quinta-feira, 21 de dezembro de 2017




As Aventuras de Tadeo 2: O Segredo do Rei Midas



É mais uma daquelas animações que de mérito possui apenas o trabalho da animação digital, em detrimento a uma história com gostinho de já vista e pouco interessante. Esta animação espanhola com um personagem carismático e as piadas e referencias que sempre costumamos ver nos filmes voltados para o publico infantil mas de uma pegada mais para adultos... Estão lá : O personagem fora do contexto, porém engraçado e carismático, o bichinho salvador da pátria, o vilão cruel, e a mocinha doce... Tudo muito previsível...

O fato de ser uma produção espanhola já nos dá um sopro de novidade, ainda que um toque de mais do mesmo ou versão adapatada do grande e delicioso Indiana Jones...

A história do pedreiro sonhador que se envolve em meios a uma a perigosa e divertida aventura nos leva a passear por locações bem desenhadas digitalmente de uma Espanha bela e inspiradora!

A garotada menos exigente há de gostar e se encantar, os adultos, nem tanto.

Ficha Técnica:

Direção: Enrique Gato

Elenco: Oscar Barberán, Trevor White, Michelle Jenner mais

Gêneros Animação, Comédia , Aventura

Nacionalidade Espanha









CORPO E ALMA



CORPO E ALMA é um daqueles filmes incômodos, para não dizer indigestos, porém necessários. Ildiko Enyedi conduz a direção com apurado senso de estética, com imagens de uma assepsia que beira a crueldade. Nos primeiros 30 minutos o espectador menos avisado fica perdido e a se perguntar se adentrou a sala certa, tamanha riqueza de detalhes, closes e informações que objetiva unicamente mostrar o universo em que os personagens convivem, residindo ai um dos grandes méritos...

Uma história de amor, Corpo e Alma nos narra um encontro de almas em sonhos e as sua consequências quando a realidade lhes é proposta... Mária e Endre são colegas num abatedouro e guardam uma característica em comum: ambos são pessoas estranhas ao uni verso social, ambas possuem comportamento próprio e incomuns a sociedade em que vivem...

Com atuações beirando personagens atuando no automático, estabelecem um universo para si e, encontram-se em sonhos, iniciando neles a história de amor, que se origina na esfera do universo de sonhos e desemboca na esfera do real com consequências pouco previsíveis...

As cenas são fortes, closes em abundancia a captarem as mesmas e repetidas expressões... A personagem de Mária as vezes lembra um robô, que em síntese é o resultado da vida milimetricamente programada e executada em que ela vive...

Falar de amor em um universo tão particular e a averso ao usual é de uma grande ousadia, tarefa executada pela diretora que consegue a façanha de aproximar os personagens num plano infinitamente distante do real... As cenas no plano lúdico são de uma beleza singular, onde sabiamente os personagens são vividos por animais, um veado e uma cerva enquanto que no plano real são de uma crueldade sem limites...

Assistir a CORPO E ALMA é um exercício sensorial de raro valor, uma experiência onde o limite do suportável é testado e mostrado o quanto nos esquivamos do real, da realidade que nos é apresentada e que vivemos fugindo ou inconscientemente evitando...

É um filme para ver e, rever e refletir, ou em alguns casos, certamente para ver e querer esquecer... Não há de passar em vão.

Ficha Técnica:

Direção: Ildiko Enyedi

Elenco: Alexandra Borbély, Morcsányi Géza, Zoltán Schneider mais

Gênero Drama

Nacionalidade Hungria

 

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017


EXTRAODINÁRIO


É um daqueles filmes que tinha tudo para cair no óbvio e dar errado, a velha e já a exaustão receita do dramalhão feito sob encomenda para chorar. Não é. Ao contrario do que poderia se esperar. é um belo, poético e sobretudo, realista drama que poderia acontecer a qualquer família.
Baseado num romance homônimo, o filme conta a história do garoto que nasce com deficiência facial, se submetendo a 27 cirurgias plásticas. A narrativa nos conta o universo que a família cria pra ele e sua saída desta bolha quando tem que enfrentar a escola, as pessoas, o mundo...
Sabiamente o diretor Stephen Chbosky, (que já nos deu As Vantagens de ser Invisível), de posse de um bom roteiro, um elenco equilibrado e harmonioso, dribla algumas armadilhas e nos brinda com um excelente filme... Não espere encontrar uma história de coitadinho, uma família perfeita e soluções mágicas tipo receita de bolo, para resolução de conflitos....Aqui os diálogos são cortantes, a família está longe de ser perfeita. mas é bastante equilibrada e o garoto passa por situações e humilhações, sem no entanto curvar-se a elas de maneira simplória ou desequilibrada.
O universo de seu calvário é traçado de maneira diferenciada. Aqui o diretor constrói uma narrativa utilizando-se do ponto de vista de cada dos envolvidos na história, deixando-nos apenas uma ponta sem nó: A história de Via e a amiga... Mas esse é mero detalhe...
Jacob Tremblay, que já vimos e nos emocionamos em O Quarto de Jack, mostra aqui, apesar de trabalhar sob pesada maquiagem, porque é uma das grandes promessas de sua geração, senão a maior delas. Compõe um August carismático, esperto e sensível, nos momentos apropriados livre de qualquer chavão, obviamente ajudado pelas boas e cortantes falas do roteiro... Sua atuação nos faz perceber a carência de premiação para atores mirins... Há muito que já se faz necessário... A proposito, o elenco que compõe a turma da escola é equilibrado e harmônico, fazem bonito...
Julia Roberts está ótima, como há muito não conseguia. Compõe uma mãe dedicada, amorosa mas realista...
Owen Wilson, longe das comédias padrão, faz um pai dedicado, bem humorado e sobretudo cúmplice... Finalizando a família Izabela Vidovic, a irmã que rouba as cenas em alguns momentos fazendo irmã amorosa mais renegada a segundo plano em função das prioridades do irmão caçula....
O filme em meio ao caldeirão de situações apresentadas nos fala de tolerância, diferenças, convivência conflituosa. amizade, dedicação, cumplicidade e amor... É uma bela e edificante história que em momento algum cai no lugar comum, no melodrama barato ou na receita fácil pra fazer rios de lagrimas nos lenços e grana na bilheteria...
É o filme que nos faz sair do cinema emocionados e crentes num mundo melhor e equilibrado, na força da generosidade e fraternidade das pessoas, no quanto é válido e necessário insistir e lutar por um ideal de vida e um sentimento nobre.


Ficha Técnica:
Data de lançamento 7 de dezembro de 2017 (1h 53min)
Direção: Stephen Chbosky
Elenco: Jacob Tremblay, Julia Roberts, Owen Wilson
Gêneros Drama, Família
Nacionalidade EUA

quarta-feira, 29 de novembro de 2017



ESTRELA DE BELÉM

Animação da SONY conta a já conhecida história do nascimento de Jesus Cristo, desde a anunciação pelo anjo Gabriel, desta vez com liberdade poética e livre adaptação, a versão é sob a ótica dos animais.
De caprichado apuro técnico, o que deixa de ser mérito, uma vez chegada a tecnologia ao alcance de todos os estúdios, os méritos ficam por conta do roteiro da empatia e carisma dos personagens... 
Meio que road movie, o roteiro não foge do usual. do padrão estabelecido, como um fórmula para dar certo, estão lá o bichinho trapalhão, o bobinho cheio de boas intenções, o salvador da pátria, o irônico esperto, enfim, um leque de tipos que dão vários e divertidos tons a história. Para a criançada carente de bons conteúdos, esta animação está de bom tamanho, correta nas abordagens, irônica na medida certa e sobretudo, fiel a história milenar que encanta jovens e velhos desde sempre... Talvez perlo compromisso com conteúdo sacro o roteiro não se aventura a grandes vôos ou até mesmo grandes alterações e experimentos, o que é compreensível, mas que talvez fosse um sopro de novidade... Ali o mau é efetivamente mau e o bom efetivamente bom... Como de fato nos conta a história... Foi decididamente uma tarefa não muito fácil transitar neste dois mundos(história real e animação) e sair deste transito em paz, aliás tareefa cumprida com mérito, ao menos aos olhos dos pequenos e adultos mais conservadores.
Ficha Técnica:
Roteiro: Carlos Kotkin
Produção: Jennifer Magee-Cook, Warren Franklin
Trilha Sonora: John Paesano
Estúdio: Affirm Films, Columbia Pictures, Sony Pictures Animation
Montador: Pam Ziegenhagen
Distribuidora: Sony Pictures
Nos cines: Cinemark Salvador Shopping, Bela Vista, Itaú Glauber Rocha, Orient paralela, Shopping barra, Shopping da Bahia - Ainda em Pré-Estréia. Consultar horários;.
Ficha Técnica:
Roteiro: Carlos Kotkin
Produção: Jennifer Magee-Cook, Warren Franklin
Trilha Sonora: John Paesano
Estúdio: Affirm Films, Columbia Pictures, Sony Pictures Animation
Montador: Pam Ziegenhagen
Distribuidora: Sony Pictures
Nos cines: Cinemark Salvador Shopping, Bela Vista, Itaú Glauber Rocha, Orient paralela, Shopping barra, Shopping da Bahia - Ainda em Pré-Estréia. Consultar horários;.

domingo, 19 de novembro de 2017

Com Amor, VAN GOGH
Com pinturas feitas a mão, o que consumiu o trabalho de uma centena de artistas, primeira experiência com essa técnica, o filme já nasce um clássico. Tomando por inspiração e construção de roteiro algumas cartas deixadas pelo próprio Van Gogh, escritor contumaz, o filme nos conta em meio a flash backs e depoimentos de pessoas que conviveram com gênio e imortalizadas em suas pinturas, os dias que antecederam sua morte e a busca por explicações...
A técnica é de uma beleza estonteante, de uma poesia sem igual, é como se as obras que crescemos admirando e estudando ganhassem vida, e sim, elas ganham vida... As obras serviram como base para as várias situações e conflitos apresentados na tela(de cinema), um achado.Gênio da pintura que teve apenas uma única obra vendida quando em vida, nos passa através de seus pensamentos e citações uma beleza e inquietação interior aliados a um desejo de fazer arte visceral..."Quando sinto uma terrível necessidade de refugio, saio a noite para pintar as estrelas." dizia...O filme é de uma beleza espetacular, as imagens bem construídas. de um apurado aspecto técnico, preservando o traço e sua marca registrada, numa paleta de cores de raro equilibro e paixão nos passando uma sensação de que, o filme todo ele, é uma obra, uma tela(de pintura) em movimento, ganhando vida, beleza e sentimento frame a frame...A tristeza de uma vida atribulada, a doença e a morte são amenizadas pela beleza de sua obra."Ache belo tudo que puder. A maioria das pessoas não acha belo o suficiente." dizia Van Gogh...O filme é belo e tocante, um passeio por uma obra rica e perturbadora, de beleza singular. Obrigatório para os amantes ou não da arte e da vida!Ficha Técnica:Título Loving Vincent (Original)Ano produção 2017Dirigido por Dorota Kobiela Hugh WelchmaDuração 95 minutosClassificação 14 - Não recomendado para menores de 14 anosGênero: Animação Biografia DramaPaíses de Origem Polônia

Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte


A VILÃ
Byung-gil Jung, nos brinda com uma película de ação movimentada, bem coreografada e inteligente... Há uma utilização exagerada de sangue e um massacre pouco vistos nas telas com consistência, conteúdo e o melhor, com roteiro inteligente o suficiente para não acharmos nada gratuito... A trajetória de Sook-hee (Ok-bin Kim), mulher criada e treinada para matar nos remete a NIKITA. O filme nos mostra as conturbadas idas e vindas, único senão, que por vêzes pode confundir os menos atentos, as costuradas e idas e vindas explicativas em alguns momentos soam confusas, mas nada que comprometa o bom desempenho do elenco, o pulso firma da direção e a narrativa equilibrada com cenas e momentos de ações e outros de rara ternura e até mesmo romance, residindo ai seu mérito. A sequencia inicial é de fazer qualquer um pirar, bem construída numa coreografia ágil e tensa, de uma inovação digna de elogios, só ela já nos paga o ingresso, depois é claro da sequencia da noiva, inesquecível! !
O cinema coreano vem nos surpreendendo, nos brindando com ótimos e inusitados filmes que há muita já sairam da linha de violência gratuita, sem história ou conteúdo...
Título Ak-Nyeo (Original)
Ano produção 2017
Dirigido por Byeong-gil Jeong
Duração 123 minutos
Classificação 16 - Não recomendado para menores de 16 anos
Gênero
Ação Drama
Países de Origem
Coreia do Sul

terça-feira, 7 de novembro de 2017



VICTORIA & ABDUL

A cena inicial adverte: baseado em fatos reais e algo mais...
Stephen Frears nos brinda com uma bela, leve e humana história, ainda que com um gostinho de : Poderia ser melhor... Encabeçada por Judi Dench, (que mais uma vez faz, irretocavelmente a rainha) e Ali Fazal, a narrativa é sustentada mais uma vez no choque de culturas e na transformação de um monarca, no caso a rainha que sensibilizada e encantada com a ousadia de Abdul, transformando-o assim em seu confidente... Ainda não temos ai o melhor de Frears, nem tão pouco Judi esta no seu melhor momento, o que não a invalida do tremendo esforço para segurar o filme ao longo das duas horas aproximadamente...
É o tipo de historia redondinha, com situações já vistas que, equilibradas com a atuação, sempre elogiada de Judi e o competente trabalho de Fazal acabam por nos deixar com a sensação de dever cumprido do diretor...
As locações são primorosas, a fotografia bucólica e a sonoplastia pertinente emolduram este que é um dos filmes medianos, mas que não chega a decepcionar.
Ficha Técnica:
Data de lançamento 16 de novembro de 2017
(1h 52min)
Direção: Stephen FrearsElenco: Judi Dench, Ali Fazal, Eddie Izzard maisGêneros Biografia, Drama, HistóricoNacionalidades Reino Unido, EUA

segunda-feira, 6 de novembro de 2017



GABRIEL e a Montanha

Há muito que uma produção nacional não me arrebatava tanto... Conhecia a história do Gabriel, como boa parte dos brasileiros mais atentos, no entanto não imaginava pudesse ser contada com tanto amor, tanta beleza, tanta ternura. Compreendo que neste caso, em específico, muitas são as afinidades e muitos são os motivos que me encantaram na narrativa: Viagens, trilhas, natureza, amor ao próximo, desprendimento e vontade de mudar o mundo a partir de mudança interior e comportamental. Dentre outros, além da admiração e afeto que foi construído em mim ao longo do filme por uma pessoa que nem sequer conheci, e que o Barbosa, com seu talento e me fez amar.
Felipe Barbosa já tinha nos brindado com um excelente filme, CASA GRANDE, sucesso de crítica, talvez de público nem tanto, mas bastante reconhecido e premiado em vários festivais... Pois bem, com esse projeto, ele dá um passo gigante em sua carreira quando nos brinda com uma pequena grande obra prima. Com a ideia genial de sair da linha usual dos documentários, saiu em campo com as anotações e fotos, refez seu percurso e mantendo contato com as pessoas que cruzaram na vida de Gabriel (algumas nem sabiam ainda do ocorrido) as convidou para reviver com atores profissionais as situações partilhadas ao longo de sua maratona... Deu certo, a interação entre os dois atores profissionais João Pedro Zappa e Caroline Abras e as pessoas com as quais Gabriel conviveu funcionou e é de uma beleza e delicadeza sem precedentes... Obviamente que problemas ocorreram, afinal se trata-se de não atores, mas creio que a boa energia e luz de Gabriel pairou sobre todos e o que se vê na tela é uma bela, apesar de triste história, bem amarra e com muitas mensagens a serem aprendidas...
Com a ajuda da namorada e da família, Barbosa conseguiu amarrar um roteiro fiel a realidade sem ser piegas ou dramático... A história nos é contada de maneira suave, verdadeira e encantadora... Gabriel ganha vida, sua mensagem é partilhada, seus ideias são lançados e o mais importante, sua busca nos mostra que viver requer de nós mais entrega, mais coragem e mais audácia...
A atuação dos atores é irretocável, com direção amorosa e pontual eles cumprem bem o papel e nos faz, nas duas horas de projeção viajar e juntos questionarmos o sentido da vida... Isso não é pouco... A atuação das pessoas que conviveram com Gabriel convencem e em algumas cenas são, decididamente muitos superiores a cenas de filmes outros compartilhadas por atores profissionais, e isso porque ali pairava sentimento, afeto, uma espécie de devoção e verdade... Um primor!
A fotografia e trilha sonora dispensam comentários, emolduras com todas as honras cada minuto!
Não vale aqui comentar sobre aspectos mais pontuais da história, deixemo-nos arrebatar pelas surpresas e pela iluminada narrativa... Talvez o pouco que se saiba nada seja perante o mostrado no filme...
Quanta generosidade desta família e desta namorada, quanto amor e afeto deste diretor amigo e corajoso que se lançou nesta empreitada e, tenho certeza, sai dela muito maior e mais íntegro do que já mostrava ser!
Que maneira simples, bela e afetuosa de dizer: Gabriel, nós amamos você!!!
Ficha Técnica:
Direção: Fellipe Barbosa
Elenco: João Pedro Zappa, Caroline Abras, Leonard Siampala mais
Gêneros Aventura, Drama
Nacionalidades Brasil, França
Serviço:
Em cartaz nos cines:
Cinépolis Bela Vista, Espaço Itaú Glauber Rocha, Sala de Arte Cine Passeo e Cinema do Museu
Em Tempo : Lançado hoje semana o livro. Gabriel, as Montanhas e o Mundo (Autografia Editora), da jornalista Alícia Uchôa e de Fátima Chaves de Melo Buchmann, mãe do economista, é um conjunto de “causos” de viagens, histórias e impressões registradas – com destaque para a sua volta ao mundo -, em e-mails e mensagens trocadas com a família, amigos e a namorada. Imperdível!
Serviço:
GABRIEL, AS MONTANHAS E O MUNDO
Editora: Autografia
Autora: Alícia Uchôa e Fátima Chaves de Melo Buchmann
Páginas: 260
Formato: 16x 23 cm
Preço: R$ 59,00

segunda-feira, 16 de outubro de 2017


BLADE RUNNER 2049



A ansiedade foi grande e talvez p medo ainda maior ... O que seria do BLADE 35 anos depois??? Era a terrível dúvida... Foi duro aguardar e conter a ansiedade, mas valeu a pena ... e como valeu ... Não poderíamos ter melhor e mais acertada direção do que a do cuidadoso e talentoso Denis Villeneuve(um desafio vencido com gloria) que já nos brindou com pérolas (Incêndios, Sicário, A Chegada, dentre outros ...)e se mostra hoje como grande nome na direção ... Mexer em time que tá ganhando não é fácil... E, em se tratando do cultuado Blade Runner de 82 poderia ser um tiro no pé... Não foi, vejo aqui a redenção ... Sem exagero consegue superar o cult! Roteiro primoroso, fotografia espetacular (tá na hora de premiar o Roger Deakins, 13 indicações e nenhum prêmio ...) e trilha sonora perceptivelmente inspirara no Vangelis( um achado e momento de rara inspiração do Hans Zimmer que apostou na inspiração em Vangelis)... Cenografia escandalosa que soube fazer a transição sem descaraterizar uma Los Angeles 35 anos depois ... O filme é longo e envolvente ... Ver Harrison Ford de volta é outro achado ... Elvis Presley, Marilyn Monroe e Frank Sinatra também estão por lá numa sacada de mestre ... Bem, não cabe aqui falar da história ... Não é um filme fácil de ação previsível e pancadaria ... É lento, poético, visionário e sedutor e em suas quase 3 horas faz uso de cada segundo de maneira exemplar, nada que está ali soa como excesso ou dispensável ... Muito pelo contrário, é vital para o entendimento ! Se em 82 Blade foi esnobado e injustiçado para depois ser reconhecido é cultuado, com o 2049 isso não acontecerá ... Ele já nasce cult e sopro de vida e renovação a ficção científica, ultimamente tão repetida à exaustão ... É pra ver e rever e sair feliz! FILMAÇO !!!!




ENTRE IRMÃS


Adaptação do livro A COSTUREIRA E O CANGACEIRO tem roteiro de Patricia Andrade e direção de Breno Silveira, que já nos deu 2 Filhos de Francisco, Gonzaga-De pai pra Filho, A Beira do Caminho, Era Uma vez, dentre outros. Seguindo a linha de sua filmografia, temos aqui mais um drama de forte apelo emocional, que como ele mesmo admite, são construídos para fazer tocar, emocionar e... chorar.
A adaptação de Patricia nos chega com algumas licenças poéticas e inclusive alguns acréscimos. Claro que se trata da história de Lampião, que em momento algum é mencionado, assim como também outros personagem do panorama sócio-politico da época... um detalhe...
Gravado no sertão pernambucano e com um trio de atrizes de luxo: Marjorie Estiano, Nanda Costa e Cyria Coentro, Breno nos brinda com um belo e redondo filme, onde o mérito maior é a construção de personagens e sobretudo, uma rara oportunidade de termos uma forte presença feminina, uma vez clara a evidencia do brilho e importância da protagonista visceralmente vivida por Marjorie Estiano que aqui nos mostra porque é uma das grandes atrizes desta nova geração.
Com pulso firme, mas não menos terno, Breno nos brinda com um filme relativamente longo para os padrões nacionais, são 2 horas e 40 minutos que apesar de não enfadonhos, mas para não acostumados talvez arrastado, o que a mim não incomodou.
O romance da autora pernanbucana criada em Miami Frances de Pontes Peebles conta um pouco da saga do gangaço a sua maniera e com todas as misturas a que tem direito e, obviamente com um viés feminino, grande mérito. A historia das duas irmãs separadas é contada em paralelo é de uma beleza e de um drama em igual medida que nos arrebata e emociona. O trabalho das atrizes é de uma veracidade e de uma beleza singular. Cyria, uma gigante em cena, é responsável pelo pilar das três na primeira hora de projeção, em seguida o que vemos são duas histórias em paralelo com suas coincidências, suas semelhanças e seus carmas.
Com uma reconstituição de época primorosa, uma trilha sonora lacrimosa e uma fotografia espetacular(a aridez do sertão impressiona), não tem como não se emocionar... Não é de apelo gratuito e desnecessário, mas arrebata e engole os mais sensíveis e certamente ha de dividir opiniões.
Muito bom e gratificante ver a atuação de atores bahianos, a exemplo de Jussara Mathias, que aos poucos vem pavimentando seu caminho no cinema em pequenas participações e Rita Assemany que longe dos palcos, nos deixa aqui com saudade dos bons e velhos tempos em que nos brindava com grandes e antológicas pérolas...
O grande pecado da narrativa do Breno é ser muito redondinha, chegando a beira do didático onde tudo é muito explicado e concluso, poderíamos aqui ter uma bela e tocante obra aberta e quem sabe mais coesa e sedimentada, em sendo assim os comentários e comparações com as novelas globais serão inevitáveis, o que de forma alguma lhe desmerece os méritos. Ainda não temos aqui sua obra prima, mas certamente um grande filme onde soubee aproveitar e enaltecer o talento de grandes atrizes, num quadrado tão dominado por atores. Ponto para este grande achado!
Cyria Coentro, impressionado com mais essa bela e tocante atuação... Marjorie Estiano, cada vez mais surpreendido com a visceralidade que você impõe em tuas atuações, Jussara Mathias feliz, muito feliz por te ver na tela grande, Rita Assemany, saudades, muitas saudades de você nos palcos...
Serviço:
Direção: Breno Silveira
Roteiro: Patrícia Andrade
Elenco: Nanda Costa , Marjorie Estiano , Júlio Machado , Rômulo Estrela , Letícia Colin , Cyria Coentro , Claudio Jaborandy
Em cartaz: Salvador Shopping, Bela Vista, Espaço Itau Glauber Rocha, Sala de Arte Passeo, Cinema da UFBA

terça-feira, 5 de setembro de 2017


UMA MULHER FANTÁSTICA
Nas primeiras cenas de UMA MULHER FANTÁSTICA, a bela e cultuada canção de Alan Parson Project TIME é moldura para um momento de amor e cumplicidade numa dança a meia luz e já nos da uma dica do vem por ai... A letra nos fala muito...
Marina é trans, vive uma vida de dureza trabalhando como garçonete durante o dia e a noite canta num bar... Ali realiza seu sonho de ser cantora... Sua vida começa a mudar quando seu namorado passa mal e vem a óbito... A partir de então tudo vira de ponta a cabeça....
O chileno Sebastián Lelio com sensibilidade vai nos contar a mudança na vida de Marina em meio a um sofrimento e uma quase aceitação de comover... Marina é trans, o namorado é separado, a família dele não a aceita e a humilha quando pode,, os amigos convivem com a situação. De maneira sutil e sábia Leilo aborda a situação desta relação em meio a uma sociedade conservadora e preconceituosa, não só em relação a questão de gênero, mas também o preconceito com relação a idade, Marina tem idade de ser filha do namorado... A narrativa é construída com foco quase que exclusivo em Marina, nenhum personagem alem dela tem um histórico de vida ou uma participação mais efetiva que ela, até mesmo do namorado sabemos muito pouco ou quase nada, talvez ai o maior achado do filme, esta concentração na sua dor, nos limites que lhe são impostos. A ela tudo lhe é negado ou subtraído, inclusive o direito de viver e de sentir a própria dor.
Daniele Vega é um achado, compõe um personagem de força singular no olhar, atitudes comedidas e finas e gestual elaborado, rouba portanto a cena e faz jus ao título nos fazendo pensar e questionar um conflito tão atual e instigante.
Há pouco vimos a produção brasileira estrelada por Carolina Ferraz A GLORIA E A GRAÇA que passou meio que imperceptível, um belo e bem elaborado trabalho de Flávio Ramos Tambellini, sem qualquer sinal de estereótipos e uma bela e elogiada composição de personagem soberb amente defendida por Ferraz.

Data de lançamento 7 de setembro de 2017 (1h 44min)
Direção: Sebastián Lelio
Elenco: Daniela Vega, Francisco Reyes, Luis Gnecco mais
Gênero Drama
Nacionalidades Chile, Alemanha, Espanha, EUA

sexta-feira, 1 de setembro de 2017



ATÔMICA
... É um daqueles filmes que você aguarda com expectativa e acaba por te surpreender superando as expectativas... Projeto ambicioso de Charlize Theron, que não poupou  esforços, inclusive físicos, e que de tão redondinho e esteticamente bem construído, entra desde já para a galeria dos melhores filmes  de ação, seja lá com protagonista feminino ou não... Em tempos de empoderamento feminino é um verdadeiro hino, uma ode ao poder das mulheres, friso aqui, em todos os sentidos, subvertendo até o velho clichê romântico, numa bela tacada de inovação, é pura injeção de ar novo numa formatação tão engessada e tradicionalmente previsível... Sinal dos tempos...
Bem, a história pode não ter muito de criatividade: Agente parte em missão (frise-se, sozinha) em uma Berlin pré-queda do muro, presumidamente aguardada por um possível parceiro e entra na vibe de nada é o que parece ser... Ficamos aqui para não estragar as surpresas...
A cena inicial já resume a mensagem  e nos diz a que o filme veio... Numa bela e bem enquadrada cena, uma Charlize detonada banha-se numa banheira, mergulhada num azul eletrizante... Seguindo a tese  de humanização dos heróis (inas). Mocinhos(as) o que vemos é uma protagonista machucada, muito machucada... Corpo coberto por hematomas e olho roxo, são apenas alguns sinais do sofrimento vivido, e ainda assim muito bela...  Apoiado numa trilha sonora sensacional e, desde já candidata a cult pelos saudosistas daquela década o filme tem inicio com uma sucessão de lutas e confrontos coreografas de uma precisão e elegância pouco vista e com um detalhe que faz toda a diferença: Charlize dá e recebe porrada dispensando dublê... É pouco ou quer mais??? Atuação que lhe custou problemas graves nos  joelhos, costelas e dentes...
A grande sacada do filme é exatamente se apropriar de um tema batido e através de um roteiro bem construído, dá-lhe nova roupagem, faze-lo inteligente e, sobretudo interessante...
James Mcavoy que já nos tinha brindado com uma surpreendente composição de personagem em FRAGMENTADO, continua aqui a nos mostrar porque é um dos maiores e melhores de sua geração.. Iniciando as gravações ainda machucado por conta de complicações em FRAGMENTADO faz uma dobradinha (de boas atuações) com a Charlize, nos reservando momentos eletrizantes e geniais...
Dirigido com pulso forte por David Leitch, que deu uma mexida substancial na história original, alongando e coreografando as lutas, que são o ponto alto do filme, coroando com a participação da Charlize sem dublê,  injetando maior dinamismo e emoldurando por belas e emblemáticas canções dos anos 70... Um primor. Há momentos que o filme vira uma sucessão de vídeo-clips bem montados  e dinâmicos... Outro achado, impossível não falar:  são as belas e sensuais cenas protagonizadas por Charlize e  Sofia Boutella (A MÚMIA), um grande diferencial do filme, principalmente em tempos  de intolerância...  aqui,  sutilmente e com rara beleza, a narrativa deixa para trás, sem maiores alardes um conservadorismo há muito ultrapassado...
É uma narrativa veloz, onde a tônica é a violência, muita porrada e muito tiro, que equilibrando-se com a musica e a beleza da protagonista acabam por se equilibrar nos dando uma deliciosa e bela diversão.
FICHA TÉCNICA
Título original: Atomic blonde
Distribuição: Universal
Data de estreia:  qui, 31/08/17
País:  Estados Unidos
Gênero:  ação
Ano de produção:  2016
Duração: 115 minutos
Direção: David Leitch
Elenco: Sofia Boutella,  Charlize Theron, James McAvoy



quinta-feira, 31 de agosto de 2017


EMOJI – O FILME

Apedrejado pela crítica, mal falado pelo blogueiros, esta semana estreia no país, a animação da SONY,  EMOJI- O FILME, cujos protagonistas são as carinhas usadas a exaustão nos celulares em substituição as palavras, mais um recurso  adorado pelo preguiçosos de plantão... A história do filme é centrada no Emoji Meh, carinha do desânimo que, inconformado em ser encaixotado (literalmente|), não consegue desempenhar um só papel, acomodar-se a um padrão que lhe foi imposto. Em paralelo Alex (o humano) tem problemas com o celular e com a gatinha da escola, cujo contato, ainda que através do celular, não consegue emplacar...  A síntese do filme se resume na fuga de Meh, uma vez rejeitado por não conseguir manter-se “desanimado”, ou no padrão, aliás como seus país o são, desde sempre...  Bem, elencar como personagens de roteiro carinhas sem vida e fazer de  uma simples ida para conserto do celular mote do roteiro não é a maior e melhor das ideias, isto se compararmos a outras ideias brilhantes e roteiros mais inspirados e criativos, no entanto não creio que aqui, careçamos de comparação para julgar ou não os méritos de EMOJI, que,  é sim, uma boa animação... Primeiro por se tratar de uma animação bem elaborada, colorida e dinâmica (como demanda seu publico alvo) e depois por,  sutilmente questionar valores e posturas, conflitos vividos por uma geração digital que ainda não se encontrou... Com piadas inteligentes, tiradas sutis e bem construídas, ainda que quisesse, ou que fosse sua pretensão, não é nenhuma obra prima, no entanto esta longe de ser a pior animação como  propagado por ai por patrulheiros de plantão... Acho bacana mais esta produção da SONY se preocupar com temas tão importantes,  de abordagens e discussões necessárias, ainda que de maneira sutil e velada...  Aqui se fala da importância dos amigos de verdade, da busca pelo ideal, do papel  feminino e principalmente da importância da jornada, afinal em tempos tão ágeis e voláteis, cuja busca por ideais pré-estabelecidos e/ou padronizados passou a ser a bola da vez, questionar é sempre saudável.  Ainda que nos falem pouco, não deixa de ter certo mérito,  carinhas sem vida própria ensinar de maneira poética e sutil almas de verdade contaminadas por essa ânsia volátil e desnecessária por aceitação e aplauso daqueles que em sua esmagadora maioria, mal conhecem...  O mal do século.
Data de lançamento 31 de agosto de 2017 (1h 26min)
Direção: Tony Leondis
Nacionalidade EUA




COMO NOSSOS PAIS

Vencedor com louvor do ultimo festival de Gramado, onde levou nada menos que 6 estatuetas, o novo trabalho de Lais Bodanzky que estreou com o pé direito em Berlim onde foi elogiado, ainda conseguiu o premio num festival em Paris, não é pouca coisa, este é o seu melhor(são dela Bicho de Sete cabeças e As Melhores Coisas do Mundo) trabalho, cujo amadurecimento se percebe em cada detalhe.
Como Nossos Pais nos fala do universo de Rosa que em meio a uma crise, recebe num  almoço familiar de domingo uma revelação bombástica que vai alterar tudo em sua vida...  A narrativa é centrada na crise que Rosa enfrenta em meio as suas atribuições enquanto mãe, mulher e pessoa, um manancial de situações que envolve sua relação com o outro e consigo mesma...  Rosa corre para dar conta da criação de duas crianças, o emprego, a casa, o marido, a mãe e um pai que vive nas nuvens... Dona de uma sensibilidade espetacular, Lais nos brinda com uma infinidade de sutis detalhes que falam por si e nos levam a um entendimento sem muitas explicações. A chuva que cai em meio ao almoço é um prenuncio do que vem pela frente... Um verdadeiro achado...
Com diálogos bem construídos e sequências bem elaboradas, este é de longe o melhor trabalho de Lais, que no seu todo revela o amadurecimento e qualitativo salto em sua carreira. Com um elenco excelente ( Maria Ribeiro, Paulo Vilhena  e Clarisse Abujamra) a narrativa flui e chega a ser cortante e cruel em alguns momentos, mas longe de ser  assustadora ou gratuita, ali é tudo muito verdadeiro, ali se pode ser honesto sem soar dramático demais... Os diálogos cortantes e de refinada ironia entre mãe e filha que não conseguem um só momento de ternura e afeto são impressionantes... Sutilmente situações diversas e seus questionamentos nos são  apresentados  e num emaranhado entre a relação de Rosa com a mãe, o marido, as filhas, o pai,  e,  principalmente consigo mesma pode a primeira vista parecer lugar comum... Não é. Laís sabe fazê-los crescer e aprofundando na medida, sabe também conduzir e costurar estas situações que facilmente cairiam no clichê do lugar comum, o aqui não acontece...
Ficha Técnica:
Gênero: Drama
Estréia: 31/08/2017
Direção: Laís Bodanzky
Elenco: Annalara Prates, Clarisse Abujamra, Felipe Rocha, Jorge Mautner, Maria Ribeiro, Paulo Vilhena, Sophia Valverde


segunda-feira, 21 de agosto de 2017



BINGO – O REI DAS MANHÃS
Uma cena aparentemente  solta, banal, entre figurantes talvez seja uma das mais emblemáticas para os mais atentos , e sintetize  um pouco a história do que foi para a TV e a criançada da década de 80 o palhaço BINGO,  ou melhor dizendo BOZO: Em meio a uma premiação o BINGO real está  frente a frente com o BINGO da ficção...  
Com um currículo invejável de montagens (Cidade de Deus, Tropa de Elite, Diário de Motocicletas e Ensaio Sobre a Cegueira) Daniel Rezende faz sua estreia na direção em grande estilo. Com um elenco de feras, encabeçado por Wladimir Brichta, aqui em sua melhor atuação (num exemplo claro de amadurecimento),  uma reconstituição de época  primorosa e uma trilha nostálgica, Rezende nos oferece um dos melhores filmes desta ultima safra, uma verdadeira pérola!
O filme nos fala da história de Augusto Mendes(Arlindo Barreto) personagem de Brichta, um dos 12 atores que fizeram o BINGO, ao longo de seus 10  ou 11 anos  na TV, sua carreira de pouca visibilidade enquanto ator pornô, sua meteórica subida ao estrelato e sua descida ao purgatório... Aqui os personagens (verídicos) não ostentam seus nomes verdadeiros, a exceção da Gretchem, numa especie de afetiva homenagem,  por motivos diversos, que talvez não venham ao caso, o que não deixa de ser uma deliciosa brincadeira identifica-los dentro do contexto da época, sendo desnecessárias maiores pistas, é fácil e impressionante!   Filho de atriz famosa, Marcia de Windsor, bem representada aqui por Maria Lucia Torre, Augusto/BINGO vê sua vida mudar ao conseguir, de maneira inusitada e criativa em meio a 100 concorrentes, a sonhada vaga e possibilidade de estrelato... Daí  é uma sucessão de vitórias em meio a queda  e a frustração por ser apenas uma máscara, uma sobra, uma vez que por força de cláusulas contratuais não poderia revelar sua identidade.... Ficamos aqui na história...
Numa montagem dinâmica, sem ser corrida, Rezende mostra passo a passo desta trajetória e faz mais, mostra o painel da televisão naquela época, em meio a problemas sociais e, evidentemente, horas com sutileza, outras nem tanto, o universo das TVs e suas celebridades... Uma delicia! Os objetos de cena  e alguns cenários fazem uma viagem no tempo sem roubar a cena... Preste bem atenção nos elementos que compõem o cenário, é de uma nostalgia singular para quem  compartilhou aquela época, na opinião de muitos, talvez uma das décadas mais musicais e culturais... Vide a sonoplastia do filme.
O elenco está muito bem, atuações irretocáveis ... Merecendo ressalvas a pequena mas emblemática participação de Emanuelle Araújo e do saudoso Domingos Montagner, em cenas que remetem ao universo do circo, que ele tão bem abraçou e vivenciou  e do garoto Cauã  Martins, uma revelação...  isso sem falar na Leandra Leal, beirando a perfeição como sempre... Bem, com um time deste, um argumento excepcional e um bom roteiro, tá pronto o filme dos sonhos!
A atuação do Vladimir Brichta é visceral e irretocável, com ou sem maquiagem, seu olhar é a tônica e alma do filme... Mergulhou de cabeça e conseguiu fazer desta, sua melhor atuação. Vejo nesta produção uma evolução considerável, se levarmos em consideração a avalanche de comédias e afins, bem como também de tentativas infrutíferas de mergulhos em dramas de valor duvidoso. É um filme bem construído e afetuoso para com todos aqueles ali retratados, verdadeiro e belo sem ser apelativo.
FICHA TÉCNICA:
Gênero: Drama
Estréia: 24/08/2017
Direção: Daniel Rezende
Elenco: Ana Lúcia Torre, Augusto Madeira, Cauã Martins, Emanuelle Araújo, Leandra Leal, Raul Barreto, Tainá Müller, Vladimir Brichta


sexta-feira, 11 de agosto de 2017


VALERIAN E A CIDADE DOS MIL PLANETAS

Luc Besson é um diretor de carreira brilhante e inovadora em seus primeiros trabalhos, vide O PROFISSIONAL, IMENSIDÃO AZUL, O QUINTO ELEMENTO, me arrebataram e me marcaram... Não há como esquecer a obra prima que é O PROFISSIONAL...no entanto abraçou ficção cientifica enquanto espetáculo de luz , cores e som, ou seja um show de pirotecnia, que as vezes deixam o conteúdo a desejar...
Ele agora nos brinda com VALERIAN, que se não é dos seus melhores, também não chega a ser o pior... A saga do casal de protagonistas que viajam no tempo para salvar planetas em meio a uma situação afetiva irresolvida é o mote deste longa baseado num quadrinho, paixão do diretor... O filme é um espetáculo de imagem e efeitos , visual caprichado, cuja trilha sonora, deixa um pouco a desejar. Nos remete a outras ficções, sem maiores inovações... Algo sem personalidade que não ajuda muito a um casal de jovens protagonistas que também não gozam de boa química... O roteiro até que cria e se esforça em situações inusitadas e por vezes de humor veladamente sarcástico, mas nem assim o objetivo é atingido... Os efeitos especiais são o grande mote do filme, que em um dos maiores orçamentos já vistos na França, capricha na criação dos planetas, e em especial de seus habitantes, em alguns momentos nos remete a Avatar, apenas na questão visual... A história meu lenta demora um pouco de engrenar nos 40 minutos iniciais, no entanto ganha vigor e maior desenvoltura nos minutos que se seguem até o final. A atuação dos atores Dane DeHaan e Cara Delevingne, respectivamente Valerian e Laureline não passam do regular, deixando a impressão, como já comentei, que lhes faltou a química necessária que empolgue. O roteiro também do Besson não ajuda muito, são muitas ações, numa trama meio confusa que, para complicar conta com um mocinho que pousa de mulherengo mas não convence em nenhum momento e uma mocinha durona que soa fake. Bem, em meio a isso fica pronta a escada pra Rihanna roubar a cena e brilhar...
Fica-nos a sensação que Besson construiu um espetáculo de visual primoroso mas, sem a alma necessária pra arrebatar, numa narrativa demasiadamente longa pro conteúdo... Em 138 minutos conta-se bem uma história... Do contrario esses minutos viram uma eternidade...
Ficha Técnica
VALERIAN E A CIDADE DOS MIL PLANETAS (Valerian And The City Of a Thousand Planets)
Distribuidor:Diamond Films
Gênero: Ficção Científica, Ação, Aventura
Classificação Etária: 12 anos
Tempo de Duração: 2h 18min
Direção: Luc Besson
Roteiro: Luc Besson
Produção: Luc Besson
Trilha Sonora: Alexandre Desplat
Elenco: Dane DeHaan (Valerian), Cara Delivingne (Laureline), Clive Owen (Auru), Rihanna (Bubble), John Goodman (Igun)

MALASSARTES E O DUELO COM A MORTE

Cresci ouvindo histórias de Pedro Malassarte num disco de vinil de um lado e da Chapeuzinho Vermelho do outro, eis que agora resolvem adaptar a obra para o cinema... O filme conta a história de Pedro,  um jovem matuto que vive dando um jeitinho em tudo e fugindo de suas responsabilidades, no sertão brasileiro, um Gerson Mirim(lembram? Aquele da lei) . O universo de Pedro é o nordeste brasileiro, os tipos carismáticos e inocentes que de alguma forma acabam por ser vitimas de suas espertezas... Nesta narrativa o foco é  pautado em seu duela com a morte , suas  tentativas de enganá-la e saldar uma divida com o irmão da inocente namorada... Não há como evitar pequenas comparações com o Auto da Compadecida, lembrando-se que, esta sim, uma pequena obra prima...
Dirigido por Paulo Morelli, que conta com um elenco potencialmente equilibrado, destacando=se a grande promessa do cinema nacional, o pernambucano Jesuíta  Barbosa, Isis Valverde, Julio Andrade,  Vera Holtz, Leandro Hassum e Milhem  Cortaz,  e em meio a muitos efeitos especiais, o filme não chega a arrebatar...  E inegável a evolução dos efeitos especiais em filmes nacionais, e neste, se não chegam a perfeição, são de um progresso espetacular, no entanto desnecessários num universo tão rico em beleza, bucolismo e poesia... Talvez a história carecesse de uma visão menos high tech, menos glamourisada, como nos é apresentada...
A atuação dos atores as vezes beiram o caricato, o Jesuita, com muito esforço, e em meio a algumas repetições  impostas pelo roteiro,  meio que carrega o filme nas costas, a Isis, é sempre a Isis,  o Hassum nos brinda com uns poucos momentos de humor mais articulado ...
Em meios a espertezas e idas e vindas numa narrativa talvez um pouco confusa para o público alvo, não chega a decepcionar, mas nos deixa com um gostinho de que poderia ter seguido um outro caminho e nos dado uma outra sensação, que não a de um Harry Potter tupiniquim... Uma pena.
Data de lançamento:  10 de agosto de 2017  (1h 50min)
Direção: Paulo Morelli
Elenco:  Jesuíta Barbosa, Ísis Valverde, Júlio Andrade, Vera Holtz, Leandro Hassum, Milhem Cortaz
Gêneros Comédia, fantasia
Nacionalidade Brasil


segunda-feira, 7 de agosto de 2017


O ESTRANHO QUE NÓS AMAMOS



Em 1971, sob a direção de Don Siegel e protagonizado por Clint Eastwood e Geraldine Page, a  história do soldado John McBurney, encontrado ferido na floresta pela garotinha Amy socorrido e levado para o internato de moças é lançado nos cinemas. A chegada do estranho dá uma sacudida na pacata e rotineira vida das nove mulheres que habitavam aquela casa
Agora Sofia Coppola faz uma bela e tocante releitura desta intrigante história que nos fala de desejo, paixão, amor e ódio. Em suas mãos o roteiro ganhou uma enxugada (duas das mulheres foram limadas, incluindo ai uma empregada negra), abriu mão da trilha sonora e em seu lugar emoldurou suas imagens com canto dos pássaros, pontuou as cenas com imagem do bucólico e gótico casarão e manteve a luz natural, o que nos legou um lirismo provincial. Habitué de abordagens do universo feminino, o que faz\ com muita propriedade e personalidade, mais uma vez apõe sua marca e centra o conflito no olhar das mulheres e não sob o ponto de vista masculino como na versão de 71. Reside ai seu maior achado e a transformação que a narrativa sofre e só tem a ganhar. Suprimido a conflito vivido pela protagonista Nicole Kidman que nesta versão vive Martha, a diretora da instituição e na versão de 71 era quase uma sub trama, o filme fica mais coeso e centra-se na transformação sofrida por essas mulheres em meio a presença do estranho, que aqui, em outra sábia alteração, não mais figura como o garanhão sedutor, dono do pedaço vivido pelo Clint Eastwood. Nesta versão temos um Colin Farrell mais comedido, cortês, sensível e educado. Se na versão de 71 havia algum erotismo mais explicito, e cenas outras mais pontuais e detalhistas, nesta versão o conflito psicológico é a prioridade, inclusive a personagem vivida pela Kirsten Dunst ( Edwina)  ganha mais espaço e destaque. Nesta versão John McBurney (Colin Farrell) é educado e carismático, o que o torna sedutor, principalmente aos olhos da atormentada e carente Edwina... 
É uma bela e intrigante história de um lirismo particular,  mas nem por isso menos forte ou questionadora. Pode até não ser a grande obra prima de Sofia, mas certamente é uma grande pérola na pequena mais brilhante carreira desta que é umas das mais promissoras diretoras da atualidade em meio a um universo quase que na sua totalidade predominado por diretores.
Ficha Tecnica:
Direção: Sofia Coppola
Elenco: Colin FarrellNicole KidmanKirsten Dunst,  Elle Fanning, Angourie Rice e Addison Rieck
Gêneros SuspenseDrama
Nacionalidade EUA
Estréia próximo dia 10.

sexta-feira, 4 de agosto de 2017


OS MENINOS  QUE  ENGANAVAM NAZISTAS

Direção: Christian Duguay
Gênero Drama
Nacionalidades FrançaCanadáRepública Tcheca
Durante um período de ocupação nazista na França, os jovens irmãos judeus Maurice (Batyste Fleurial) e Joseph (Dorian Le Clech) embarcam em uma aventura para escapar dos nazistas. Em meio a invasão e a perseguição, eles se mostram espertos, corajosos e inteligentes em sua escapada, tudo com o objetivo de reunir a família mais uma vez.
Certamente esse não é o primeiro, nem tão pouco será o ultimo filme a falar do nazismo, e em específico a perseguição aos judeus, no entanto essa narrativa guarda características e um certo clima poético e singular, é ai então que reside seu mérito e sua contribuição a abordagens envolvendo nazistas e judeus.
O roteiro é baseado numa história real, cujo livro alcançou 20 milhóes de exemplares vendidos ao redor do mundo, o que não é pouca coisa....
A história não guarda nenhuma grande trama ou grandes inovações, é simples  e nesta simplicidade reside seus maiores méritos: Dois irmãos em fuga da perseguição nazistas passam por fortes e edificantes experiências ao longo desta empreitada aliadas as mudanças que vivem na transição da chegada da adolescência. A narrativa centra foco nas duas crianças, suas experiências, seus conflitos e seu amadurecimento. Nos chama atenção o amor e a união desta família que vive de encontros e desencontros mantendo-se numa unidade exemplar.
Contando com um elenco competente e carismático, o ator mirim Dorian Le Clech (Joseph) rouba completamente a cena em uma atuação irretocável, um olhar encantador e um carisma singular. Girando em torno de Joseph, a história se desenvolve sob a ótica do seu olhar, o achado do diretor Christian Duguay que neste quase road movie soube criar situações de tensão e suspense mescladas ( A cena inicial chega a ser cruel, no entanto de amor desmedido) a situações outras,  onde a inocência e a singeleza da infância se equilibram, criando momentos de raro e sutil humor, isso, sem falar na bela trilha sonora e nas imagens deslumbrantes de uma bela Paris, o que legou o filme de certa leveza e o fez não ser de todo tão triste ou desalentador.

Christian Duguay  possui uma filmografia bastante diversificada, mostrando-se um diretor corajoso e sensível, são dele: Belle et Sebastian, Coco Chanel, Joana D Arc. Apostando aqui numa história mundialmente conhecida, no apelo sentimental  e sustentado por um elenco competente e carismático,  onde valores como amor, fraternidade e união familiar são sabiamente ilustrados. Nos brinda então, em meio a um tema espinhoso e perturbador,  com um filme de rara beleza e sensibilidade sem ser apelativo ou excessivamente dramático, um mérito.

terça-feira, 1 de agosto de 2017



EM RITMO DE FUGA


Edgar Wright( Scott Pilgrim Contra o Mundo e Todo Mundo Quase Morto) lança agora seu melhor trabalho. Partindo de uma história simples, usa e abusa do que mais sabe fazer com inteligência e propriedade, a frente do roteiro e da direção.
A história do garoto, gênio ao volante, que dirige para um mestre do crime, aliás único elemento constante em todos os seus golpes, começa a incomodar os demais integrantes por seus jeito contido e calado e sua fixação por música(anda pra cima e pra baixo de fone nos ouvidos, bingo! A cereja do bolo, não vale a pena dizer aqui o porque,,,)... Esta história simples começa a ganhar corpo e complexidade quando passamos a conhecer o universo do garoto e assim deciframos os enigmas que regem seu comportamento.
De uma velocidade alucinante (a cena de abertura é uma das mais bem concebidas e dirigidas) e com uma trilha sonora espetacular, Wright vai de achado em achado montando um quebra-cabeça que faz deste, um dos melhores filmes deste semestre.
Apoiando-se no talento de Ansel Elgor (A Culpa é das Estrelas), que dá um show, protagonizando cenas que talvez em mãos outras se tornassem banais (Vide o balé de sua ida comprar um simples café), seu personagem segue ao longo da narrativa num crescendo espetacular. Em meio a golpes, perseguições e muitos tiros, Baby(Elgort) ainda consegue engatar um caso de amor com a doce Deborah (Lily James), outro achado, o que dá certa leveza e harmonia em meio a pancadaria... O romance vivido pelo casal é um capitulo a parte no filme, de uma cumplicidade e uma verdade singular, uma química pouco vista nas telas, um romance simples e repentino (não chegam a trocar um par de beijos), mas de uma intensidade e emoção exemplar.
No mais, o Kevin Spacey(Doc) faz o dever de casa, como sempre, muito bem mais sem maiores novidades na composição, o Jamie Foxx (Bats), muito bem ao que se propõe... Com esse quarteto, o diretor deita e rola em cenas muito bem dirigidas e coreografadas, algumas de um colorido espetacular(preste atenção a cena da lavanderia) montadas numa seleção musical, que de longe é o quinto personagem em importância no filme... Um achado!
Ação com conteúdo e inteligência, uma das boas e grandes surpresas em meio a essa série de produções, no já conhecido período de férias... Seria o inicio dos musicais de ação????
FICHA TÉCNICA:
Em Ritmo de Fuga (Baby Driver) — EUA/Reino Unido, 2017
Direção: Edgar Wright
Roteiro: Edgar Wright
Elenco: Ansel Elgort, Kevin Spacey, Lily James, Eiza González, Jon Hamm, Jamie Foxx, Jon Bernthal, Flea, Lanny Joon, CJ Jones
Duração: 113 min. Já em cartaz

segunda-feira, 31 de julho de 2017


PLANETA DOS MACACOS – A GUERRA

Algumas cenas da 3ª parte da trilogia iniciada em 2011 são de um impacto assustador... Num cenário inóspito macacos aprisionados ostentam frases pejorativas grafadas em capacetes e, como em genocídios outros, executam trabalho forçado sem água e comida...
O coronel (Woody Harrelson) almeja o fim dos macacos enquanto o líder dos símios,  César apenas quer espaço para sobreviver em paz... Partindo deste principio, o filme vai estabelecer um confronto feroz e bebe literalmente na fonte do original de 1968. Estão lá várias referencias, há inclusive uma personagem (a garotinha adotada pelos macacos) batizada de Nova, em uma clara alusão a personagem clássica do original, de carisma singular, mesmo sob o peso da máscara, interpretada pela Linda Harrison. A selvageria e a rivalidade sem trégua ditam o tom desta que é a parte mais próxima do modelo original. Tecnicamente superior as anteriores, a evolução dos efeitos com a  técnica de captura de movimentos faciais e corporais são de assombrar. A atuação do Andy Serkis (César) continua impecável e ganhou contornos mais emotivos com a evolução da técnica. Em meio ao clima tenso, sabiamente foi inserido no contexto o macaco Bad (com interpretação elogiável de Steve  Zahn) um tipo medroso e atrapalhado que dá um pouco de leveza a narrativa e assim como César conviveu com humanos num circo, antes do vírus o afetar. A ação de praticamente 90% da narrativa se dá num cenário praticamente monocromático, onde a paleta de cores explicita a situação caótica e soturna, sabiamente usada e diluída com o passar do tempo, chegando a ápice, ao final, de forma edificante e redentora, cujos detalhes  não me cabe comentar.
É um filme forte e questionador em suas sutilezas e sábios detalhes. Guardo algumas restrições com relação a trilha sonora que, ao contrário de outras grandes narrativas, não funciona a contento, oscilando entre momentos de raro valor e outros sem dizer a que veio ou até mesmo de pulsar questionável. Com pulso forte e direção primorosa Matt Reeves optando pela volta ao original dá um salto na carreira ( que já nos deu Deixe-me Entrar), participando da elaboração do roteiro, firmando-se para voos mais altos e adicionando reconhecido valor a uma trilogia que gerou muita expectativa.
Ficha Técnica:
O PLANETA DOS MACACOS – GUERRA
Data de lançamento 3 de agosto de 2017 (2h 20min)
Gênero: Ação
Direção: Matt Reeves
Roteiro: Mark Bomback, Matt Reeves
Elenco: Aleks Paunovic, Alessandro Juliani, Amiah Miller, Andy Serkis, Chad Rook, Gabriel Chavarria, James Pizzinato, Judy Greer, Karin Konoval, Max Lloyd-Jones, Mercedes de la Zerda, Michael Adamthwaite, Sara Canning, Steve Zahn, Terry Notary, Timothy Webber, Woody Harrelson
Produção: Amanda Silver, Dylan Clark, Peter Chernin, Rick Jaffa
Fotografia: Michael Seresin
Montador: William Hoy
Trilha Sonora: Michael Giacchino
Duração: 140 min.
Ano: 2017


quarta-feira, 26 de julho de 2017



DUNKIRK




Poderíamos pensar: Ai vem mais um filme de guerra, esse argumento tão batido e tão explorado... mas não quando se trata de um Christopher Nolan. Não, o diretor da aclamada trilogia do Batman, do inovador Amnésia e de Origem jamais faria mais um filme de guerra... O que poderia ser um episodio pouco conhecido e comentado da segunda guerra em maio de 1940 é mais uma inusitada e surpreendente obra. Dividido em três núcleos: Terra, água e ar, a narrativa que tinha tudo para ser arrastada e enfadonha ganha ares de suspense e apesar de não dispor de diversificados cenários dá um show na fotografia e tem sua alma na inspirada e eletrizante trilha sonora do Hans Zimmer. As tomadas aéreas brincam o tempo inteiro com a linha do horizonte em meio a imensidão do mar...
Com a entrada de Hitler na França, forças britânicas encontram-se acuadas na cidade que dá título ao filme, a narrativa se dá justamente na solução emergencial adotada para sobreviver ao cerco e evitar a humilhante derrota...
Os minutos iniciais soam meio arrastados, no entanto a direção sábia e inovadora usa e abusa de uma trilha sonora pertinentemente inspirada, diálogos equilibrados e quase nenhuma violência explicita, ao contrario de outras narrativas, aqui pouco sangue e vísceras se vê, o foco está no contar da história centrando no drama de seus personagens. Para causar uma certa expectativa Nolan escalou o ex-One Direction Harry Styles no papel do soldado Alex... Como se precisasse... Teríamos ai uma estratégia? Vai saber!!! Bem, ao menos ele não decepciona...
Abrindo mão do conhecido excesso de efeitos especiais, o filme é um primor, tanto na atuação do atores (Kenneth Branagh, Tom Hardy(sempre bom), Cillian Murphy e Mark Rylance, todos bem, quanto nas exuberantes tomadas da imensidão do céu e mar e do magistral trabalho com milhares de figurantes! Desnecessário dizer que preenche todos os pre-requisitos básicos para um belo punhado de indicações ao Oscar, aliás, até aqui, merecido.
É um filme que nas entrelinhas nos fala de fraternidade, de perseverança e principalmente de esperança, ainda que em meio a uma expectativa absurda e um suspense crescente bem construído, obra de um jovem mestre que ainda tem muito a nos contar!

segunda-feira, 24 de julho de 2017




O FILME DE MINHA VIDA

O mais novo trabalho do talentoso Selton Mello é de um lirismo e uma beleza espetacular. Baseado no romance UM PAI DE CINEMA do chileno Antonio Skármeta (O Carteiro e o poeta e NO), a adaptação de Selton teve a liberdade de imprimir sua marca autoral, e, munido de uma equipe de múltiplos talentos, fez desta, sua grande obra... Perdoem-me os admiradores de O PALHAÇO, que ainda com todos os méritos , decididamente desce do podium e cede lugar a O FILME...
Com uma reconstituição de época primorosa e exemplar, uma fotografia estonteante (Walter Carvalho), onde a luz quente predomina basicamente em todas as cenas, fazendo uma dobradinha com o cenário e figurinos que flertam com o sépia, é a moldura perfeita aliada a bela e inspirada trilha sonora para uma história simples e cativante com espaço para declaração ao cinema, a música e a vida, com muita poesia ... Um achado!
Com um elenco afinado e cativante, a história de Tony(Johnny Massaro) e a luta para lhe dar com a ausência do pai (Vicent Cassel), os papos inspirados com o melhor amigo Paco(Selton Mello). a descoberta do amor(Luna/Bruna Linzmeyer) e as descobertas da gurizada da escola onde leciona francês... Tudo isso conduzido pelas simples, mas poéticas citações de um inspirado maquinista (Giuseppe, lhe diz algo ??) vivido por Rolando Boldrin, uma escolha certeira e generosa do diretor.
Com uma trilha incidental de beleza singular, autoria de um inspirado Plínio Profeta, e grandes sucessos americanos e franceses das décadas de 40 e 50, ai brilhando Charles Aznavour e Nina Simone(Soberba, como de costume, pontuando o amadurecimento de Tony), ainda sobra espaço para um pertinente Sergio Reis com seu hit "Coração de Papel".
Os amantes da sétima arte mais atentos se perderão na montanha de citações, homenagens, inspirações em grandes momentos do cinema... Impossível não ver ali um pouco de Cinema Paradiso... Tudo com muito cuidado, muito afeto, muita poesia e sobretudo, com um toque certeiro e autoral sem igual.

Produção esmerada e cuidadosa, esta primeira adaptação do Selton Mello é desde já um cult do cinema nacional, um apanhado de pequenas pérolas que constroem em seu harmonioso conjunto uma jóia de raro valor!

quarta-feira, 28 de junho de 2017


UM INSTANTE DE AMOR
A presença da Marion Cotillard já de é garantia de um bom trabalho, no entanto UM INSTANTE DE AMOR(baseado no livro Mal di Pietre) , dirigido e roteirizado por Nicole Garcia é uma daquelas preciosidades que num crescendo nos encanta e pasmem, nos surpreende dando aquela inesperada rasteira... Poucos são os filmes cuja presença e sexualidade da mulher é abordada de maneira tão direta, objetiva, afetiva e cuidados. Aqui Cotillard é Gabrielle que viaja nas frustrações da afetividade e do amor somatizando e padecendo de problemas renais... Casa-se sem amor, e com o marido comprado/arranjado embarca numa viagem sem volta, cujos percalços a levam a poesia e beleza do título: Este momento de amor, que numa bela, poética e hiper b em fotografada cena nos deixa em êxtase... O roteiro foi concebido para nos surpreender e embalado por uma bela trilha e fotografia de cair o queixo(A frança aqui rouba a cena) começa lentamente o que não deixa de garantir um dinamismo e uma profundidade de questionamentos: valores i postos pela sociedade, repressão do desejo, hipocrisia da prostituição, falência do desejo, entre outros... Não cabe aqui tecer comentários o narra parte do seu roteiro... A surpresa faz parte dele e por assim dizer, se faz necessário que embarque,os nesta viagem sem prévio aviso.
Resta-me pontuar que se trata de um b em costurado roteiro com uma interpretação primorosa e visceral da Marion e não menos primorosas as atuações do Louis Garrel( galá francês) e do Alex Brendemuhl que, cada um no seu quadrado, dão show a parte...
É sem dúvida um dos mais belos filmes do ano, atuações primorosas fotografia escandalosa, não só nos aspectos externos e naturais, mais de uma luz e enquadramentos super bem cuidados e caprichados, um acho no universo cinematográfico da atualidade...
Serviço:
Drama, Romance
Duração: 120 min.
Origem: França, Bélgica
Direção: Nicole Garcia
Roteiro: Jacques Fieschi, Nicole Garcia
Ver cinemas : Shopping bela Vista em sessão as 19:10