quinta-feira, 28 de abril de 2022


 

Downton Abbey: Uma Nova Era

Uma das grandes realizações de Julian Fellows, Downton Abbey nasceu como série em 2010 e durou até 2015, um grande sucesso que, em 2019 ganha sua primeira adaptação para cinema, com direção certeira de Michael Engler, sendo também um grande sucesso. Eis que agora nos chega  com direção de Simon Curtis DOWNTON ABBEY – UMA NOVA ERA, que, sem spoiler, seu título já entrega um pouco de sua premissa básica... Aqui o verdadeiro protagonista, o tempo, dará coordenadas... Com elenco primoroso o roteiro avança no tempo e nos mostra a transição do cinema mudo para o cinema falado e para tal, o castelo é cenário da gravação de um filme, a princípio, coisa vista por alguns membros do clã como arte menor, Para completar em meio a essa invasão(técnicos e atores da referida gravação), a matriarca( maravilhosa como sempre Maggie Smith) faz a revelação, a princípio bombástica que herdou  uma vila no Sul da França, o que aflora os ânimos, inclusive com suspeitas veladas de uma possível infidelidade. A narrativa não foge a fórmula certeira que lhe garante público fiel, história sedimentada em diálogos inteligentes e cortantes, sobretudo o humor ferino e cáustico dos ingleses... Um primor. Com uma belíssima fotografia, um dos grandes acertos é o uso equilibrado de novas tecnologias, que agrega valor mas não violenta o cenário lhe impondo soluções extremas, o que adulteraria a beleza de sua premissa e a pegada datada mas sempre agradável dos discursos, a realidade e mensagem de época... Desnecessário registrar que a oscarizada Maggie Smith. A matriarca continua soberana com sua postura e suas inteligentes e cáusticas tiradas, um dos grandes acertos do roteiro desde sempre. No mais, são atuações incorrigíveis de um elenco afiado e coerente, uma fotografia bela, mas não extraordinária e um clima bucólico que chega ao ápice nos minutos finais com belas e impactantes imagens. É um daqueles filmes para se ver com ar contemplativo e atenção redobrada as suas atuações e seus diálogos. Um primor.

Ficha Técnica:

Título : Downton Abbey: A New Era

Direção: Simon Curtis

Roteiro: Julian Fellowes

Elenco: Maggie Smith, Hugh Bonneville, Michelle Dockerv, Elisabeth McGovern, dentre outros

 

Nos cinemas a partir de 28.04

 

quarta-feira, 13 de abril de 2022


O PACTO

O PACTO, novo trabalho do diretor dinamarquês Bille August, pode não ter nenhuma força dos grandes mestres a exemplo do grandioso Alfred Hitchcock, mas no entanto tem muito a nos dizer. Baseada numa história real relatada no livro  autobiográfico Out of Africa, escrito por Thorkild Bjornviga, a narrativa nos conta a experiência do potencial aspirante a escritor, Thorkild Bjørnvig (Simon Bennebjerg) que recebe a proposta em forma do PACTO (do título) de uma  famosa escritora e baronesa Karen Blixen,  para lhe alavancar a carreira, desde quando a obedeça incondicionalmente e fique por conta de suas orientações e determinações. É preciso que o pacto seja cumprido a risca ... Está selado aí um acordo que vai colocar de ponta a cabeça a vida de Thorkild, sua relação com a esposa, seu filho, enfim com o mundo. Pactos são conhecidos, e em sua maioria almas são vendidas, vidas nem sempre edificantes abaladas e, bem o fim já imaginamos... Não convém aqui tecer maiores informações a respeito do desenrolar dos fatos, e a condução que a direção inglesa de August é capaz. Em alguns momentos tem-se a sensação de se tratar de um teatro filmado. A postura da baronesa e famosa escritora, agora destroçada por uma doença e as amarguras da vida profissional e afetiva, beira o cruel e inusitado, os mistérios que suas colocações suscitam são de uma frieza e determinação pouco vistas... Muito dos objetivos e real situação em que a realidade da baronesa está inserida ficam no ar, sem maiores explicações. O foco recai, portanto, no escritor e seu calvário... A narrativa que a princípio beira o indiferente vai aos poucos crescendo e explodem ao final. A necessária abordagem sobre arte e sua criação, uma vez que o mote do pacto é o aperfeiçoamento e o espaço e clima necessários para a criatividade fluir e o escritor progredir, é outro ponto desenvolvido e questionador. Ficar atento as citações e frases cortantes da baronesa é um exercício que se mostra edificante e uma boa ponte para a reflexão.  Tecnicamente a narrativa é lenta, a famosa pegada inglesa e sua paleta de cores no cenário e figurino ajudam a emoldurar os diálogos e as ações pontuais em função de seu clima. Pouco espaço é dado para coadjuvantes, com ação centrada quase que exclusivamente no núcleo central, uma curiosidade... O foco é o pacto e pronto. Contar aqui um pouco da história e seus desdobramentos nos daria uma boa oportunidade de discussão e questionamentos sob cada um dos pontos de vista e suas relativas consequências, no entanto cairia na armadilha dos spoilers e evitaria a surpresa que a narrativa nos proporciona. Em alguns momentos a narrativa carece de atitudes radicais e pontuais de seu protagonista, uma forma de lhe dar agilidade e maior impacto, no entanto talvez o objetivo do August não seja necessariamente esse. A instigada reflexão em função dos diálogos cortantes e dos olhares e posturas da baronesa falam muito, apesar de parecer pouco...

Ficha Técnica:

Título: O PACTO

Direção: Bille August

Roteiro: Christian Thorpe

Elenco: Simin Bennebjerg, Birthe Neumann, Nanna Skaarup Voss, Austa August

 

Em cartaz nos cinemas

 

 

 

quarta-feira, 6 de abril de 2022


 

ANIMAIS FANTÁSTICOS – OS SEGREDOS DE DUMBLEDORE

Eis que nos chega o terceiro episódio, após 4 anos de espera ( junte-se ai a pandemia)da saga de J.K. Rowling e com direção de David Yates, uma das grandes promessas e causador das maiores expectativas após o sucesso do Harry Potter. Com roteiro assinado pelo Steve Kloves, que teve auxilio da própria Rowling, a narrativa buscou entrar nos trilhos e responder questões que ficaram em aberto e, sobretudo surpreender os fãs ardorosos e carentes por mais um impacto sensorial e ainda carentes de uma adaptação que, de fato captasse sua síntese, sua essência, essa aliás a grande dificuldade das adaptações que primam pelos efeitos e cuidadoso aparo pirotécnico e as vezes pecam na narrativa que lhe dê consistência e sentido. No novo episódio o controle do mundo mágico está ameaçado pelo poderoso mago das trevas. É preciso detê-lo, para isso será preciso uma legião de bruxos que ajudem na tarefa. Podemos resumi aqui para evitarmos spoilers. Com farta utilização de efeitos especiais de primeira linha e extremo cuidado, o filme é deleite para os olhos, no entanto peca na lentidão e falta de seu elemento principal : Seus fabulosos feitiços.  O elenco está equilibrado, com algumas atuações acima da média, uma trilha sonora que norteia com sabedoria e pertinência toda a ação e uma fotografia em tons escuros e variações de cinza que, se não chega a empolgar, ao menos não decepciona, excede um pouco nos elementos sombrios... É o mundo deles! Gerou-se grande expectativa em torno da participação da Maria Fernanda Cândido que como era de se esperar  não tem lá grandes destaque, apesar de uma ou duas cenas de impacto, principalmente na exploração de sua imagem e não tanto de sua atuação.

Cumpre salientar que não temos como não perceber a influência de Potter, sua sombra ainda paira sobre essas adaptações, uma vez que nenhuma delas ainda conseguiu supera-lo, e talvez nem esse seja o objetivo, embora a questão comercial fale mais alto e o que importa seria agradar e os números, afinal uma superprodução precisa se pagar e gerar lucros. Certamente dividirá opiniões mas com certeza, será unanimidade que o caminho da excelência ainda não foi encontrado.

Ficha Técnica:

Titulo: ANIMAIS FANTÁSTICOS- Os Segredos de Dumbledore

Direção: David Yates

Roteiro: Steve Kloves e J.K. Rowling

Elenco: Jude Law, Mads Mikkelsen, Eddie Redmayne, Maria Fernanda Cândido, Jessica Williams, Dan Fogler