlie Hunnam e Rami Malek, numa química de raro teor, um roteiro bem desenvolvido e uma clara opção por privilegiar a amizade e a lealdade, a  releitura pouco fica ao dever a original. Limando algumas cenas cômicas e dispensáveis, evitando maior destaque a símbolos religiosos e  centrando o foco na construção de uma relação onde a lealdade e amizade nascem de modo improvável, o filme cresce e emociona... A bela e pertinente fotografia dos créditos ao final é outro achado que nos prende atenção...
Rami Malek, num bom e iluminado momento   constrói um personagem com características próprias que não se distancia do personagem da versão original, nem tão pouco lhe rouba trejeitos batendo uma bola muito bacana com o Charlie Hunnam, que nos brinda com um Papillon de nuances encantadoras que absorve o drama e num evolutivo sofrimento e crescimento interior  chega ao final com bela e edificante mensagem, toda ela calcada em meio a significativos silêncios e postura ... Ao longo da narrativa as palavras perdem sentido e o silencio fala mais alto... Aqui a lei do menos vale mais se aplica com louvor!
Desnecessário aqui citar as alterações nas cenas finais e boa alternativa, ainda que já vista, medidas que não lhes tiram o mérito. A primeira versão de Papillon já deve ter nascido clássica e assim o continuará a ser, Noer nos oferece uma oportunidade (para aqueles que viram a primeira versão)  de ver a obra por um viés mais humanitário, realista e edificante!
Ficha Técnica:
Titulo: PAPILLON
Direção: Michael Noer
Elenco: Charlie Hunnam , Rami Malek  entre outros
Duração: 133m  


sexta-feira, 21 de setembro de 2018


UM PEQUENO FAVOR


Um Pequeno Favor é de fato pequeno... Com pretensão de ser grande... Ancorado num best seller, com elenco regular não consegue dizer a que veio... Ao menos na básica ideia: se propõe a ser uma diversão apenas? Se assim foi a proposta, consegue ser uma boa e fresca diversão, grande parte desse mérito pela presença da Anna Kendrick como Stephanie que rouba a cena com seu carisma e trapalhadas em série...
Stephanie e Emily são mães e amigas, um dia qualquer Emily pede um pequeno favor : Que Stephanie peque teu pequeno na escola... E some!
Impossível não lembrar de Garota Exemplar, este a Km luz... Não fosse uma certa dualidade entre uma escancarada veia cômica e um pé no thriller psicológico talvesse o filme fosse melhor resolvido... A atuação das duas atrizes vale o ingresso, em especial a Anna, que apesar das caras e bocas regulares, ainda assim consegue injetar um pouco de leveza e graça a película... Confesso que esperava mais, ou melhor, um belo e inesperado suspense com doses de surpresas e mudanças ao longo da ação... O que não ocorre... Ainda que nos apresente reviravoltas em série, nada é de tamanha novidade ou surpresa...
É uma boa e inofensiva diversão e vale p ingresso desde quando não lhe dedique maiores expectativas!
Ficha Técnica:
Direção: Paul Feig
Elenco: Anna Kendrick, Blake Lively, Henry Golding mais
Gêneros Policial, Suspense
Nacionalidade EUA
Já em Cartaz...

RICHARD BONA


Fui apresentado ao Bona por volta de 2004/5 e sua rica e melódica música me arrebatou, algo que me remete ao McFerrin, guardadas suas devidas características e evidentemente, extrema personalidade musical, dois grandes ícones da música... Eis que, numa iniciativa mais que nobre e grandiosa a Ambah o traz a Salvador para uma noite inesquecível!
Ironicamente, o show foi aberto com Bonatology, do CD Munia, minha preferida, ou seja, a noite prometia e cumpriu a risca Um primor.
Produção bem cuidada, cenário econômico, mas exemplar, luz pertinente de Irma Vidal e músicos que prezavam pela virtuose, Bona cantou e encantou a todos. Com uma platéia ávida e participativa, composta de muitos músicos, estava pronto o cenário para uma noite que prometia arrebatar corações e ouvidos mais exigentes... E arrebatou...
De generosidade singular, Bona interagiu, conversando e brincando ao longo do show... estava íntimo de uma Bahia que o recebeu de braços abertos...
Foi decididamente um belo e iluminado show onde seus maiores sucessos ainda abriram espaço para versões belíssimas de pérolas da MPB, numa demonstração de apreço e generosidade.
Grande iniciativa da Ambah, este show ficará na memória de todos aqueles que vibraram e se encantaram com uma virtuose musical, uma mostra latente de um fazer musical talentoso e amoroso... Um primor para nosso ouvidos tão cansados desta enxurrada musical duvidosa!
Bravo a todos os envolvidos na produção, em especial a #TicianaMonte! Obrigado pela oportunidade de fazer um registro fotográfico tão rico e importante na minha trajetória de registros musicais!

sexta-feira, 31 de agosto de 2018


FERRUGEM

O trabalho do Aly Muritiba em sua curta e promissora carreira é, de longe, de muita personalidade, um cineasta que como poucos,  sabe imprimir sua marca e em constante evolução de suas narrativas nos brinda agora com uma pequena pérola em forma de película: FERRUGEM, uma obra densa, sem chegar aos extremos do dramático, pertinente sem ser didática e oportuna sem ser apelativa.  Partindo do universo jovem e sua relação com as redes sociais nos narra o universo de um grupo de adolescentes, onde o buillyimg virtual é mote para as traumáticas e fatais consequências... Para resumir: Garota tem um vídeo intimo publicado em grupo na escola e sua vida vira de ponta a cabeça...
A narrativa é dividida em duas partes que podemos resumi-las em : Causa e consequência...
Com um roteiro bem costurado, uma fotografia caprichada,  e um som pertinente, vemos na primeira parte um pouco do que é o universo dos jovens hoje, de forma resumida este universo  é narrado quase que exclusivamente sem a presença de adultos, a exceção do professor da escola que muito pouco acrescenta a não ser sua presença física e omissa... Com um elenco regular, talvez um dos pontos que deixa a desejar na película, este universo é traçado de forma equilibrada, aqui vemos algumas amigas da Tati(Tiffanny Dopke, em atuação tímida, talvez o drama vivido pelo personagem pedisse uma atuação mais visceral, o que aqui não acontece) em atuações equilibradas e ausência total de sua família... Na verdade talvez o foco propositadamente fosse esse: Tati e seu calvário...
Nesta primeira parte que nos parece morna e sem maiores acontecimentos num vai e vem de manuseio de celulares, somos surpreendidos  pelo vazamento do vídeo, aí o filme cresce e toma as proporções não esperadas... Não convém aqui tecer outros comentários a respeito da história...
Pertinente e atual, a abordagem de Muritiba é leve, mas nem por isso deixa de ser visceral. As cenas são bem construídas (principalmente na segunda parte, onde uma fotografia bem cuidada em meio a um elaborado  trabalho de composição em cumplicidade com detalhes e mensagens subliminares envolvendo locais e clima numa jogada certeira que pontua a ação a medida que vai  gerado e sutilmente  dando pistas para os mais atentos... Enquanto a primeira parte nos mostra um universo jovial, colorido, ensolarado, a segunda nos remete a um clima mais taciturno, sombrio. Um dos maiores acertos do filme. Numa cena emblemática vemos a discussão morna e tímida de um casal dentro de um carro em meio a uma incessante chuva vista num  vidro  embassado... A medida que a discussão evolui  a chuva cessa, o vidro vai retomando uma translucidez necessária... o momento de acordar.
A abordagem que nos mostra o ato e suas consequências não aponta inocentes e culpados, apenas na leveza de atuações sem atitudes extremadas nos traça um painel sem maiores ponderações ou maniqueísmos corriqueiros... Gosto da discussão do juízo  de valores e confronto entre as atitudes dos pais do garoto, Renet, aqui vivido sem maior intensidade ou carga dramática que talvez a situação requer, apesar de seus momentos, silêncios e olhares preciosos e necessários em meio ao tormento e conflito da culpa... O que não ocorre com a família de Tati, principalmente na única cena que vemos a mãe, talvez o momento pedisse uma maior arco dramático... Detalhes que não comprometem nem deixa, por isso, a obra menor... O trabalho do Muritiba desponta como uma das melhores e mais criativos do cinema nacional este ano, é claro que temos obras outras de igual valor, no entanto a necessária e pertinente abordagem em época de fake News, nudes e vazamentos de vídeos e imagens o torna maior e necessário, ainda que sem maiores estardalhaços ou roteiros rebuscados e ações extremas... Numa jogada de mestre e com sensibilidade exemplar,  Muritiba  mestre na hora de apresentar o que deve ou não ser mostrado ou falado, faz como poucos, uso do silencio que em situações pontuais  fala muito mais que uma enxurrada de palavras... Um preciosismo que merece ser destacado.
Chamou-me atenção o cuidado com os cenários, os elementos de cena, algo que vi semelhante em BENZINHO, outro grande filme... Nota-se que houve preocupação com essa construção e, sobretudo,  pertinência com o momento e a situação vivida pelos personagens e não uma tentativa de glamourizar essa ou aquela cena gratuitamente. Esses cuidados aliados a uma direção firme  e criatividade na abordagem fazem de Muritiba um talento a se olhar com mais atenção, em meio a um salto em sua promissora carreira vemos surgir um sopro de vida e inovação no cenário atual do cinema nacional, um alento em meio a tentativas vãs de reinvenção da roda ou roteiros pobres e previsíveis... Premiado em gramado, e com louvor, num ano de grandes  produções e disputa apertada por conta da qualidade das obras ali apresentadas, FERRUGEM agora parte para conquistas outras, e de olho na indicação numa vaga a disputa pelo Oscar de filme estrangeiro tem estreia num momento mais que oportuno depois de uma longa caminhada em vários festivais.
Ficha Técnica:
Titulo: FERRUGEM
Direção: Aly Muritida
Elenco: Enrique Diaz, Tifanny Dopke, Giovanni de Lorenzi, Clarissa Kiste entre outros

quarta-feira, 29 de agosto de 2018


O BANQUETE
Novo trabalho da competente diretora Daniela Thomas é um daqueles sopros  de novidade no cinema nacional. Quase que um teatro filmado, o filme é uma delícia de raro valor. Partindo de um simples, mas caloroso e emblemáticvo jantar entre amigos para comemoração de 10 anos de casamento de um casal, em meio a discussões e citações sociais e politicas, o clima esquenta e muitas revelações vem a tona... Confesso que fiquei meio preocupado, afinal depois do soberbo A FESTA, que ainda se encontra em cartaz, ver algo que lhe remetia em premissa e objetivo me parecia mais do mesmo, ou quem sabe inspiração menor... Me enganei, seguindo a linha destes encontros nem sempre amigaveis, apesar de entre amigos, O BANQUETE é um tanto mais ácido, ousado e diria até contempla temas outros que não relação dos amigos entre si...
Contando com um elenco de feras, dentre eles Drica moraes, Mariana Lima, Caco Ciocler e Chay Suede.  Drica Moraes rouba a cena numa de suas atuações mais viscerais  e bate uma bolinha bacana com Mariana Lima que atua no mesmo padrão  e um Chay Suede contido, com poucas falas mas que esbanja talento, dispensando palavras e expressando-se  em furtivos olhares, um primor. Numa bela e caprichada mesa o poder e o erotismo são colocados em xeque ... Descobertas e revelações são a tônica do cardápio em uma composição que beira o naturalismo... Embalados pelo alcool e por vezes pela indignação  a lingua é solta a mercê da revolta e da indignação de cada um... As vêzes temos a sensação que o elenco de fato bebe e passando da conta empresta postura aos personagens que  nos parecem de fato reais e não mera representação... Apesar de todo rodado num unico cenario e tendo a mesa como base, em nenhum momento nos parece cansativo, os ccloses e os detalhes sabiamente mostrados a exaustão são o grande mérito do filme. Com vasta experiência no teatro Daniela nos parece homenagear e nos brindar com um grande espetáculo cênico sabiamente filmado!
Ficha Tecnica:
O Banquete
Daniela Thomas
Com: Drica Moraes, Chay Suede, Caco Ciocler, Mariana Lima  entre outros
Brasil/2018 

quarta-feira, 8 de agosto de 2018



O PROTETOR 2

Depois do premiado DIA DE TREINAMENTO, Denzel Washington investiu numa série de filmes de ação, onde o puro entretenimento e a porrada correndo solta era a tônica ... Agora nos chega essa continuação do Protetor, que em meio a muita participação de peso, muita expectativa, nos brinda com uma história previsível onde os sinais ficam visíveis para os próximos passos e acontecimentos ... Resultado: não chega a ficar ruim mas muito lento ... as vezes confuso com as idas e vindas da ação em núcleos em localidades diferentes ... Em síntese: Motorista bonzinho e herói anônimo desanimado da vida e cheio de recordações, McCall não economiza porrada e na primeira metade da narrativa parece até emplacar, mas o roteiro não ajuda e o que poderia evoluir apenas segue rumo a um desfecho previsível . Com um protagonista de luxo, PROTETOR não passa de uma diversão com alguns momentos de impacto, uma tentativa de passar mensagem social e humanista e muita ação e ló porrada protagonizado por um ator talentoso e de extremo carisma que acaba sub aproveitado e por conta de um roteiro fraco... Uma pena...
Ficha Técnica:
Direção : Antoine Fuqua
Elenco: Denzel Washington Ashton Sanders, Bill Pullman, entre outros
Pais: EUA

quarta-feira, 1 de agosto de 2018




A ILHA DOS CACHORROS

Como grandeza  de  personalidade, impregnada em todos os seus trabalhos, WES ANDERSON, é um dos diretores  contemporâneos que fazem a linha do ou se  ama ou se odeia ... Seus trabalhos são viscerais o suficiente para que o veredito final beire os extremos...  Depois do bem sucedido e acolhido O Fantástico Sr. Raposo, ele nos brinda com uma pérola chamada A ILHA DOS CACHORROS, na minha humilde opinião, seu melhor trabalho... E boas razões para isso não lhe faltam... O roteiro é simples e ao mesmo tempo complexo: Uma ilha usada como deposito de lixo passa a ser o lar dos cachorros de uma fictícia cidade, em decreto assinado pelo prefeito. Na verdade os cães são confinados nesta ilha, supostamente por serem causadores de grandes riscos a saúde da população...  Em meio a essa premissa o jovem Akira, parte para a ilha em busca de seu cãozinho de estimação... A jornada dele e o quinteto de simpáticos cães em busca de Spot(seu cão) é de uma beleza e um encantamento singular... Animação em stop motion, ILHA conta com cenários impecáveis, trilha suntuosa e dubladores de luxo, sim, um time de estrelas reunidos num único projeto com direito a pontas de grandeza... Um primor...
Fica claro que ao abordar o universo Japonês bebeu um pouco na fonte de Kurosawa,  Miyazaki, o que aqui pode-se ler como homenagem,  e que belas homenagens!
É claro que o conteúdo que nos é apresentado não se prende necessariamente a pequena história acima resumida, mas guarda em sua nuances abordagem politicas e existenciais que sutilmente através da história de uma realidade canina ali apresentada traça claro paralelo com uma realidade dura e marcante : os campos de concentrações dos judeus... Não há como não perceber e em cada nuance, cada detalhe traçar um paralelo entre duas realidades distintas e ao mesmo tempo tão próximas... Certamente  está longe de ser uma unanimidade, nem tão pouco bilheteria arrasa quarteirão, aliás, muito provavelmente será exibido em circuitos de arte, onde certamente encontrará seu público alvo, o que não lhe isenta  de se fazer presente no circuitão comercial em forma de biscoito fino para não iniciados...
Atenção especial merece o trabalho de voz, onde brilham Bryan Cranston e Scarllet Johansson, isso sem falar na ponta de luxo da Tilda Swinton, irretocável...  Com estrelas de grandeza como: Edward Norton, Bob Baladan, Bill Murray, Harvey Keitel,  Frances McDormand, Jeff Goldblum. Kem Watanabe e Liev Schreiber, o produto final não poderia ser diferente, um verdadeiro encantamento!
Estréia: 02.08.2018


domingo, 29 de julho de 2018





MISSÃO IMPOSSÍVEL - Fallout


... E Tom Cruise ainda se acha um menininho a ficar pulando de prédio em prédio, se envolvendo em pegas frenéticos e salvando o mundo das maldições mais inusitadas ... 
Pois é, apesar de ser mais do mesmo, MISSÃO ainda tem fôlego e aposta em mais um episódio em busca da sedimentação de uma franquia que, se não tem o charme e a sedução de um 007, ao menos tem o apelo comercial do Tom Cruise... Diversão de luxo, com cenas bem dirigidas, uma Paris sempre exuberante, trilha eletrizante e lutas bem coreografadas, a cada episódio torna-se mais surreal e, pra fazer coro, IMPOSSÍVEL ! Existe algo mais prazeroso que uma mentira bem contada ? Pois é... ainda que pautado num roteiro repetido à exaustão ( a humanidade em perigo) a fórmula ainda se mostra eficaz... Mesmo desprovida de criatividade e inovação aposta no mais do mesmo, a velha zona de conforto e vai faturando os milhões ao redor do mundo ... Simples assim... 
O elenco beira o mediano, vê-se aqui neste episódio uma Angela Bassett, meio sumida das telas ...
Costurando situações de episódios anteriores, o roteiro, ainda que desprovido de grandes inovações, dá um certo frescor a um Cruise beirando os sessentinha, mas provando que ainda se encontra em forma e dando um sangue danado, de fazer inveja a muito garotinho descolado ... Firmando-se como um dos melhores episódios da serie, este Missão é diversão garantida ... De luxo e de ação frenética ... As sequências de perseguição se superam e em meio a muito bla bla bla, mostram porque em se tratando de entretenimento, nada como muita perseguição, explosões, choques no transito... principalmente se tudo isso é emoldurado na cidade Luz... Luxo dobrado !!! 
Ficha Técnica:


Direção : Christopher Mcquarri
Elenco: Tom Cruise, Alec Baldwin, Angela Bassett entre outros
Roteiro : Bruce Geller
Gênero : Aventura/ Ação
Pais de Origem: EUA

quarta-feira, 18 de julho de 2018






O histórico bairro do Santo Antônio Além do Carmo recebe no próximo dia 20 de julho, a partir das 19h30, na Ladeira do Boqueirão, a inauguração do ME Ateliê da Fotografia.
Sob os cuidados do fotógrafo e artista plástico Mário Edson, o ateliê - abrigado numa casa secular do ano 1908, é composta por três galerias e uma varanda que, num ato de valorização da arte e do artista, foram batizados com os nomes de Frans Krajcberg (Galeria 1), Tati Moreno (Galeria 2), Ariano Suassuna (Galeria 3) e Frida Khalo(Varanda).




Com evento de abertura para artistas, imprensa, amigos e convidados, o espaço tem sua inauguração marcada pelo lançamento da exposição REvir – Moradas da Alma, uma mostra fotográfica composta por 20 imagens (60x90cm) em P&B ou manipuladas com interferência de cores e emolduradas em tamanhos diversos.

O objetivo do conjunto de imagens foi rever os corpos por um viés moderno e, através desta leitura, pontuar semelhanças imutáveis que acompanham a humanidade, sempre resguardando as características especificas de cada época, mas mantendo a essência que originalmente as pontua.

“A beleza dos corpos, sejam eles de atletas, musas guerreiros ou anjos, sempre é uma recorrência na história da arte. A beleza de Afrodite, os mais celebrados modelos de beleza masculina no mundo Grego: o Doriforo (lanceiro) do escultor Policleto e o Discóbolo (arremessador de discos) de Miron; a imponência e perfeição de formas de Davi, do soberbo Michelangelo, assim como a dor da Pietá – estas no universo italiano, nos deleitam os olhos e nos alimentam a alma”, destaca Mário Edson, numa delicada explanação sobre suas sensações e inspirações para concepção da obra.

Baseado em um estudo aprofundado do belo, do perfeito e do harmônico, o mote da mostra foi elencado e refeito através da inspiração despertada pelos sentidos.

Depois de vasta pesquisa, do universo e das obras de grandes talentos da escultura e pintura, algumas inspirações foram listadas e revistas através de imagens concebidas pelos fotógrafos, só que agora com a presença de modelos vivos.

Aberta à visitação de segunda a sexta-feira, a mostra REvir teve entre seus modelos, as atrizes Jussara Mathias e Thais Mello, os atores Marcos Barreto e Luiz Antônio Jr, além de modelos e dançarinos, totalizando 12 nomes em seu trabalho final.

Com abordagem filosófica de Saja, abordagem crítica poética de Viga Gordilho, abordagem cênica de Gil Vicente Tavares e concepção e apresentação do fotógrafo Mário Edson, a mostra fica em exposição até o dia 20 de setembro, com entrada gratuita.

“Nossa expectativa é estimular a arte e trazer para o ME Ateliê da Fotografia, a mostra de artistas consagrados e o frescor de novos nomes das artes plásticas e fotografia, numa constante transmissão de novos saberes, experiências e sensações. Com curadoria aberta, a galeria tem a função de ser um espaço nosso, onde nos sintamos em casa e sejamos sempre bem-vindos”, conclui Mario.

Serviço


Inauguração do ME Ateliê da Fotografia e Lançamento da Mostra Revir
20 de julho de 2018.
A partir das 20h.
Ladeira do Boqueirão, n. 6 | Santo Antônio Além do Carmo
Coquetel para convidados | Exposição aberta ao público.
Na imagem abaixo:
Thaís Melo & Marcos Barretto

quinta-feira, 21 de junho de 2018



JURASSIC  WORLD

Sequência do  JURASSIC WORLD de 2015 se não impressiona ou surpreende, ao menos não decepciona... Confesso que o Spielberg na produção me ajudou um pouco a encarar... Num  tremendo esforço para oferecer algo palatável, em meio as continuações anteriores os roteiristas lançaram mão de erupção vulcânica,  comercialização de animais e concepção de nova espécie em laboratório... Bem, com um coquetel deste bem amarrado há de se conceber ao menos algo interessante... E foi feito...  estão lá todos os efeitos de última geração, o vilão cruel, o sujeito bem intencionado e, sim, como faltar, a criancinha, figurinha repetida nos trabalhos de Spielberg  que dá um toque de humanização... Convenhamos, fica até bacaninha, mas cheira a obra requentada, como de fato é o carma de todas as franquias que ao não ter mais o que contar se propõe a contar “níquel”, perdão ... caçar níquel...  A película tem no elenco o carismático Chris Pratt,  James Cromwell, correto... 
O roteiro centra a ação no santuário de dinos, ameaçado pelo capitalista Mills que tenciona trazer os animais para comercialização entre traficantes e criminosos... O casal se junta a criança çara salvar os bichinhos e devolve-los ao santuário evitando assim a extinção.
É um filme ágil, que na primeira meia hora soa um pouco lento e explicativo, mas na segunda hora recria todo o clima de ação e embate entre os bichinhos e os humanos de maneira  equilibrada e, a exceção de cenas repetidas, consegue manter o equilíbrio e  causar certa tensão.
Ficha Tecnica
JURASSIC PARK: Fallen Kingdom
2018
Direção:  J.A. Bayona
Gênero: Ação
Elenco: Chris Pratt, Bryce Dallas Howard, Geraldine Chaplin, Jeff Goldblum  dentre outros
Produção: Frank Marshall, Patrick Crowley e Belem Atienza


DESOBEDIÊNCIA

O roteiro é um primor...  A história da mulher que perde o pai, rabino uma comunidade judaica, retorna a cidade e com este retorno resgata relação com amigos, parentes, comunidade e com uma velha amiga. A relação com esta ultima vai além de uma amizade e mexe com os valores e crenças,  estremece as relações familiares e causa a desobediência .
O diretor chileno Sebastian Lelio já nos deu o excelente MULHER FANTÁSTICA, volta desta vez dirigindo (sua estreia na língua inglesa, com louvor!) as ótimas e irretocáveis Rachel Weisz (Que também produz o filme)  e Rachel  McAdams, uma dupla de excelentes atrizes que compõem personagens contidas e sofridas, de poucas palavras e muito sofrimento...  A fotografa  Ronit(Weisz)  rouba algumas das cenas  e em meio a um cenário praticamente monocromático  embalado por uma trilha forte e marcante  nos brinda com momentos de tenção e dor de uma verdade pouco vista no cinema...  Já a contida e recatada Esti, cresce e desabrocha ... As duas protagonizam as mais belas e sensuais cenas entre duas mulheres já vista no cinema... A beleza e a sensibilidade que a direção consegue construir nos momentos de maior tensão e sensualidade entram desde já para a história do soft erotismo,  um primor...
O filme começa nos falando de livre arbítrio, discurso inflamado do rabino um pouco antes da morte, e é nessa premissa que a história evolui  e  nos leva a questionamentos diversos.  É  bacana ver temas tão pertinentes e necessários serem abordados com equilíbrio e sensibilidade: Conservadorismo, padrões impostos por uma religião exacerbadamente limitadora e castradora de desejos...
A chegada de Ronit incomoda tudo e todos. A ovelha negra da família que até conseguiam esconder se mostra e se impõe, ainda que timidamente...  A direção do Lelio prima pelos detalhes,  as vezes sugeridos, as vezes insinuados...  Longe de qualquer ação explicita ele prima pela delicadeza dos atos, dos olhares, dos toques, das poucas mas,  incisivas palavras...  A proposta que nos traz é de discussão acima de tudo, de questionamento enquanto  se aprofunda sem julgamento de questões arraigadas de um judaísmo ortodoxo e suas tradições...
O filme nos envolve numa tensão ilimitada, nos leva a um universo distante e inimaginável, no entanto real... São estas as questões que o fazem mais belo, maior, mais sutil e leve, apesar da dor... São tantos os questionamentos,  e todos eles acabam por se resumir na tal mensagem inicial! Um primor! Um dos maiores e melhores filmes deste ano, acreditem!
Ficha Técnica:
Direção: Sebastián Lélio
Elenco: Rachel Weisz, Rachael McAdams, Alessandro Nivola
País de Produção: Irlanda/Reino Unido/EUA

domingo, 10 de junho de 2018




         OITO MULHERES E UM SEGREDO


Versão feminina das cultuadas versões de 11 HOMENS E UM SEGREDO, alterou o numeral e a fórmula...

A premissa de 11 Homens... é o grande e bem orquestrado assalto, o grande pulo do gato que se solidifica com a junção de talentos diversos em prol do sucesso do golpe... Aqui os meliantes são de grife, possuem know how apurado, formação erudita e muita, muita classe... Já nesta versão, bem não são tão surpreendentes assim...
Pois bem, a versão feminina, que tinha todos os pre e pós requisitos para emplacar, nada, nada e morre na praia... Contando com elenco estrelar de luxo, pouco visto em outras produções, infelizmente não teve o roteiro que o consagraria... Capenga e morno, o roteiro, ainda que com boas e antológicas composições, não conseguiu decolar e fazer frente aos mocinhos...


Sandra Bullock, Cate Blanchett, Anne Hathaway e Helena Bonham Carter ( aqui mais uma vez fazendo o papel de... Helena Bonham Carter ) se esforçam mas a narrativa não ajuda, a premissa poderia ter sido até das melhores, as intenções ainda maiores, no entanto o diretor Gary Ross, bem intencionado até que tenta, mas o roteiro lhe foi ingrato... Faltou-lhe um clímax, uma sucessão de surpresas e criatividade no desenvolver da trama que poderia ser mais dinâmica e articulada... A sensação que nos fica é de frustração... Previsível desde as primeiras cenas, o elenco estrelar não consegue amenizar, perdendo assim uma boa e garantida oportunidade de mostrar a força do poder feminino, em tempos politicamente correntos, tão explorados a exaustão, diga-se de passagem, em situações nem sempre pertinentes...

A presidiária vivida por Sandra Bullock, aqui bela e esforçada, reúne um elenco de picaretas e espertas parceiras em suas especialidades objetivando o grande roubo que lhes dará uma guinada na vida... Ate aí nenhuma novidade... Esperava-se portanto, maior agilidade, criatividade e, sobretudo inovação, o que não acontece tamanha a previsibilidade... Em meio a um desfile de marcas e um universo fashion de matar de inveja produções de mulherzinha articulada, o que deve ter garantido boa parte do orçamento da película, e uma trilha sonora mediana, 8 MULHERES não decepciona, mas no entanto não surpreende ou arrebata... Salvo pelas atuações sempre corretas do trio absoluto (Sandra Bullock, Cate Blanchett e Anne Hathaway), motivo mais que coerente para assisti-lo é apenas um bom entretenimento de luxo, prejudicado por um roteiro morno e previsível... no entanto, necessário aqui reforçar, entretenimento de luxo!
Ficha Técnica:
Oito Mulheres e Um Segredo (Ocean’s Eight) – EUA, 2018
Direção: Gary Ross
Roteiro: Gary Ross, Olivia Milch
Elenco: Sandra Bullock, Cate Blanchett, Anne Hathaway, Helena Bonham Carter, Rihanna, Sarah Paulson, Mindy Kaling, Awkwafina, Dakota Fanning, Richard Armitage, James Corden
Duração:
120 min.





quinta-feira, 31 de maio de 2018




PARAÍSO PERDIDO, um grande e poético trabalho de Monique Gardenberg, elenco de feras, trilha sonora recheada de clássicos da MPB da décadas de 70/80, um primor...
Geralmente grande junção de talentos numa mesma película acaba por nos decepcionar, aqui no entanto a Monique reúne uma constelação de grandes talentos e não decepciona, muito pelo contrario acaba nos dando até mesmo revelações, como é o caso do Carrão, que na zona de conforto da tv nos oferece personagens apáticos e certinhos, aqui no entanto dá um salto e faz um belo e instigante trabalho, numa composição de personagem que beira o marginal e o poético numa atuação exemplar...
Marjorie Estiano que não é mais surpresa, nos brinda com mais um grande e bem elaborado personagem, aliás vem se firmando como uma das grandes atrizes de sua geração. A presença do Erasmo Carlos, que não é grande destaque, lança luz nas belas canções e suas letras instigantes e acaba por dourar um pouco o clima nostálgico....
É um daqueles filmes que mexem com a gente do inicio ao fim... Alguns vão achar o roteiro complicado, como alguns comentários que ouvi ao sair da sala, no entanto, é um grande e bem costurado roteiro, que nos força a ficar atento aos detalhes e a evolução dinâmica da história, que em alguns flash-backs nos traça um painel de um histórico familiar incomum. Por todos os ricos detalhes, principalmente o cenário em tons vermelhos(em alguns momentos nos faz lembrar Red Vevelt), o belo e poético trabalho de Monique acaba nos ofertando um daqueles trabalhos que ou se ama ou se odeia... Não há espaço para meio termo ... Um exercício, uma reflexão mais que necessária, obrigatória ...
Em meio a atuações viscerais, um grande roteiro e trilha emocionante, temos um dos melhores, senão o melhor filme nacional deste ano!

quinta-feira, 12 de abril de 2018



AOS TEUS OLHOS
A maior parte das cenas de AOS TEUS OLHOS talvez se passe numa piscina olímpica, mas sua profundidade talvez não alcance um pires...  O trabalho de Carolina Jabor nos leva ao calvário vivido pelo professor de natação Rubens, magistralmente vivido por Daniel de Oliveira( o melhor do filme) ao ser acusado por uma mãe de aluno de tê-lo abusado...  O roteiro foca neste embate e nos mostra as várias faces do referido professor, que num jogo bem articulado nos surpreende com sua postura amável e admirada enquanto ministra aulas e sua postura machista e sexualizada em um ou outro papo com colegas do clube... Usando das facilidades digitais, tema atual e pertinente de discussão, a mãe do garoto com um simples click expõe a situação e logo a pacata, até então,  vida do professor vira de ponta a cabeça...  Passando longe da esfera da pedofilia, fica claro não ser este o objetivo da narrativa, ela centra-se na facilidade como se lança uma calunia na rede, as várias visões de consequência que este lançamento traz e,  sobretudo, a postura de cada uma dessas pessoas frente a um fato não averiguado, ou investigado, tornando então esta, uma narrativa superficial demais para o que o tema requer... Talvez  seja este um ponto de vista, assim como o são vários os pontos de vista ali abordados desde os pais,  da criança (apenas postura), do colega do professor até o  delegado...  Temos aqui uma construção de personagem digna de elogio do Daniel de Oliveira que, basicamente carrega o filme nas costas em contraponto a alguns personagens que soam bem caricatos... Tome-se o exemplo da Luisa Arraes que, apesar de ser uma atriz acima da média não decola com sua namoradinha destrambelhada, apesar de que dentro do contexto, é uma das poucas que toma uma atitude, que se posiciona com paixão...  Marco Ricca, outro grande ator constrói um pai apático e sem iniciativa, já  Malu Galli por vezes soa indiferente e em meio a gravidade da situação em momento algum desce do muro, correndo risco de levar pedrada dos dois lados... Uma pena, em se tratando de uma grande atriz... A fotografia e concepção de cena são primorosas, muita água e muito espelho ( talvez  advindos da dualidade do personagem) que em sintonia com uma trilha bem elaborada e instigante equilibram com unidade... Não fosse essa falta de profundidade teríamos ai um grande filme, que como já disse, nos coloca de frente com um tema pertinente e urgente :  A facilidade como realidades são criadas nas redes sociais e o quanto estas influenciam e norteiam as vidas ali envolvidas, sejam para incriminar, promover pré-julgamento e até mesmo plantar falsas verdades e que ali repetidas a exaustão ganham ares de verdades sensacionalistas...
Ficha Técnica:

Duração: 1h 30min
Direção: Carolina Jabor
Elenco: Daniel de Oliveira, Malu Galli, Marco Ricca. Luisa Arraes
Gênero:  Drama
Nacionalidade: Brasil




BASEADO EM FATOS REAIS

A película não causou o furor de costume, ao menos como Polanski é acostumado... E, diga-se de passagem, no meu ponto de vista, não passa de um Louca Obsessão piorado, aliás, este sim, um grande e contagiante filme...
Aqui Polannski conta com uma excelente atriz, Eva Green, e nem mesmo ela consegue fazer o grande milagre e o filme simplesmente não decola... A história da fixação da fã pela escritora de best-sellers que em pouco tempo e a partir de um contato  uma noite de autógrafos, invade sua casa, começa a se vestir como ela, apodera-se da senha de seu computador e por ai vai...  Baseado no romance da escritora francesa Delphine de Vigan, se a intenção(não muito clara) foi nos brindar com um thriller, a ideia não prosperou e nos vai e vem entre thriller e abordagens do universo literário e e sua s nuances, também não convenceu. Há boas cenas de um ou outro impacto e insinuações diversas de uma possível reviravolta, mas nada que isso...A primeira hora vemos um filme morno, onde o dia a dia da escritora é lentamente invadido pela admiradora, já na segunda e ultima parte ele ate ensaio um vôo mais alto mas não chega a decolar... Emmanuelle Seigner, eterna musa e mulher do diretor faz o dever de casa sem maiores esforços, inclusive sem a exuberância de sempre, já nos ofereceu concepção de personagens mais bem elaborados... Ao término do filme fica-nos uma sensação de obra inacabada e uma serie de conjecturas de como poderia ter sido bem construída caso o rumo fosse outreo, ou quem sabe bem determinado e não centrado num dilema, como fica evidenciado, daquele que já nos brindou com grandes e instigantes obras...
Ficha Técnica:

Título original: D’après une histoire vraie
Título em inglês: Based on a True Story
Nacionalidade: França
Gêneros: Drama, Suspense
Ano de produção: 2017
Direção: Roman Polanski
Roteiro: Roman Polanski, Olivier Assayas, Delphine de Vigan


domingo, 8 de abril de 2018



UM LUGAR SILENCIOSO

Em meio a tanta tecnologia e edições de som pra lá de barulhentas e potentes, eis que nos surge essa ode ao silencio chamada UM LUGAR SILENCIOSO, longa de John Krasinski que além de dirigir assina roteiro e atua... A síntese da história é simples, mas nem por isso menor. Um dos achados da atualidade o roteiro é um primor: Em um lugar qualquer, sobreviventes resistem a ataques de criaturas que atraídas pelo barulho as dizimam sem piedade... centrada numa família( pai, mãe e três filhos) a narrativa nos faz mergulhar no universo criado por um pai cuidadoso e uma mãe zelosa e exemplar e seus dias frente a este desafio que é sobreviver no silencio... Suspense dos melhores, poucas vezes o som foi tão protagonista como nesta história, onde, o silencio poderia reinar absoluto. Com fotografia primorosa e atuações irretocáveis, incluo ai as crianças, a direção de krasinski dá um show, assim como Emily Blunt, na vida real casada com o diretor, fator que de certa forma deve ter alimentado e tornado ainda maios crível o núcleo familiar mostrado aqui... Nos dois terços do filme vemos o dia a dia da família e sua rotina silenciosa e amedrontada em meio a soluções adotadas pelo genitor para conviver com as criaturas mergulhadas num silencio perturbador.. Por uma boa parte sofremos com eles das supostas aparições e situações limites, mas sem em momento algum visualiza-las, maior mérito do filme que ate este momento centra-se nos pequenos detalhes de cada cena, e no olhar de pavor de seus protagonistas numa sucessão de situações onde tudo é insinuado e nunca explicitamente revelado, um jogo criativo e emocionante... Difícil passar ileso pelos cortes abruptos e os momentos de tensão e pavor vividos pela família em meio a rigidez de uma postura para manter distantes os monstros. Até aqui temos uma verdadeira aula de criação e inovação a um suspense perturbador, no entanto, na meia hora final, percebe-se uma tentativa de maior aproximação com a obviedade do suspense fácil e apelativo, neste momento o filme se apequena e se rende aos velhos e manjados efeitos, com a aparição quase que em tempo integral das criaturas, o que torna inevitável uma ou outra comparação com um punhado de filmes do gênero, o que não tira seu mérito, no entanto não deixa de comprometê-lo... Fica a sensação de que, tal alteração se deu em nome de uma busca por atrair uma parcelo de público que ainda embarca num suspense óbvio, de imagens previsíveis e batidas... Uma pena, sua conclusão poderia fazê-lo entrar no seleto grupo de grandes e inspiradores filmes de suspense(Quem não lembra do espetacular OS OUTROS?). Preste atenção na atuação fenomenal do garotinho Noah Jupe, que foi extraordinário( com perdão do trocadilho) no EXTRAORDINARIO e Millicent Simmonds, uma atriz surda que o diretor não abriu mão de ter no elenco... Realmente um achado. As atuações são corretas e irretocáveis em momentos de maior tensão, Emily Blunt está bem e compõe uma mãe leõa exemplar, depois de A GAROTA NO TREM, que não foi de todo um consenso... Já Krasinski compõe um paizão cuidadoso e dedicado que em meio a cumplicidade com a cara metade de verdade faz mais crível este núcleo familiar. Um dos grandes lançamentos de suspense do ano, dificilmente há de encontrar tamanha originalidade e criatividade em películas que possam aparecer.

Ficha Técnica:

Direção: John Krasinski

Elenco: John Krasinski, Emily Blunt, Millicent Simmonds, Noah Jupe

Gêneros Suspense, Terror

Nacionalidade EUA

quarta-feira, 14 de março de 2018


MARIA MADALENA
Maria Madalena foi usada por Gregório Magno, no século VI para demonstrar que o arrependimento era condição para remissão dos pecados, para isso denominou-a como a prostituta arrependida...  Essa lenda corre séculos...
Eis que nos chega as telas, e livro, agora, uma versão bela, humana e sobretudo isenta de qualquer condição de se impor ou levantar bandeiras...
Protagonizado por Rooney Mara(não poderia haver melhor acerto) , o filme narra  a história deste incógnita que já passou por varias leituras, na literatura, nas artes plástica e sobretudo na liturgia da igreja...  O filme,  no entanto,  não se propõe a questionar nenhuma das possibilidades, ainda que se aproxime da versão oficial da seguidora de Jesus,  mostra-se como um relato humanista de rara beleza...
Aqui vemos a história de uma mulher forte que, como os apóstolos, abre mão da situação  cômoda e convívio no seio familiar para seguir Jesus Cristo e propagar sua doutrina. Em meio a muitas especulações Maria Madalena foi taxada de prostituta, amante de Jesus e, na visão da igreja, tornou-se símbolo de arrependimento ... Muitos já lhe atribuíram situações e vários foram os artistas que lhe traçaram perfis diversos. Entre os perfis a ela atribuídos, estão a de santa, arrependida e pecadora (prostituta), uma tríade forte e conflituosa.
Em tempos de discussão a respeito de intolerância, questões de gêneros e afins, o filme não poderia encontrar terreno mais fértil para se lançar. Muito já se falou de Maria Madalena. Mais recentemente,  Dan Brown lançou um olhar diferenciado e utilizando-se da obra de Da Vince faz uma analise da santa ceia onde encontra sua figura entre os apóstolos, uma polêmica para a igreja... inclusive quando a coloca como suposta esposa de Jesus...
Importante frisar, e o filme o faz muito bem, a importância desta mulher que naquela época, coloca em cheque uma igreja machista, predominantemente baseada em critérios estabelecidos e determinados pelo sexo masculino. Contrariando  alguns fatos, hoje questionados,  é possível que coloquemos  em cheque algumas posições : Porque Pedro que negou Jesus foi alçado a fundador da igreja? Por que foi negado as mulheres a possibilidade de ingressarem como apóstalas, rezarem missa e ministrarem sacramentos?  O filme,  sutilmente e em cena de rara força e beleza,  questiona e sem agredir nos mostra uma Maria Madalena batizando no rio... Um dos destaques da narrativa que acontece de forma tão natural que nos passa quase despercebida, tamanha é a sutileza e normalidade em se tratando de pessoa tão motivada, envolvida e comprometida com a doutrina de Jesus... Um achado.
Em 2016 o papa Francisco nomeou-a Apóstala dos apóstolos, um avanço da igreja. Aos católicos que buscarem uma narrativa sob a ótica bíblica e centrada numa Madalena conhecida, restara um pouco de frustração. Com uma bela fotografia e atuações corretas, o filme os emocionará sem o mínimo de pieguice, nada de drama rasgado ou exagero no sofrimento e descaso, principalmente quando se fala da posição de uma mulher na sociedade aquela época...  Em nenhum momento constitui  afronta ou desrespeito aos dogmas pregados pela igreja, muito pelo contrario, sem levantar bandeira feminista ou do famoso e batido empoderamento, narra  de forma simples e humana a trajetória de uma mulher que fez história... A  história aqui narrada nos fala de uma mulher forte e determinada, crente acima de tudo no amor e na propagação da doutrina de paz pregada por Jesus, o que vemos é uma história de amor em meio a intolerância(nenhuma diferença dos dias atuais) e aceitação, um embate criado em meio a uma dominação masculina e conservadora.
As sutilezas identificadas pelos mais atentos os darão conta de como o amor está presente em cada conflito, tome-se como exemplo a relação de Madalena com Judas, aqui tratado com humanidade e em nenhum momento hostilizado por ser traidor...
Rooney Mara nos brinda aqui com uma de suas melhores performances. Dona de uma beleza singular compõe uma Madalena sofrida,mas não coitadinha, e sim forte e determinada, em conflito mas disposta a sair a cata de respostas e esclarecimentos... Crente e convicta de suas escolhas e fiel a si mesma, dona de uma integridade espetacular...


Ficha Técnica:

Direção: Garth Davis

Elenco: Rooney Mara, Joaquin Phoenix, Chiwetel Ejiofor mais

Gêneros Histórico, Drama, Biografia

Nacionalidade Reino Unido

Estreia: 15 de março de 2018

domingo, 18 de fevereiro de 2018





TRAMA FANTASMA



Seria essa trama uma história de amor? Paul Thomas Anderson nos brinda com uma história repleta de silêncios, provocações, contemplações e, sobretudo, provocações envoltos em uma serie de sonoros “Eu te amo” que deixa dúvidas pairando no ar...

Reynolds(Daniel-Day-Lewis, aqui impecável) é um rico, talentoso e enigmático, costureiro famoso acostumado a ter todos a seus pés, manipulando-os e por vezes humilhando-os, assim como também as suas mulheres, que sutilmente percebemos, as usam e descartam a medida que seus desejos afloram ou declinam... Reynolds vive numa mansão com a irmã Cyril(Lesley Manville), seu braço direito... Em meio as entradas e saídas das grafinas e o dia a dia do ateliê é comunicado pela irmã que sua ultima aquisição está passando das medidas (literalmente)... É a deixa para Reynolds sair me busca de novidade... Encontrando Alma ((Vicky Krieps) de personalidade tão forte quanto a dele... Chegando a mansão nada será como antes...

A narrativa é lenta e detalhista, a câmera em close, quase que em tempo integral, nos mostra em cada tomada os olhares vazios e as nuances de cada um dos personagens que constroem um triangulo de características peculiares, um achado... Em meios a mãos que costuram, cortam e se arrumam, uma trama é lentamente construída e lentamente vai chegando ao limite... Em flashbacks Paul nos dá algumas rasteiras e nos surpreende com um final inesperado...

Não é um filme fácil, muito pelo contrário, com a tônica do silencio, as frases são contidas, os diálogos por vezes cortantes e os sentimentos camuflados...

Reynolds a principio conhece e trata Alma como se fosse um produto adquirido num supermercado, seu egocentrismo não tem limites e nas poucas e incisivas frases que profere sobre ela em meio a olhares penetrantes e de dupla interpretação profere a pérola: “Você não tem seios mas eu posso te dar se eu quiser...” sintetizando em poucas palavras a essência do filme para os mais atentos...

Com atuações brilhantes, roteiro cuidadoso, cenografia deslumbrante e uma trilha que pontua com maestria cada olhar, cada passo, este é de longe um dos melhores filmes deste ano, obviamente deve passar meio despercebido, meio que “pérolas aos porcos”, um biscoito fino e de raro e inusitado sabor inigualável...

Não fosse os 3 Oscars já na prateleira do lavabo, Daniel Day-Lewis certamente estaria no páreo com todas as chances, mas já sabemos que este ano é do Gary Oldman...

Ficha técnica:

Direção: Paul Thomas Anderson

Elenco: Daniel Day-Lewis, Vicky Krieps, Lesley Manville

Gênero Drama

Nacionalidade EUA

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

LADY BIRD






Fazendo uma rápida analogia, LADY BIRD é que nem aquela torta manjada que todo mundo sabe a receita, ou seja, Greta Gerwig, em momento de sabedoria não quis reinventar a roda, nem lançar torta com receita velha, no entanto em sábia construção, reviu os ingredientes, acrescentou uns toques inovadores e por fim legou de alma e sentimento genuínos sem apelar para o drama rasgado tão batido... Tudo isso fez de LADY, um dos melhores filmes do ano, e uma grata revelação solo, desta que promete ser uma diretora de quem muito ouviremos falar...

O roteiro é centrado na história de Christine ou Lady Bird, como ela mesmo se auto-denominou vivida por uma espetacular Saoirse Ronan, que vive aqui o seu melhor momento...Lady vive com os pais e o irmão em Sacramento, cuja realidade é pautada num núcleo famíliar classe média-baixa, onde uma mãe controladora faz contraponto a um pai amoroso e dedicado, no entanto deprimido e recém demitido do emprego, pra completar, não é das mais queridinhas da escola, nem tão pouco boa aluna... Tem como melhor amiga a gordinha da sala e vive todas as transformações, a descobertas e desabrochar da sexualidade da adolescência para a fase adulta... Bem, já ouvimos falar disso antes não? Com certeza! O que Greta fez foi dourar a pílula, fazê-la atraente e leve, poética e banal, livrando-a no entanto de qualquer resquício de drama apelativo...

O que vemos é uma sucessão de diálogos cortantes, rápidos, mas inspirados e criativos, questionamentos pertinentes e atuais (a trama se passa em 2002). É nesse jogo criativo do trágico e o cômico que o roteiro se sustenta e se mantem equilibrado sem cansar ou parecer já visto, um sopro de vida e um aliado de peso ao cinema independente...

As atuações do elenco são incorrigíveis, a mãe (Laurie Metcalf, ótima) faz uma megera controladora mas no entanto não menos afetuosa... A cena inicial onde mãe e filha iniciam um diálogo resume praticamente a narrativa: Não concordando com a posição da mãe e para por fim ao dialogo, Lady Bird simplesmente se joga do carro em movimento... Um achado! Tá dado o recado do vem pela frente...

O núcleo familiar esta redondinho, a turma da escola dá um show, a fotografia e os cenários ajudam a criar um ambiente carregado, multicolorido... vide a decoração do quarto da protagonista.

Não temos aqui nenhuma grande inovação cinematográfica, no entanto temos uma narrativa construída sobre bases verdadeiras, sentimentos simples, comuns mais igualmente necessários, atuações viscerais e honestas, ingredientes que tornam o filme singular, afinal ali os personagens exalam autenticidade.

Na disputa pelo Oscar, as indicações recebidas são merecidas, agora é ficar na torcida! Levou Globo de Ouro de melhor filme e atriz na categoria drama...

Data de lançamento 15 de fevereiro de 2018 (1h 33min)

Direção: Greta Gerwig

Elenco: Saoirse Ronan, Laurie Metcalf, Tracy Letts mais

Gêneros Drama, Comédia



Nacionalidade EUA