quinta-feira, 24 de março de 2022


 

ME TIRA DA MIRA

triz famosa Antuérpia (Vera Fischer) é encontrada morta em uma clínica de realinhamento, sob aparente suspeita de suicídio... A policial civil Roberta (Cleo Pires) decide investigar o caso. Em meio a tramas paralelas, a investigação da policial segue indo de encontro aos interesses da polícia em configurar o crime como suicídio. Decidida a elucidar o caso, a policial se infiltra na clínica e lá várias revelações mudam o curso do caso. Contando com elenco de figurinhas carimbadas e apoiando=se no tripé familiar ; Cléo, Fábio Jr. e Fiuk, a película que tem roteiro do baiano Claudio Simões, acaba por se tornar uma comédia leve que em vários momentos faz piadas com trio de protagonistas, uma acertada saída para descontrair e brincar (de verdade) no set durante as filmagens. Lá estão Verta Fischer em rápida aparição, Silvero Pereira, Sérgio Guizé, Bruna Ciocca e Júlia Rabelo que rouba muitas das cenas como uma atriz dramática que junto a sua assistente nos brindam com alguns dos melhores momentos do filme. Cléo faz bem o dever de casa, mostra desenvoltura ao manejar armas e protagoniza cenas bem coreografadas de lutas e embates em meio a investigação. Com um roteiro bem equilibrado, uma produção bem cuidada e elenco uniforme, é uma daquelas comédias que se não edifica, também não decepciona... Estão lá algumas cenas batidas e já vistas, mas o carisma do elenco em meio ao trio familiar não decepciona... Fábio Jr. Praticamente no papel dele mesmo e, pai da Cléo no filme também... Fiuk fica na linha do nada a acrescentar e acaba um pouco ofuscado... Em meio a um mar de comédias repetidas e por vezes sem graça, ME TIRA... não faz feio, engatinha na pegada policial, com cenas bem construídas e  efeitos que até surpreendes, (fica aqui pontos para a produção),  é uma espécie de diversão garantida, como deve ter sido para Cléo e equipe, que conforme os créditos se envolveu em várias etapas da produção.  ME TIRA DA MIRA teve pré estreia com presença da Cléo e Bruna Ciocca. Cléo deu um show de paciência e generosidade, concedeu entrevista a vários influencers, posou para fotos, fez selfie e encantou a todos sem estrelismos e afetações, sinal de amadurecimento e empatia. O filme entra em cartaz em vários cinemas da cidade a partir desta quinta, 24.03.

 Ficha Técnica:

Título: ME TIRA DA MIRA

Direção: Hsu Chien

Roteiro: Cláudio Simões e Beatriz Rhaddour

Elenco; Cléo, Fábio Jr, Fiuk, Vera Fischer, Bruna Ciocca, Júlia Rabelo, Silvero Pereira

 

 

 

sexta-feira, 18 de março de 2022


 

DRIVE MY CAR

Ryusuke Hamaguchi voava para Berlim quando recebeu a notícia das quatro indicações ao OSCAR do seu aclamado e premiado filme, no festival de Cannes, DRIVE MY CAR, uma surpresa nos ares.... Baseado no conto homônimo de Haruki Murakami,  DRIVE é um daqueles filmes que ao término nos deixam paralisados, o poder de nos instigar é igualmente avassalador com o conteúdo que nos brinda e nos faz questionar a vida. A narrativa nos fala de um diretor de teatro em meio aos ensaios da peça TIO VÂNIA, do russo Anton Tchékhov, que vive um casamento abalado pelo luto da perda filha e a sabida mas não admitida traição da mulher. Esse apenas o ponto inicial da narrativa que nos reserva muitas revelações futuras.... Com a inesperada morte da mulher segue para um festival na cidade de Hiroshima onde montará a peça. Lá uma jovem motorista designada pela organização do festival onde a peça será encenada,  mudará os rumos da sua vida... Reticente e radical no primeiro momento, não aceita a motorista, aliás uma antipatia mútua... A guinada do filme vem quando os ensaios para a peça iniciam, inclusive com a técnica inusitada usada pelo diretor e a motorista assume o posto. Ficamos aqui para evitar spoilers... Com sabedoria Hamaguchi faz uma mistura do texto do espetáculo teatral (Tio Vânia), do conto (DRIVE MY CAR) e nos brinda com um filme que,  apesar dos 180 minutos de duração, é um achado e seus minutos passam imperceptíveis, afinal quando o conteúdo existe e de fato aflora, o tempo voa. Com um mixto de silêncios e muito papo, DRIVE conta com um elenco multinacional, cada ator fala na sua própria língua (inglês, mandarim,  e coreano) além de uma muda que atua se expressando na linguagem de sinais coreana. Com um viés completamente intimista o roteiro ainda nos surpreende com revelações ao longo da narrativa. A medida que a relação gélida entre o diretor e a motorista evolui, vamos recebendo sinais que apontam essa evolução. Vale citar a cena em que fumam juntos no carro (coisa que o diretor educadamente proibia). É poética e muito significativa as mãos ao vento e a cumplicidade ali selada, assim como a cena em que o diretor passa para o banco da frente do carro, dois momentos emblemáticos e determinantes da narrativa. Ali é o marco da mudança e da aliança que se mostra a seguir... O toca fitas ligado onde a repetição do texto de Tio Vânia era constantemente ouvido durante as viagens é logo substituído pelo cumplicidade e troca de visões de mundo em forma de confissões e tormentos...Outra curiosidade e grande acerto são as cenas gravadas dentro do carro. O filme acontece quase que em sua totalidade dentro do carro ( um Saab vintage vermelho que se tornou marca emblemática do filma, de um apelo visual super acertado, assim como o toca-disco de vinil, um luxo), um ambiente fechado que convida a aproximação, a cumplicidade e intimidade. A opção do festival ocorrer na cidade de  Hiroshima é outro sinal da valiosa simbologia do filme (talvez como uma espécie de analogia a destruição como capacidade humana, vide seu histórico). Nas poucas cenas em que podemos contar com uma inusitada fotografia externa, uma vez praticamente rodado dentro do carro, onde vemos um pouco da cidade em meio ao percurso do carro, outra curiosidade: É solicitado pelo diretor que o hotel em que ficar hospedado fique distante do teatro dos ensaios para que o tempo gasto no percurso lhe permita ouvir/ensaiar o texto. No mínimo um fato curioso e simbólico. É um filme que em seus 180 minutos cresce de maneira absurda, nos envolvendo e nos fazendo cúmplices, além da homenagem explicita (através do teatro) é reconfortante saber do poder da arte e sua importância na vida enquanto respiro. Gastaria laudas a falar dos méritos de DRIVE e seu impacto sobre mim... algo bastante pessoal que, empaticamente desejo que contamine a todos que o virem. Num momento em que vivemos uma total correria, numa busca desenfreada por algo que as vezes nem mesmo sabemos o que, é reconfortante ver uma discussão sobre a vida, os mistérios, os segredos, as dúvidas, as culpas, as incertezas e, principalmente, o saber amar...

Os últimos momentos num palco são de uma beleza em forma de simplicidade e emoção de raro valor.

Ficha Técnica:

Título Original: Doraibu mai Kâ

Direção: Ryusuke Hamaguchu

Roteiro: Ryusuke Hamaguchi e Takamasa

Elenco: hidetoshi Nishiji,a, Toko Miura, Masaki Okada

Música:  Eiko Ishibashi

 

 

 

quinta-feira, 17 de março de 2022


OS CARAS MALVADOS

Baseada na série de livros infantis homônima de Aaron Blabey, a nova animação da DreamWorks Animation, Os Caras Malvados nos conta a história do grupo de animais fora da lei, que está prestes a tentar o maior e mais ousado golpe : Transformarem-se em um grupo do bem! Fazem parte do grupo o arrojado batedor de carteiras Sr. Lobo, o arrombador de cofres Sr. Cobra, o mestre do disfarce Sr. Tubarão, o “músculo” Sr. Piranha e a especialista hacker Sra. Tarantula. Saindo da linha comportada, cumpre ressaltar que essa animação é um pulo  da caixa, e em meio a sua eletrizante narrativa consegue fazer boas piadas, algumas até um pouco adultas demais para o universo da garotada, o que não chega a ser nenhum demérito, afinal há muito que as animações rezam nesta cartilha para atingir o público adulto também, afinal são os pais que conduzem a garotada... É inegável a riqueza da paleta de cores, a elétrica condução da trama em meio a piruetas, tecnologia de ponta, e muita ação ainda encontrando espaço para  muitas mensagem sedimentadas nos valores das relações, do “SER LEGAL” e, sobretudo da amizade. A bicharada tem um charme especial, cada um a seu jeito dá seu recado e tem lá seus solos em grandes momentos. A dublagem é outro acerto. Contando com atores de reconhecido carisma ( Rômulo Estrela, Nyvi Estephan, Luis Lobianco, Babu Santana, Sergio Guizé e Agatha Moreira) e uma cumplicidade e equilibro necessários, a equipe faz com louvor o dever de casa e nos brinda com momentos hilários de raro valor, batem uma bola legal e dão um exemplo de simpatia e encantamento, bases necessárias para uma boa animação convencer. Com o roteiro escrito pela dupla Etan Cohen e Hilary Winston e direção certeira do Pierre Perifel, essa animação tem todos os elementos para agradar a crianças e adultos, com o mérito de sair do lugar comum, ousadia aliás que faz da DreamWorks Animation se permite com relativo conforto.

Ficha Técnica:

Título: OS CARAS MALVADOS (The Bad Guys)

Direção: Pierre Perifel

Roteiro : Etan Cohen e Hilary Winston

Estreia nos cinemas