quarta-feira, 28 de junho de 2023


 

INDIANA JONES E A RELÍQUIA DO DESTINO

 

Ver Harrison Ford mais uma vez como Indy, ainda que do alto de seus oitenta anos me emociona... Muito. E emocionará cada um admiradores de uma franquia tão bem realizada, uma obra prima de entretenimento do mago nesta área: Spielberg, na dobradinha com George Lucas, ambos de fora nesse episódio, apenas na produção.  Ainda que o filme em si não me encha os olhos... Mas vamos combinar, ouvir aquela musiquinha e aquele olhar do Ford (que o tempo não lhe roubou) o chicote, o chapéu que não lhe cai da cabeça... já paga o ingresso... Há situações que não devem ter qualquer continuidade, não se mexe naquilo que deu certo, nos surpreendeu e nos encantou ... Só mesmo o Spielberg para fazer um raio cair três vezes no mesmo lugar... vide os 3 maravilhosos filmes anteriores... O quarto já decepcionou... Pois bem, depois de passar por várias mãos, ter a recusa do Spielberg para a direção e esbarrar na sugestão do próprio Ford para que a direção fosse do James Mangold, eis que nos chega a problemática sequência, que passou por problemas do roteiro, questões da Disney, impasses na direção e uma pandemia... Ainda assim se tornou um dos filmes mais caros da franquia e, gerando grande expectativa, sendo recebido com certa frieza no último Festival de Cannes. Com história se passando na década de 60, e pra não fugir a acertada fórmula, com nazistas como vilões e a já contada a exaustão, busca a uma relíquia, o roteiro só nos traz de novidades a presença da afilhada do Jones e um garoto, fiel escudeiro, sim, ai vemos mais um dos toques sutis do Spielberg que adora a criançada e neste não poderia ser diferente, o garoto é esperto, meio malandro, mas dono de um carisma que compensa... Os efeitos especiais estão lá para justificar cada centavo, aliás um primor... Senti muito a falta da fantasia, da inusitada mão do Spielberg quando nos encanta com suas belas e surpreendentes cartadas, o que deixa o filme com uma cara de espécie de dever de casa, meio mais do mesmo regular... Contando ainda no elenco com Antônio Banderas e Phoebe Waller-Bridge(essa num bom momento e numa personagem bem construída, com cara  de cheguei pra ficar) que me passou a sensação de que assumirá a franquia, e num rompante politicamente correto, quem sabe teremos um  Indy de saias...  Tenho minhas dúvidas se teria o carisma do Ford... Na primeira meia hora de filme vemos um Ford rejuvenescido digitalmente, estranho, deslocado... não convence...Na minha humilde opinião, desnecessário... Em seguida o Indy aposentado, vizinho insuportável, amargurado que tem de volta o brilho nos olhos com o convite da afilhada para mais uma aventura... bem, paramos por aqui com a história...

Ver Harrison Ford do alto de seus 80 anos se aventurando nas peripécias e exageros de um personagem ícone do cinema no imaginário popular das pessoas é de longe um achado... Há momentos mágicos, principalmente para quem viu a trilogia(o quarto é dispensável), há cenas que nos remetem imediatamente as clássicas dos filmes anteriores, sem no entanto chegarem a sua excelência... Não diria que o filme me decepcionou, não chegou a tanto, na verdade não me surpreendeu, encantou... O que foi uma pena, afinal o Ford merecia uma despedida mais a altura e, evidentemente essa despedida teria que ser pelas mãos do Spíelberg, que tenho absoluta certeza, faria jus a esse legado que ora é abandonado em função da idade... É filme para se assistir sem comparações(infelizmente as vezes inevitáveis...) e com pouca expectativa, assim evitamos um pouco de frustração... Ainda tenho a esperança que seremos surpreendidos com uma derradeira sequencia dirigida pelo Spielberg, como uma espécie de reparo para o equívoco que nos parece esse... Fica a dica...

Ficha Técnica:

Título: Indiano Jones e a Relíquia do Destino

Direção: James Mangold

Elenco: Harrison Ford, Antônio Banderas, Phoebe Waller-Bridge, Mads Mikkelson, entre outros

Estréia: 29.07 nos cinemas