segunda-feira, 24 de julho de 2023


 

OPPENHEIMER

 

“Prometeu rouba o fogo de Zeus para dar aos mortais. Para o punir o deus dos deuses mandou acorrentar Prometeu” ...

 

De longe um dos melhores, senão o melhor lançamento do ano até aqui...Esqueça tudo que o Nolan já fez e concentre-se nessa obra prima. Baseada na visceral biografia do  Julius Robert Oppenheimer (O Triunfo e a Tragédia do Prometeu Americano(2005)) , uma das melhores já produzidas, e frise-se, o filme não é sobre a bomba atômica, e sim sobre o Robert que conduziu a equipe que produziu a bomba, o cérebro que, em função de sua inteligência e de seu profundo conhecimento e comprometimento, sofreu todos os percalços e tormentos desde a concepção, de todos as consequências de seu projeto. Com um roteiro bem construído e longe da armadilha que o didatismo pudesse causar, Nolan nos entrega uma narrativa fluída, impactante e, sobretudo de uma tensão verdadeira pouco vista. Fazendo uso de um elenco espetacular (são quase cem atores, um mundo...) de tecnologia de ponta, o IMAX, que a seu serviço nos brindou pela primeira vez com imagens em preto e branco de uma profundidade e realidade nunca vista... Sabemos que o IMAX é o formato de maior definição fotográfica, um colosso... Sábio, ultrapassou o limite dos cenários e grandes planos e centrou sua câmera nos closes dos atores, uma atitude acertadíssima que, capta a essência de cada um, sobretudo a essência do atormentado Robert que, através de sua própria imagem, seu olhar, já nos entrega o quanto sofreu com esse projeto... O ator escolhido pelo Nolan, seu parceiro em outros projetos, firma-se aqui como sua jogada de mestre mais acertada. Numa excelente atuação, Cillian Murphy nos entrega um Robert espetacular, a expressão que traz no olhar em TODAS as cenas são um assombro, o ator que fala com os olhos é de um talento e de uma atuação magistral, a alma do filme, captou com louvor a expressividade do Robert, assim como elenco, difícil eleger no grupo de coadjuvantes essa ou aquela melhor atuação, todos estão bem... Robert Downey Jr entrega aqui sua melhor atuação, é de uma verdade e de uma pontualidade cirúrgica. Utilizando-se de cenas em cor e preto e branco, Nolan nos brinda com mais esse achado, primeira utilização do P&B no formato IMAX, o que torna as cenas de um realismo sem precedentes, de uma nitidez e profundidade que espantam.... Um show. As três horas (limite permitido pelo formato IMAX) passam imperceptíveis, a conexão com a narrativa é precisa e ajudada pelo som, que é outro assombro, um espetáculo a parte, nos sacode e nos deixa em transe mergulhando na ação de maneira quase real... Uma tensão que não é fácil de se produzir e aqui o Nolan faz de maneira fabulosa... A sonorização ganha aqui importância fundamental na compreensão e percepção do filme, foi a forma que encontrou para nos jogar sem pena, literalmente, na película Há curiosidades de riqueza singular, há situações em que a nudez física faz uma latente citação da realidade ora  desnuda, avassaladoramente exposta em cenas de um a força incrível... nada ali é gratuito ou desnecessário... A relação do Robert com as mulheres é outro ponto, que apesar de pouco desenvolvido, ainda assim nos dá uma noção de mais uma nuance dos tormentos vividos por um homem que chega ao limite indo do ápice a punição. Em nenhum momento se faz juízo de valor da bomba e de suas consequências enquanto criação do Robert, discute-se, no entanto os percalços enfrentados por um homem talentosamente íntegro, fascinado pela física, e igualmente atormentado quando consciente das consequências de sua tão fervorosamente sonhada realização... Trabalho impactante e provocativo, um convite de excelência a reflexão, OPPENHEIMER já nasce um clássico, um filme obrigatório!

Ficha Técnica:

Direção: Christopher Nolan

Roteiro: Christopher Nolan, Kai Bird e Martin Sherwin

Elenco: Cillian Murphy, Emily Blunt, Robert Downey Jr.. Kenneth Branagh, Florence Pugh, Matt Damon, Rami Malek, Casey Affleck, Gary Oldman, e muitos outros...

Duração: 180 minutos

Em Cartaz nos cinemas

P.S. Priorize vê-lo numa sala IMAX, a experiência é singular!



 

terça-feira, 18 de julho de 2023


 

BARBIE

Creio que ninguém espera o obvio, ainda que se tratando de BARBIE de uma diretora com a pegada da Greta Gerwig... Não, BARBIE não é u m filme bobinho da boneca perfeita cujas medidas e postura gerou um avalanche de críticas á época de seu lançamento e durante toda período que esteve em alta... Gerando milhares de matérias, várias polemicas (as primeiras  imagens causaram e, vamos combinar, tudo muito bem orquestrado)... pois bem, a premissa é alcançada e Barbie consegue ser um filme fora da caixa, onde alguns pertinentes questionamentos, por mais que gerem um riso(desconfortável ou não) convidam sim, a reflexão... Frases de efeito como : “graças a elas, questões como feminismo e igualdade foram resolvidos...” ... Não é pouca coisa, a gargalhada é geral... 

Com um elenco equilibrado, onde todos fazem bem o dever de casa, o que não isenta algumas inusitadas atuações, percebe-se que o set deve ter sido uma delícia, tal a descontração, a curtição e o sarro que cada um deve ter tirado das inusitadas questões levantadas pelo filme, que aqui não vale citar... é preciso que se tenha o impacto da surpresa...  Ryan Gosling está ótimo, como um Ken estereotipado, mas divertidamente bem construído, Margot Robbie  reina absoluta como uma Barbie em conflito, sim, tudo começa quando questões como morte, envelhecimento e estrias começam a atormenta-la...Ops, quase um spoiler... Pois bem, o grande mérito do filme é nem poupar a empresa e seus executivos, responsáveis pelo lançamento da boneca, a Mattel, numa espécie de sarro de si mesmo que rouba vários momentos da narrativa, um achado pertinente e necessário, já que críticas certamente viriam... que partissem deles mesmos, raciocínio lógico da diretora que não abriu mão dessa condição. Criada por Ruth Handler, que está lá com sua criatura na década de 50, Barbie chegou causando e ofuscava até o Ken, que nunca deixou de ser o eterno coadjuvante... É uma diversão de primeira, impossível não se deixar envolver pelas inteligentes piadas, a exemplo de citação de filmes, números musicais inspirados em grandes sucessos e, claro o turbilhão de rosa que inunda a tela e que acabou com o estoque de tinta em vários lugares... Uma febre que chega agora para lançar estilo e, ainda que dividindo opiniões, tornar-se uma febre de vendas... Acreditem, muitos relançamentos no horizonte... Produto bem acabado, fotografia em tons quentes e de uma plasticidade singular e elementos de cena bem inusitados, BARBIE é um daqueles filmes que não passarão sem ser notado, muito pelo contrário, manancial de questionamentos e reflexões, agradara jovens e adultos, cada um sob sua ótica e expectativas... Greta dá mais um tiro certeiro, e ainda com seu jeitão meio cabeça, consegue com um produto bem acessível imprimir sua marca e sua singular forma de fazer cinema. Diversão acertada, BARBIE vale cada centavo investido na produção e por consequência, aqueles também investidos no ingresso. Impossível não sucumbir a um apelo tão certeiro, onde diálogos inteligentes, direção certeira, elenco primorosamente escolhido e marketing de ponta nos cativam do início ao fim, numa espécie de torpor. Sim, Barbie volta e, acreditem, logo, logo será “case” de vendas inusitado... Tudo isso sem falar na narração de luxo da diva Helen Mirren...Como a Mattel não é boba nem nada, é aguardar a enxurrada de brinquedos que, a partir de Barbie serão a bola vez, esgotadas as series e franquias, enfim um sopro de novidade, ainda que com a pegada vintage, ao menos criativo e inteligente. Não deixem de ver.… permitam-se uma diversão inteligente e cativante!

Ficha Técnica:

Título ; BARBIE

Direção: Greta Gerwig

Roteiro: Greta Gerwig  e Noah Baumbach

Elenco: Margot Robbie, Ryan Gosling, Alexandra Shipp, entre outros

Estreia dia 20.07  NOS CINEMAS