sexta-feira, 20 de novembro de 2020


ENQUANTO ESTIVERMOS JUNTOS

 

Pelicula  baseada em fatos verídicos narrados no livro homônimo, conta a história do casal que se conhece na faculdade onde brota uma paixão e logo em seguida passam a conviver com o fantasma da doença dela que amparada pela fé e música dele compartilham uma tortuoso caminho...

Apesar de ser inspirado em uma história verídica, densa, sofrida, enfim, um verdadeiro drama,  a direção, nem sempre segura de Andrew Erwin e Jon Erwin, driblam um pouco o viés comum do dramalhão no entanto ainda assim, não evitam por completo alguns pecados pontuais. A primeira hora é meio complicada, e até mesmo não estimula muito. Uma narrativa fria, por vezes didática e desprovida de maior intensidade nos apresenta dois núcleos básicos, sem maior aprofundamento ou ate mesmo desenvolvimento pertinente o suficiente para justiçar seu viés dramático, apesar de conteúdo: O universo de Jeremy, irmão de um garotinho especial e sua abrupta saída de casa para cursar faculdade é rápido e resumidamente frio, assim como seu primeiro contato com Melissa e o brotar da paixão entre eles  que não só poderia, mas deveria ser de maneira avassaladora, até mesmo para justificar o calvário que se torna a vida compartilhada após a descoberta da doença dela... Com claro viés religioso, inclusive outro pecado do roteiro, as falas e citações que acabam por se tornar o lugar comum na vida dos dois e na relação deles com seus núcleos familiares e até mesmo os fãs do Jeremy, são frias, as cenas são meio que gratuitas e por vezes desconectadas... A sensação de uma sessão da tarde gospel ronda cada minuto... Passada essa primeira fase do encontro e frio encantamento, a doença de Melissa chega e com ela sim, o filme ganha um arco dramático mais delineado, apesar da performance apenas regular do KJ Apa que nos brinda com um Jeremy atormentado mas nem tão sofrido e abalado como a situação requer... Já Britt Robertson tem uns momentos de forte apelo dramático uma vez centro da narrativa e real condutora do elenco... Grata surpresa, Gary Sinise faz um pai(Jeremy) morno e meio deslocado, não compromete, mas soa apenas regular.

No computo geral ENQUANTO, cumpre sua função enquanto narrativa apesar do pecado no quesito fluidez, a narrativa apressada nos priva de um maior encantamento entre os protagonistas, de maior envolvimento com trama e posterior arrebatamento. Melodrama onde a doença terminal é o mote principal já tivemos aos montes, para todos os gostos, com esse viés religioso e essa abordagem onde o amor e a fé, assim como a música como aliada é novidade, que melhor poderia ser aproveitada e desenvolvida. Vale uma conferida pelo seu aspecto edificante e sua mensagem positiva, ainda que a partida antecipada e dura seja difícil de ser assimilada e aceita... Narrativas baseadas em fatos verídicos são sempre bem vindas e trazem consigo muito das mensagens em favor de um mundo melhor e mais humano, ainda que duras e tristes... Em tempos estes, de realidade sombria, acaba por nos deixar uma lição de empatia, amor, fé e sobretudo força do poder da arte, neste caso especifico, a música.

Ficha Técnica:

Crítica: Enquanto Estivermos Juntos

Gênero: Romance

Direção:Andrew Erwin e Jon Erwin

Roteiro: Madeline Carroll, Jon Erwin, Jon Gunn

Elenco: KJ ApaBritt RobertsonShania TwainMelissa Roxburgh e Gary Sinise.

Em cartaz desde 19.11.2020

 

 

quinta-feira, 12 de novembro de 2020


O 3.º Andar: Terror na Rua Malasan

 

Baseado em fatos verídicos ocorridos na década de 70, em  Malasana, a produção espanhola dirigida por Albert Pintó (Matando Deus e RIP)  se apropria destes fatos para criar uma narrativa onde uma família que abandona a cidadezinha onde vivia partindo para Madri em busca de sonhos... lá se depara com vários eventos sobrenaturais. A premissa do terror não se esgota nos sustos simples e no terror por terror aqui nessa narrativa de Pintó... Há uma coerência e uma carga de conteúdo onde questões sociais e psicológicas são abordadas, fazendo seu trabalho sair do lugar comum do terror e acessar um patamar mais edificante... Produção cuidada com elenco afiado e competente que, emoldurada por uma fotografia quente em tons de amarelo e marron (cenários e vestuários) nos brindam com momentos de forte impacto em atuações acima da média. A trilha sonora que, em algumas produções surpreendem e acabam por se tornar uma espécie de personagem na história, aqui não se destaca, faz apenas o seu papel de impactar e elevar os batimentos cardíacos para os mais desavisados, mas não surpreende nem causa grande impacto. Cumpre lembrar o cuidadoso trabalho de reconstituição de época,  não só nas locações externas, mas nos cenários, figurinos e elementos de cena.

Ficha Técnica:

Título original: Malasaña 32

De: Albert Pintó

Com:Begoña Vargas, Iván Marcos, Bea Segura, Sergio Castellanos

Género:Terror

Classificação:M/16

ESP, 2020, Cores, 104 min.