segunda-feira, 16 de outubro de 2017


BLADE RUNNER 2049



A ansiedade foi grande e talvez p medo ainda maior ... O que seria do BLADE 35 anos depois??? Era a terrível dúvida... Foi duro aguardar e conter a ansiedade, mas valeu a pena ... e como valeu ... Não poderíamos ter melhor e mais acertada direção do que a do cuidadoso e talentoso Denis Villeneuve(um desafio vencido com gloria) que já nos brindou com pérolas (Incêndios, Sicário, A Chegada, dentre outros ...)e se mostra hoje como grande nome na direção ... Mexer em time que tá ganhando não é fácil... E, em se tratando do cultuado Blade Runner de 82 poderia ser um tiro no pé... Não foi, vejo aqui a redenção ... Sem exagero consegue superar o cult! Roteiro primoroso, fotografia espetacular (tá na hora de premiar o Roger Deakins, 13 indicações e nenhum prêmio ...) e trilha sonora perceptivelmente inspirara no Vangelis( um achado e momento de rara inspiração do Hans Zimmer que apostou na inspiração em Vangelis)... Cenografia escandalosa que soube fazer a transição sem descaraterizar uma Los Angeles 35 anos depois ... O filme é longo e envolvente ... Ver Harrison Ford de volta é outro achado ... Elvis Presley, Marilyn Monroe e Frank Sinatra também estão por lá numa sacada de mestre ... Bem, não cabe aqui falar da história ... Não é um filme fácil de ação previsível e pancadaria ... É lento, poético, visionário e sedutor e em suas quase 3 horas faz uso de cada segundo de maneira exemplar, nada que está ali soa como excesso ou dispensável ... Muito pelo contrário, é vital para o entendimento ! Se em 82 Blade foi esnobado e injustiçado para depois ser reconhecido é cultuado, com o 2049 isso não acontecerá ... Ele já nasce cult e sopro de vida e renovação a ficção científica, ultimamente tão repetida à exaustão ... É pra ver e rever e sair feliz! FILMAÇO !!!!




ENTRE IRMÃS


Adaptação do livro A COSTUREIRA E O CANGACEIRO tem roteiro de Patricia Andrade e direção de Breno Silveira, que já nos deu 2 Filhos de Francisco, Gonzaga-De pai pra Filho, A Beira do Caminho, Era Uma vez, dentre outros. Seguindo a linha de sua filmografia, temos aqui mais um drama de forte apelo emocional, que como ele mesmo admite, são construídos para fazer tocar, emocionar e... chorar.
A adaptação de Patricia nos chega com algumas licenças poéticas e inclusive alguns acréscimos. Claro que se trata da história de Lampião, que em momento algum é mencionado, assim como também outros personagem do panorama sócio-politico da época... um detalhe...
Gravado no sertão pernambucano e com um trio de atrizes de luxo: Marjorie Estiano, Nanda Costa e Cyria Coentro, Breno nos brinda com um belo e redondo filme, onde o mérito maior é a construção de personagens e sobretudo, uma rara oportunidade de termos uma forte presença feminina, uma vez clara a evidencia do brilho e importância da protagonista visceralmente vivida por Marjorie Estiano que aqui nos mostra porque é uma das grandes atrizes desta nova geração.
Com pulso firme, mas não menos terno, Breno nos brinda com um filme relativamente longo para os padrões nacionais, são 2 horas e 40 minutos que apesar de não enfadonhos, mas para não acostumados talvez arrastado, o que a mim não incomodou.
O romance da autora pernanbucana criada em Miami Frances de Pontes Peebles conta um pouco da saga do gangaço a sua maniera e com todas as misturas a que tem direito e, obviamente com um viés feminino, grande mérito. A historia das duas irmãs separadas é contada em paralelo é de uma beleza e de um drama em igual medida que nos arrebata e emociona. O trabalho das atrizes é de uma veracidade e de uma beleza singular. Cyria, uma gigante em cena, é responsável pelo pilar das três na primeira hora de projeção, em seguida o que vemos são duas histórias em paralelo com suas coincidências, suas semelhanças e seus carmas.
Com uma reconstituição de época primorosa, uma trilha sonora lacrimosa e uma fotografia espetacular(a aridez do sertão impressiona), não tem como não se emocionar... Não é de apelo gratuito e desnecessário, mas arrebata e engole os mais sensíveis e certamente ha de dividir opiniões.
Muito bom e gratificante ver a atuação de atores bahianos, a exemplo de Jussara Mathias, que aos poucos vem pavimentando seu caminho no cinema em pequenas participações e Rita Assemany que longe dos palcos, nos deixa aqui com saudade dos bons e velhos tempos em que nos brindava com grandes e antológicas pérolas...
O grande pecado da narrativa do Breno é ser muito redondinha, chegando a beira do didático onde tudo é muito explicado e concluso, poderíamos aqui ter uma bela e tocante obra aberta e quem sabe mais coesa e sedimentada, em sendo assim os comentários e comparações com as novelas globais serão inevitáveis, o que de forma alguma lhe desmerece os méritos. Ainda não temos aqui sua obra prima, mas certamente um grande filme onde soubee aproveitar e enaltecer o talento de grandes atrizes, num quadrado tão dominado por atores. Ponto para este grande achado!
Cyria Coentro, impressionado com mais essa bela e tocante atuação... Marjorie Estiano, cada vez mais surpreendido com a visceralidade que você impõe em tuas atuações, Jussara Mathias feliz, muito feliz por te ver na tela grande, Rita Assemany, saudades, muitas saudades de você nos palcos...
Serviço:
Direção: Breno Silveira
Roteiro: Patrícia Andrade
Elenco: Nanda Costa , Marjorie Estiano , Júlio Machado , Rômulo Estrela , Letícia Colin , Cyria Coentro , Claudio Jaborandy
Em cartaz: Salvador Shopping, Bela Vista, Espaço Itau Glauber Rocha, Sala de Arte Passeo, Cinema da UFBA