quinta-feira, 24 de abril de 2014

 
 
 
Artista encanta povoado de Feira de Santana decorando casas com paisagens
 
 

 
Fotografias em tamanho real instaladas por artista em fachadas de casas no povoado de Morrinhos mudam a paisagem e a autoestima da população. Confusão virou rotina entre moradores
Ao sair de casa pela manhã, a lavradora Maria Luísa Lopes, 84 anos, deu uma olhada na fachada de casa. Há um mês, a visão era familiar: paredes brancas e janelas verdes. No fim da tarde, quando voltou, o susto. No lugar da casa estava uma estrada de terra, rodeada por grama e por uma cerca de arame farpado. 
Estava na rua errada? Não. Todos os vizinhos pareciam estar no mesmo lugar - a Rua das Flores, no povoado de Morrinhos, a cerca de 40 quilômetros  de Feira de Santana. Avistou o telhado e viu que o imóvel não tinha desaparecido. Mas... Cadê a porta? 
 
É verdade que a estrada, a grama e a cerca são comuns em Morrinhos.  Só que, nesse caso, não passava da fachada da casa onde mora desde que nasceu, com uma pitada de ilusão de ótica.
Quem olha rápido – e até quem olha atentamente – pode não perceber que ali existe uma fotografia adesiva, impressa em tamanho real e colada no que antes era a parede branca. A intervenção faz parte de um trabalho da artista visual Maristela Ribeiro, professora do Instituto Federal da Bahia (Ifba). Há um ano, ela  começou um projeto que pretendia mostrar a realidade de Morrinhos aos seus próprios moradores e ao mundo. 
Após oferecer oficinas de arte e fotografia à população, Maristela partiu para a última fase do projeto, que começou em dezembro e se estendeu até março. “Não encontrei nenhuma imagem da comunidade, que existe desde 1940. Imaginei trazer a paisagem regional e usar as casas como telhado”, afirma Maristela, que usa o projeto na pesquisa no doutorado em Artes na Universidade Federal da Bahia (Ufba).
Metáfora
Apesar de chamar atenção dos quase 400 moradores e também dos forasteiros, a casa de dona Luísa não é a única: as paisagens de Morrinhos foram transportadas  para outras nove das cerca de 90 residências do local.
“Meu objetivo era que as casas desaparecessem.  Para mim, era uma metáfora sobre o esquecimento do local, sobre como essas pessoas são deixadas de lado e se tornam invisíveis”. Lá, a maioria dos moradores vive em casas de taipa, sem saneamento básico. A principal fonte de renda, além da agricultura familiar, é o Bolsa Família, segundo a pesquisadora.
Pois, o objetivo foi alcançado. A casa de Luísa, assim como as outras, sumiu. “Eu demorei para achar a porta, na primeira vez”, lembra. Por sorte, viu o poste que fica quase ao lado da casa. “Agora, olho o poste! A porta fica perto dele”. Até os vizinhos estranhavam. “Perguntavam: cadê a casa de Luísa? Agora, todo mundo está encantado”, orgulha-se.
Confusão
A reação de dona Doralice Lopes, de 88 anos, foi parecida. Seis dias atrás, ela não fazia ideia de que sua casa tinha se transformado em uma cerca que separa a estrada de terra de um rebanho de cabras.
Nos últimos quatro meses, o filho, o lavrador José Boaventura, 68, esteve sozinho na casa de três quartos – ela descansava na casa de outra filha, em Salvador, depois de uma cirurgia “nas vistas”. Quando chegou, não reconheceu a residência onde sempre morou.
“Perguntei: cadê minha casa, gente? Achei que tinha sumido! Quando saí, minha casa era branca. Voltei e estava verde!”, comenta, deslumbrada. Ela nunca tinha visto uma foto em tamanho real. Agora, sentada em um banco de madeira sem recosto, dona Doralice também vê a Rua das Rosas, embora a tal rua não fique ali. O que ela vê, na verdade, é  a fachada de outra casa que reproduz a via do povoado.
“Eu nasci, me criei e perdi os dentes em Morrinhos, mas nunca tinha visto uma coisa tão bonita!”.  Acostumado a ouvir promessas de políticos que não se concretizam, o filho dela, seu Nonô, achou que o mesmo fosse acontecer com a nova casa. “A gente pensava que não ia sair nada. Quando ela (Maristela) chegou e jogou o papel, foi que a gente viu. Todo mundo amou”.
Atração
Das dez casas, seis ficam na praça central da comunidade - que também concentra a maior parte da vida do povoado. Quase de frente para a igreja, a cachorra Pintada corre em direção às garças que sobrevoam os mandacarus. Contudo, só a cadela está realmente ali. Garças e mandacarus estão representados na casa da lavradora Joana Lopes, 52.
“O povo vem filmar, gravar, tirar foto. Eu fico até preocupada, do jeito que as coisas estão hoje, né?”, dizia, enquanto um grupo de crianças parava em frente à casa para admirar a paisagem. “Ver a casa assim é bom demais. Pena que a gente ainda não tem condições para reformar dentro, né?”, lamentou, mostrando a parede lateral do imóvel, construída com adubo de barro.  
Hoje, Maristela é reconhecida por onde passa, em Morrinhos. Não é política, nem popstar. Mas, lá, é quase uma celebridade. “No início, eles tinham desconfiança, mas são muito hospitaleiros. Perceberam que seria uma troca, porque eles têm uma estética própria”. E se depender dos moradores, essa estética vai ficar exposta por muito tempo, como garantiu dona Doralice: “Não deixo tirar. Só o tempo pode levar embora”, avisa.
População reclama que abastecimento  de água foi interrompido há 15 dias
Castigados pela seca, os moradores de Morrinhos têm se virado sem água há 15 dias. Para completar, a maioria das casas também não tem saneamento básico. “A gente vai buscar água num tanque duas, três vezes por dia”, conta o lavrador André Batista, 76 anos.
O tanque fica a cerca de dois quilômetros do povoado, no terreno que faz parte de uma fazenda da região. Todos os dias, eles caminham até lá com carros de mão e baldes na cabeça. “O tanque é fundo, quase do tamanho do poste, quando está cheio. Mas quem alimenta é a chuva e não está chegando nem nas pernas”, diz, apesar de não saber dizer há quanto tempo não chove.
A água que resta se mistura com a lama do fundo do poço. “Como se não bastasse, a gente disputa com animais que bebem a água. É cavalo, cachorro, porco...”, afirma o lavrador Ivonaldo Barbosa, 30.
Procurada pelo CORREIO, a assessoria da prefeitura de Feira de Santana não deu um posicionamento oficial até o fechamento desta edição, às 20h. Já a assessoria da Embasa, responsável pelo fornecimento de água, não confirmou a informação, devido à paralisação administrativa de 24 horas do órgão, ontem.
Povoado tem cerca de 400 moradores em 90 casas
Localizado no distrito de Jaguara, em Feira de Santana, o povoado de Morrinhos tem quase 400 habitantes, que vivem em cerca de 90 casas. Para chegar até lá, é preciso seguir pela BR-116 e pela Estrada do Feijão.
Fonte: Correio24h

domingo, 20 de abril de 2014

 
 
 
ANTES E DEPOIS...
 
Vários donos de animais de estimação resolveram publicar fotos no estilo "antes e depois" com os seus bichinhos. Divulgadas no site Awebic, as fotos mostram humanos e animais que cresceram juntos e são melhores amigos.
Confira algumas fotos dos donos e dos seus bichinhos de estimação, além de imagens de animais que cresceram juntos.
 

sábado, 19 de abril de 2014

 
 
O MUNDO FICA MAIS CARENTE E A LITERATURA
 
 MAIS POBRE
 
 
 
A literatura perde um deus maiores expoentes, um dos grandes escritores do século vinte. O mundo fica mais pobre e mais carente ...
O escritor colombiano Gabriel García Márquez morreu nesta quinta-feira (17) aos 87 anos em sua casa, no... México. O autor sofria de câncer nos pulmões, gânglios e fígado. Ele ficou internado entre o final de março e o início de abril por conta de problemas respiratórios, mas desde então fazia tratamento em sua residência.
Um dos maiores autores latino-americanos da história, García Marquez ganhou o Prêmio Nobel de Literatura em 1982. Ele é autor de livros como Cem Anos de Solidão, O Amor nos Tempos do Cólera, A Incrível e Triste História de Cândida Erêndira e sua Avó Desalmada e Memórias de Minhas Putas Tristes.
Nascido em Aracataca, na Colômbia, no dia 7 de março de 1927, García Márquez também era jornalista. “Mil anos de solidão e tristeza pela morte do maior colombiano de todos os tempos!", escreveu o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, em sua conta pessoal no Twitter. Na mensagem, Santos manifestou solidariedade e prestou condolências à família de García Márquez.