sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

terça-feira, 19 de novembro de 2019

 





ADAM
Apesar do título masculino, ADAM é um filme feito por mulher e para mulheres ... ADAM, o bebê, por vezes rouba a cena e é a ponte que liga a vida de duas mulheres sofridas : Abla e Samia. Abla, uma viúva de olhar austero e sofrido que acolhe depois de muito custo a não menos sofrida Samia, grávida em busca de emprego e abrigo, que, planeja após o parto doar a criança e voltar pra casa ... Está montada a trama, baseada em fatos reais que nos arrebata do início ao fim , em meio a uma lentidão entre silêncios e pequenos gestos ...  Abla apenas atua com os olhos e as  mãos, e delas faz bom uso numa dramaticidade de poucos recursos e muita expressão, pouco vista ... A evolução e consequente explosão que ocorre com seu desabrochar  é o grande achado do filme ... Em meio a esta realidade transita a pequena e cúmplice de Samia, Warda, a doce filha de Abla, equilíbrio e leveza do filme ... Maryam Touzani dirige com pulso forte no entanto com mãos delicadas, tirando destas mulheres o seu melhor em meio a suas respirações contidas, emoções reprimidas e dor... A ligação entre estas mulheres se estabelece mas em nenhum momento se vê qualquer ato de afeto ou ternura física ...  Atente para a cena da dança, onde algo caminha para uma insinuada possibilidade ... apenas isso ... Outra cena de forte impacto é a da aceitação e acolhimento do bebê... é de rara e poética beleza...
ADAM busca para o Marrocos uma das 5 vagas do Oscar a Filme Internacional, antigo filme estrangeiro ...
Em cartaz no Itaú Glauber Rocha

sexta-feira, 8 de novembro de 2019




PARASITA

A família Kim mora praticamente num bueiro, um sub solo sombrio, vive a caça de sinal alheio para poder usar WhatsApp... Uma penúria...Eles são quatro, vivem de bicos para se manterem... Aproveitam a dedetização da rua e abrem a janela para dedetizarem o porão a custo zero.. Já a família Park, também formada por quatro membros vive numa mansão arejada bela e cinematograficamente(para ser redundante) vitrificada, projeto de um grande arquiteto... Uma filha precisa de reforço escolar, o filho mais novo faz pequenos rabiscos e na ingenuidade da mãe é um pequeno e promissor talento, o pai, bem esse pouco se sabe, mas o suficiente para diagnosticar um provedor pseudo-amoroso cuja dificuldade de se relacionar com a esposa o faz buscar acessórios outros que o estimulem... Ambas as vidas das famílias começam a mudar quando a família Kim vislumbra na família Park a grande oportunidade de mudança...Ki-woo, o garoto começa a dar aulas particulares a garota e numa tacada de mestre, junto a sua irmã Jessica traçam o plano de ocupação do universo dos Park... Bem, esse é um pequeno resumo do que teremos a frente num roteiro de esmerado capricho e direção irretocável do mestre coreano Joon-ho Bong, que já nos deu as grandes obras: Memórias de um Assassino, O Hospedeiro, Mother, Expresso para o Amanhã e Okja... Nenhum deles no entanto se iguala a este estupendo PARASITA... Bong inicia numa lentidão quase letárgica, bebe na comédia, no suspense, no drama e numa sucessão de reviravoltas surpreende a todo momento... De repente, como se numa marcação(que só os mestres o fazem com propriedade) uma tempestade é sua tacada de mestre e muda tudo.. Uma obra prima...
As questões aqui são basicamente sociais e politicas sem ser panfletarias... as abordagens são sutis sem serem didáticas... Com um elenco afiado, competente e, sobretudo entrosado( Kang-ho Song que o diga), uma fotografia vistosa e um jogo de câmera inteligente e criativo emoldurados numa trilha eletrizante nos brinda com um dos, senão o melhor filme do ano, laureado em Cannes e concorrente certo a melhor película internacional (nova nomenclatura pata o antigo 'estrangeiro' ), e aqui num palpite quase certeiro, é capaz de brilhar entre os dez a premiação principal, onde apostaria todas as minhas fichas no escuro... E nem vi todos os demais concorrentes, apenas creio, dificilmente um sopro criativo e certeiro como esse seja suplantado... A sucessão de pequenos e importantes detalhes, vide a questão do "Cheiro" grande achado do filme e propulsor do ódio e da vingança, não se furta a comentários sutis que, num apurado alvo dá o devido recado sem muitas explicações, elas seriam desnecessárias... Nada aqui é gratuito ou exagerado, tudo muito milimetrado e coerentemente utilizado... Uma questão paira no ar: Seria a família Kim os parasitas do título ou ambos numa reciprocidade o seriam? Afinal se os Kim precisam da grana dos Parks, os Parks num viés de carência ou ingenuidade da mesma forma precisam dos Kim... Mas esta dúvida fica a critério de cada um e a tõnica do seu olhar...
Ficha Técnica:
Título 기생충 (Original)
Ano produção 2019
Dirigido por Bong Joon-ho
Estreia
7 de Novembro de 2019 ( Brasil )
Outras datas
Duração 132 minutos
Já em cartaz:
Espaço Itaú Glauber Rocha
13, 15:30, 18, 20:30 (18 exceto quinta e sabado)
Saladearte MAM
20:20(exceto 2a)
Saladearte Cine Paseo
20:30
Saladearte Cinema do Museu
18:05







O Panorama começou MUITO bem ... A abertura com sensacional A Vida Invisível lotou salas, emocionou e surpreendeu ! Com direção impecável do Karim Oinouz com o trio de atrizes em atuações incorrigíveis : Carol Duarte, Julia Stockler e é claro, a participação de luxo da Fernanda Montenegro que chega no final e arrebata a todos ... quase não fala... e quando abre a boca com as poucas palavras e aquele olhar... Um monstro em cena!!! A adaptação superou expectativas e Karim apoiado nos elenco afiado (todos estão bem) um roteiro bem construído , uma fotografia quente privilegiando tons de vermelho e uma trilha marcante é possível, uma espécie de personagem velada do filme, nos brinda com um drama denso onde a explosão nas fortes cenas de sexo nos impactam sem escandalizar, seja do ponto de vista feminino ou masculino ... Aqui os homens são meros coadjuvantes ... Gregório Duvivier surpreende ...
A dificuldade de ser mulher está lá escancarada nestas relações desniveladas e sacralizadas... Há uma frase sintomática que choca e chacoalha : “ Não se preocupe, ela estará pronta pra ser mãe outra vez”...
É um filme denso onde o amor romântico sede lugar ao amor entre irmãos de forma humanizada e, senhor vezes é dura é porque a vida o é. Num universo onde o masculino oprime, nega e choca, uma boa parte dos espectadores há de se chocar um pouco ... Em nenhum momento óbvio se faz presente, as guinadas são sempre surpreendentemente novidades, o final nos da uma boa chacoalhada num surpreendente fechamento de impacto singular...




domingo, 6 de outubro de 2019



CORINGA

Arthur vive numa cidade infestada de ratos, utiliza um transporte público caótico, sujo e sem manutenção, vive num apartamento insalubre na companhia de uma mãe doente e trabalha como palhaço sendo alvo de gozações e maus tratos... Seu sonho: Ser comediante e ter seu próprio stand-up!
Poderíamos numa visão simplista, resumir ao parágrafo acima o universo deste controverso, admirado e superestimado vilão das HQ, o CORINGA, nesta que é, senão a versão definitiva, mas uma das melhores e mais aclamadas versões de um vilão das histórias em quadrinhos...
Falar deste filmaço, dirigido pelo competente Todd Philips daria uma tese... O universo por ele abordado, a construção do cuidadoso e eficiente roteiro passeia por problemas crônicos de uma sociedade podre e consumista que caminha rumo ao poço que não tem fim, e isso, dentro da cronologia do filme na década de 80, é um alerta para como este contexto lá atrás já nos era atual.
CORINGA  está  literalmente apoiado num tripé que lhe confere todo o mérito além de uma excelente direção: um roteiro primoroso, uma sonoplastia que meio que é um personagem e uma soberba atuação do Joaquim Phoenix, esse grande ator várias vezes indicado ao Oscar e que agora, para ser óbvio, tem sua maior e mais elaborada chance..
A concepção do CORINGA de Phoenix não deve ser comparada, principalmente a do Ledger, Nicholson, Leto, entre outros... Sua concepção é singular, e como cada um deles guarda suas nuances e principalmente, cada um, seu trabalho de corpo, sua trajetória e seu feeling...  Cumpre aqui ressaltar no entanto, que, por se tratar de sua origem, a questão é mais ampla e mais complexa nesta versão... Sua história nos propicia uma análise do mundo cruel , desumano e desamoroso em que vivemos... Estão lá todas as questões, sejam políticas, sejam sociais sutilmente abordadas e bem exemplificadas... Impossível não se sensibilizar na cena inicial que nos dá um start do seu calvário ao mostrá-lo num ônibus coletivo (sem Spoiler)...
A narrativa é costurada por uma trilha densa, as cenas são fortes, a concepção corporal do Phoenix é impactante, seja por seu corpo diminuto, fruto de exaustivo regime que o fez perder 23 quilos, seja pela sua risada nervosa e doentia, seja por seu bailar espetacular, aliás, um bailar que norteia o filme do início ao fim num crescente que impressiona.
Os mais atentos perceberão que, ainda que se tratando da história do Coringa, ambos, ele e o Batman, seu arqui-inimigo, nascem praticamente juntos... O sopro de vida de um é o início do calvário do outro, um achado fenomenal que o Phillips nos brinda e que talvez poucos perceberão.
CORINGA já nasce um clássico, provavelmente concorrerá a uma infinidade de prêmios, cujo início se deu com o Leão de Ouro no Festival de Veneza, aliás muito bem concedido e explicado pela presidente do festival Lucrecia Martel, um marco na história das adaptações das HQ!
São muitos os motivos para se ver CORINGA, e muitos outros motivos certamente aflorarão  num olhar mais atento,  neste, que é, um filme cheio de simbolismos, mensagens e sobretudo, sinais, muitos sinais de alerta que um mundo tão caótico e desenfreadamente violento anda precisando!
Ficha Técnica:
Título: JOKER
Direção: Todd Phillips
Elenco: Joaquim Phoenix, Robert de Niro, Frances Conroy, dentre outros
Em cartaz, consulte cinemas e horários.



quarta-feira, 28 de agosto de 2019


BACURAU...
Não vou começar este texto dizendo que BACURAU é um filmaço ... Todo mundo tá dizendo ... Prefiro dizer que é
uma grande e necessária realização da dupla afinadíssima Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles... Creio que daqui a alguns anos nossos filhos o estarão estudando nas escolas ... 
Filme de gênero, bebe nas maiores e melhores fontes, mantendo no entanto sua personalidade, sua marca , sua essência ... É assim o cinema do Kleber ... Sábio, tira como ninguém proveito das grandes inspirações (Vide Glauber Rocha, para citar apenas um, mas expressivo e necessário)utilizando-as dentro do contexto de seu roteiro, enriquecendo-a além de prestar-lhe uma sútil e afetuosa homenagem ... vejo assim! 
Contando com um elenco formado quase em sua totalidade por não atores ou atores amadores, complementa seu cast com elenco de luxo: Sonia Braga, Udo Kiev, Bárbara Colen, Silvero Pereira (um primor, monstro de atuação )Luciana Souza, dentre outros ...
Não espere uma historinha convencional ... De uma hora para outra BACURAU, pequena cidade do interior nordestino some do mapa ... Daí pra frente o que vemos é uma sucessão de situações inesperadas e inusitadas que não convém citar aqui ... Abordando com sabedoria e extrema ironia de viés político singular, a ação se passa num futuro próximo bebendo da água nesta atual sombria situação que estamos a viver ... Ponto pra Kleber ! 
Estão lá todas as críticas possíveis a respeito de gestões políticas, desigualdades sociais, questões raciais , enfim, um caldeirão de situações limites que nos levam a muita reflexão ... Equilibrando momentos de rasgado humor com outros de cruel e extrema dramaticidade, Bacurau é como um forno a lenha , começa lento, mais ainda assim incomodativo, e num crescendo acelerado nos atira num salto sem redes ... Uma catarse ! 
As atuações estão irretocáveis ... Sonia Braga é presença marcante, Silvero Pereira é um monstro em cena, Luciana  Souza protagoniza uma das cenas mais simples e profundamente significativas ...  E com tantas questões, Kleber ainda encontrou tempo para cenas de belas e impactantes fotografias da natureza que num contraponto em meio a violenta e dramática narrativa nos  permite uma respirada, uma relaxada contemplativa ... Um soberbo trabalho de fotografia que se insere perfeitamente na narrativa lhe emprestando leveza e beleza ...
É um filme para se ver e rever ... Muita simbologia, muitos nuances, uma riqueza de detalhes para olhos abertos e mentes atentas... Um exercício ...
Em cartaz a partir de amanhã , 29.08.


Kleber Mendonça FilhoFilho BRAVO! Seu cinema é mais que necessário, é obrigatório! Como comentava com Ieda, no cinema nacional vemos muitos jardins com flores de plástico... A aridez do teu jardim possui cactos, com vida, que ainda  com abundância de espinhos nos ofertam as mais belas flores! Cheias de vida e, sobretudo de esperança !

terça-feira, 27 de agosto de 2019



DIVALDO, Mensageiro da paz...


A história de um homem que tem passado a vida disseminando o amor... Resumiria assim a tônica deste belo, sensível e extremamente profundo filme... Fazia tempo que tive a oportunidade de ver um texto tão bem elaborado, tão bem afiado e profundo sem soar didático ou panfletário... Clóvis Mello foi muito feliz, o filme é tecnicamente bem construído, uma reconstituição de época equilibrada, um elenco afiadíssimo e harmônico, trilha pertinente ...
A narrativa começa com a infância de Divaldo, um recorte apenas para nos situarmos no inicio de sua relação com sua espiritualidade, a mais fraca do filme, o ator mirim não consegue passar a naturalidade que a situação exige... Mas como um bom forno a lenha, aos poucos a película ganha corpo, forma, voz e luz... A mensagem poderia se resumir em AMOR, pouco se tem visto ou falado com tanta propriedade, com tanta verdade e com tanta humildade de amor e nossa relação com o outro... A dedicação de Divaldo a vida das pessoas é impressionante e remando contra a maré que hoje se vê, ele não busca apenas matar-lhes a fome, busca meios que aprendam, e busquem com os próprios esforços o que comer e como viver... Apesar de muito profundo e sensível, em nenhum momento vemos um tom excessivamente didático, ou disseminação de viés unicamente vinculado a crença... O que se vê na tela é um dialogo verdadeiro e necessário com crenças diversas fundamentadas num só Deus... É lindo ouvi e ver em seu depoimento de vida tal constatação... Impressionou-me a construção de um texto sensível, amoroso, edificante sem beirar em momento algum o piegas, o apelativo... A atuação dos atores é outro ponto forte do filme. Estão bem e confortáveis... passam verdade e determinação... Chamo atenção para atuações de Ana Cecilia Costa eLaila Garin, grandes atrizes em atuações irretocáveis... Ghilherme Lobo de um carisma espetacular constrói um Divaldo cativante... cabe a Bruno Garcia na ultima fase não deixar o clima cair e nos brindar com um Divaldo igualmente carismático e próximo, muito próximo em físico e postura do Divaldo de 92 anos que nos surpreende e nos encanta...
Com maior parte das locações feitas em Salvador, mais especificadamente Santo Antonio Além do Carmo, onde podemos notar as igrejas e sua rica arquitetura.
É um filme para se assistir desprovido de qualquer avaliação de corrente religiosa, crença ou o que o valha... A Tônica é a paz e o amor, o crescimento espiritual, a fraternidade e sobretudo, a humildade! Certamente irei rever, há muito de citações belas e profundas que precisamos ter como mantra...
Ficha Técnica:
Data de lançamento 12 de setembro de 2019
Direção: Clovis Mello
Elenco: Bruno Garcia (I), Regiane Alves, Marcos Veras, Laila Garin, Ghilherme Lobo, Ana Cecilia Costa, Caco Monteiro, Marcos Veras, dentre outros
Gêneros Biografia, Drama

domingo, 25 de agosto de 2019




Fui, finalmente, ver ERA UMA VEZ... em Hollywood...
É decididamente um filme para cinéfilos, uma grande e bem construída homenagem ao cinema, apesar de focado numa época trágica e maculada, onde o assassinato da Sharon Tate pôs fim ao sonho Hippie. Neste filme vemos um Tarantino maduro, mais criativo, que, nos brinda com um filme longo e abarrotado de referências e personagens verídicos que só mesmo cinéfilos atentos compreenderão ... Di Caprio e Pitt estão no Esplendor do amadurecimento, brincam e se divertem com a ridicularização deles mesmos (personagens ), um Al Pacino não foge à brincadeira e aparece em plenitude ... Estão lá cenas de grandes e clássicos filmes em paralelo às cenas refeitas e deliciosamente caricatas e a maior parte delas, veridicas , num preâmbulo para o banho de sangue final, sim, do contrário não seria um Tarantino legitimo ... Como de hábito, é um Tarantino para se amar ou odiar, não há meio termo, e na sua criatividade e reconstituição (irretocável) de época, há um universo de sutilezas, pequenos detalhes e observações que só mesmo um diretor genial como ele seria capaz de articular !
Já em cartaz !

segunda-feira, 5 de agosto de 2019


SIMONAL

Depois do documentário eis que nos chega SIMONAL, que  ainda , certamente, não será uma versão definitiva. Dirigido por Leonardo Domingues e estrelado por  Fabricio Boliveira, que apesar de talento promissor e de alguns bons trabalhos, ainda não se livrou do Roberval, último trabalho na TV.
Simonal a primeira vista nos parece um belo e bem cuidado trabalho de cenografia e montagem, com uma reconstituição de época, ainda carente de maiores cuidados, não decepciona...  Talvez, por se tratar do primeiro trabalho, Domingues ainda careça de maiores cuidados...
A  narrativa não nos brinda com o que Simonal tinha de melhor, sua música, seu legado, talvez por prender-se ao fatídico episodio “dedo duro” que o marcou e o afastou dos palcos... No episódio a classe artística o sentenciou  e a partir daquele momento sua carreira ruiu...
O filme nos mostra em alguns momentos o poder que Simonal tinha junto ao público, seu jeito moleque  de ser, sua voz poderosa, sua inusitada criatividade, e  principalmente sua cumplicidade com o público, vide cena do Maracanãzinho... Um achado e de longe melhor cena do filme.
Aqui Fabrício volta a dividir cena com Isis Valverde, que faz o dever de casa sem maiores surpresas... Fabricio tem uns poucos bons momentos, mas de fato, não conseguiu incorporar  ou compor um Simonal como esperado... Domingues comete o pecado de adicionar a montagem imagens do Simonal a época, o que só evidenciou as diferenças, não só físicas mas também comportamentais... neste momento percebemos o quanto Roberval ainda está em Fabricio e o quanto o trabalho da equipe de arte fica prejudicado uma vez que refez todos material gráfico (cartazes, capas de disco, etc) com a imagem do Fabricio...
Alguns personagens da época ainda soam caricatos, Imperial por exemplo ganhou uma péssima composição do Leandro Hassum, que não encontra o tom e exagera e decepciona... só pra ficar num exemplo...
Em meio a biografias de ídolos marcantes que,  recentemente  nos tem chegado, Leonardo fica nos devendo... Faltou-nos um Simonal que nos arrebatasse e nos fizesse esquecer o Simonal vaidoso e de recalques ostentadores, faltou-nos o avassalador poder que suas canções  exerceram à época de seu surgimento...
É um filme que deve ser visto, não só por fazer parte da política e da história de uma fase negra da história, mas também para rever seu talento e presença singular no placo e seu poder aglutinador quando regia grandes plateias... Um primor!

Serviço:
Data de lançamento 8 de agosto de 2019 (1h 45min)
Direção: Leonardo Domingues
Gêneros DramaBiografiaMusical
Nacionalidade Brasil


sexta-feira, 21 de junho de 2019




DESLEMBRO
Segundo longa da cineasta gaúcha Flavia Castro, DESLEMBRO é  uma espécie de complemento do primeiro, Diário de uma busca, este um documentário de 2010... Ambos remetem a ditadura. Neste, o foco é a memória. Na história, depois de um longo tempo morando em Paris em função das questões politicas e do desaparecimento do pai, Joana é obrigada a voltar ao Brasil com a mãe e os irmãos, numa espécie de retorno a uma realidade que não viveu, incluindo-se ai a convivência com a vó que não conheceu e que acaba por se tornar sua amiga e aliada, aliás, são os papos e as descobertas das duas as melhores e mais belas cenas do filme.. Joana vive uma realidade com a mãe onde o silêncio e a falta de esclarecimentos a respeito da morte/desaparecimento do pai são a causa maior de sua insatisfação e revolta... Há cenas bem construídas onde a tônica de suas atitudes e de seu amadurecimento iluminam a tela e mostram porque ela é o grande achado do filme. É um filme lento, pautado nos diálogos bem construídos e amarradas, onde o maior mérito é exatamente sua protagonista, a estreante Jeanne Boudier, de 17 anos, que interpreta a  adolescente em busca da verdade sobre o pai biológico, desaparecido em meio a questões  políticas. Jeanne  está pronta, inclusive bate um bolão de igual pra igual  com a tarimbada atriz, Eliane Giardini, fala francês fluentemente, outro mérito do filme, a intercalação de diálogos português/francês e seus momentos, pontuam com sabedoria os momentos de tensão.
Em tempo : Deslembro Incertamente. Meu Passado, um belo poema do Fernando pessoa.
Ficha Técnica:


Data de lançamento 20 de junho de 2019 (1h 36min)

Direção: Flávia Castro

Elenco: Jeanne Boudier, Eliane Giardini, Sara Antunes

Gênero Drama

Nacionalidades Brasil, França, Qatar



CASAL  IMPROVÁVEL
O cartaz pode até não te atrair, o casal, então como o título já profetiza, só ratifica... Puro engano, CASAL  IMPROVÁVEL  é uma daquelas pérolas que há muito não se via (falamos nas décadas de 70/80) uma comédia romântica pra ninguém botar defeito... Ele o engajado politicamente correto desempregado, ela  aspirante a candidata a presidência dos Estados Unidos, mais improvável impossível...  Pois bem, o look do Fred (Seth Roen) desanimador, o agasalho que ele usa, se soltar o segue sozinho, a barba por fazer emendada aos cabelos é apenas mais um detalhe, bem, quando menos se espera surge Charlize Theron, linda, iluminada como nunca, aliás, frise-se aqui , a bela não lhe faz muito gênero, como depõe sua filmografia... Pois bem a partir daí é uma sucessão de surpresas, roteiro bem construído, piadas pertinentes e bacanas e uma bela e inusitada história de graça e amor... Fred reúne tudo de improvável, inclusive como apontam as pesquisas para acompanhar esta que pode ser a futura primeira dama da nação mais poderosa do mundo, no entanto seu carisma, seu amor e, sobretudo sua beleza de alma lhe transforma no candidato dos sonhos, impressionante quando a certa altura já estamos a torcer por ele, ainda que em meio a todas a trapalhadas, acertos, textos e sacadas... Convidado em função de seu competente  texto enquanto jornalista ativista, para escrever os discursos de Charlotte, depois da inusitada descoberta que a mesma teria sido sua bábá na infância e possível amor platônico, a química entre os dois se estabelece e ganha a tela nos brindando com momentos inusitadamente românticos, sem ser clichê, nos proporcionando bons momentos e boas e saudosas gargalhadas... Atente para a cena sonorizada pela bela e saudosa Must Have Been Love, do Roxette... Para os mais sensíveis é de chorar! Uma sacada de mestre !


Ficha Técnica:

Data de lançamento 20 de junho de 2019 (2h 05min)

Direção: Jonathan Levine

Elenco: Charlize Theron, Seth Rogen, O'Shea Jackson Jr.

Gênero Comédia

Nacionalidade EUA


segunda-feira, 27 de maio de 2019



ROCKETMAN
Com a estréia de ROCKETMAN, as comparações com  Bohemian Rhapsody seriam inevitáveis,  ainda que,  aqui alertando, ambos são diferentes, principalmente em concepções... ROCKETMAN é um musical, apesar de tratar-se da biografia do astro Elton John, diferente do Bohemian, onde o ator apenas interpretava, não cantava... Outro fator importante na análise. Elton está vivo e pôde opinar, inclusive liberar abordagens de sua biografia que entre altos e baixos construiu uma das mais talentosas e rentáveis carreiras de ídolos de rock...  Satisfeito e feliz com o resultado Elton afirma, categoricamente, que dispensava verniz ou que lhe atenuasse algumas situações e fases nem tão edificantes assim, deixando portanto de configurar-se como uma cinebiografia chapa branca...
A trajetória do ídolo do rock é contada em flashbacks desde a infância, com especial vinculo de acontecimentos e situações a sua conturbada e estranha relação familiar, frise-se principalmente com o pai que nunca o abraçou e quando assim ele literalmente cobrava, o abraço lhe era negado... A traição da mãe e consequente separação é pintada com tintas suaves mas não deixa de ser fator impactante em sua trajetória ... A direção firme e criativa de Dexter Fletcher, (que também finalizou Bohemian) nos brinda com um musical irretocável, onde o elenco bate um bolão e a trajetória das canções, num achado, não obedece a cronologia, e sim são criativamente encaixadas em ações pontuais e situações cujas letras lhe sirvam de inspiração e moldura... funciona  perfeitamente...  Taron Egerton  faz um Elton sob medida, angustiado nas horas certas, afetado sem maiores exageros e atormentado e carente quase que o tempo inteiro, uma equação bem resolvida e feliz...  Com coreografias bem articuladas e criativas ( a primeira nos lembra o grande achado que foi FAMA) entre um ou outro conflito nos mostra a conturbada carreira, a relação com álcool e drogas e principalmente a sexualidade por vezes negada, escondida e não aceita pela família, que num jogo de faz de conta ao final se mostrava mais interessada nos frutos financeiros da carreira de Elton do que propriamente sua felicidade. Há momentos de rara beleza como cena da piscina ou abraço tão cobrado que o Elton recebe finalmente dele mesmo... um primor! Esta lá também a fértil e poética parceria de Elton com Bernie, o momento crucial e inusitado da escolha de seu nome artístico e cenas antológicas e impactantes de sua primeira grande apresentação onde o público literalmente levita... uma licença poética da física que ilustra a sensação que se abateu sobre um público receptivo e apaixonado de cara, numa primeira apresentação, coisa para poucos e grandes astros de verdade que tem o caminho, ainda que tortuoso, traçado nas estrelas... Senti falta da interpretação de algumas músicas na íntegra, o que de fato seria impossível nas duas horas de duração que são suficientes e redondinhas para sairmos da salas satisfeitos e com aquela sensação gostosa de “queria mais”!
Ficha Técnica:
Direção: Dexter Fletcher
Nacionalidade: Reino Unido
Esteia: 30 de maio


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sexta-feira, 10 de maio de 2019



A MENINA E O LEÃO

A primeira vista e,  levando-se em consideração  o material promocional, A MENINA E O LEÃO tem cara de produção menor, uma sessão da tarde sem maiores atributos... Ledo engano...
A história da garota que deixa cidade e amigos em função do trabalho do pai que trabalha com criação de leões na África, para zoos,  rebelde e inconformada se tornando um problema para a família e ver sua vida transformada ao apegar-se a um fillhote de leão branco e os problemas que essa relação trazem a ela e a família é um bom mote.... Bem, fiquemos por aqui com os detalhes...
Produção bem cuidada com esmero e critério na escolha das locações, o filme conta com um quarteto no elenco entrosado e bem dirigido, o núcleo familiar de Mia, e o protagonista maior, o leãozinho... A primeira fase do filme me soa apressada, o crescimento de Charlie(o leãozinho) é acelerado para que se chegue ao conflito mote maior do filme... Um dos grandes, senão o maior mérito e acerto do filme foi o tempo de sua gravação, 3 anos, onde a convivência e evolução da relação de Mia e Charlie numa evolução a olhos vistos é o grande achado do filme...
Falar de historinhas de crianças e animais de estimação já se tornou um lugar comum... A armadilha que esse tema se torna diante da possibilidade de  transformar-se em mais um dramalhão é lugar comum... A MENINA ... dribla com facilidade essa armadilha por dois motivos dignos: Aqui o animal não é tão comum e de estimação assim, trata-se de um animal selvagem, e depois porque o desejo dela não se restringe a possuir o animal pra si, e sim para devolve-lo a seu habitat natural, a selva... Um ato de altruísmo, uma mensagem politicamente inserida num contexto simplório em meio a um drama familiar bem construído e orquestrado.
As cenas de Mia e Charlie são uma beleza a parte, elas evoluem e ao tempo que nos assusta com as possibilidades(reais) de uma possível tragédia, afinal se trata de um animal selvagem, ao mesmo tempo nos encantam com a cumplicidade,  a harmonia e a evolutiva relação estabelecida e concretizada.
Emoldurado por uma fotografia bela e poética e embalada por uma trilha igualmente bela e cativante( Atentar para as faixas Mia e Charlie, Charlie`s Freedom, The Sanctuary e The Lion Sleeps Tonight, belíssimas), a história flue com leve e tensão nos momentos pertinentes e necessários.
O filme ainda tem tempo para abordar as questões familiares que completam o núcleo familiar formado pelos pais, Mia e o irmão...
Produção que conta com grandes marcas, faz um belo e necessário apelo em prol da vida animal, de forma simples e coerente sem ser didática... Vale a pena uma olhada, seu efeito será surpreendente!
Ficha Técnica:
Direção: Gilles de Maistre
Gêneros DramaAventuraFamília
Nacionalidades FrançaAlemanhaÁfrica Do Sul


sexta-feira, 29 de março de 2019




UM ATO DE ESPERANÇA ...

É um daqueles filmes que nos fazem crer que ainda existe inteligência no cinema... O filme de temáticas urgentes, roteiro enxuto, inteligente e criativo, e atuações impecáveis, destacando que Emma Thompson, aqui incorrigível e maravilhosa, está em seu melhor momento ... Produção de 2017(não entendo esse atraso de lançamento aqui ) baseada na obra do Ian McEwan, A BALADA DE ADAM HENRY, que assina o roteiro, nos fala da atribulada vida de uma juíza que vive para o trabalho, em meio à crise no casamento e a grandes questionamentos sobre si mesma ... Tudo começa a mudar quando o caso do jovem testemunha de Jeová que se recusa a aceitar a transfusão de sangue que o livraria das complicações com um câncer ... Depois do caso lhe cair nas mãos e de sua sentença, a vida não lhe será mais a mesma ... A fotógrafos nos dá um clima de uma luz extraordinária, tudo muito clean e em tons de branco a cinza, a exceção do figurino de Emma que por vezes sai do tom para lhe destacar com sabedoria, um achado já que o pretinho básico domina sua labuta diária ... Acostumada a julgar casos relativamente banais e de decisões simplórias, o dilema do jovem lhe abala as estruturas, põe em xeque alguns valores e muda completamente sua vida... Não cabe aqui falar mais da história, que com o elenco redondo e super talentoso nos brinda com momentos espetaculares, e isso vai de sua relação com o marido ( um Stanley Tucci inspirado ) a relação com seu auxiliar (seus silêncios e olhares são um achado ...) passando pelas poucas e marcantes cenas com Adam (Fionn Whitehead, com dramaticidade, manipulação e ingenuidade nas medidas certas)... Embalado por uma bela e inspirado trilha assinada por Stephen Warbeck, a película nos brinda seus 106 minutos com pérolas em citações, poesia e questionamentos urgentes e necessários sem em momento algum deslizar nos clichês tão comuns que filmes menores não conseguem escapar. É uma daquelas produções que ao término não temos como evitar o impacto e a permanência na sala a pensar seus desdobramentos ... Um filme adulto... 
Nao aqui como não associar atuação de Emma a da Glenn no mediano A ESPOSA, cuja atuação lhe lega todos os méritos...

quarta-feira, 20 de março de 2019




A CINCO PASSOS DE VOCÊ

A primeira vista, a sensação que se tem é do eterno vale a pena ver de novo... A velha história do romance que brota numa situação extrema com o casal de protagonista bonitinho e a excessiva dose de açúcar... A CINCO passa um pouco longe disso e apesar de pecar em alguns momentos(os inevitáveis clichês estão lá) consegue estar um pouco acima da média da enxurrada de romances baratos que inundam as telas com histórias melosas e protagonistas nem sempre de química apropriada...

Aqui jovem sofre de doença incurável (fibrose cística) vivendo reclusa das convivência entre seus pares num hospital em tratamento constante a espera de um pulmão que lhe dê alguns anos de sobrevida... Lá conhece o garoto que lhe mudara a vida, mas igualmente doente... Novidade? Nenhuma ... No entanto, mesmo em meio a todo esse clima e clichês, A CINCO... consegue ser um bom filme, nos emociona, nos faz pensar e até mesmo chorar... E muito de seu mérito creditamos a protagonista Lu Richardson (Fragmentado) que aqui com excepcional carisma nos brinda com um personagem bem construído e verdadeiro... São suas as melhores cenas e indiscutivelmente seu humor e seu senso prático e predominantemente organizacional supera de longe a atuação de seu partner Cole Sprouse, que não convence muito nas cenas dramáticas e fundamentais do filme, mas ainda assim estabelece uma química espetacular...

Com diálogos afiados e inspiradores, o roteiro é bem construído e a direção certeira de Justin Baldoni dribla com maestria os lugares comuns, ainda que dando certas derrapadas, nos já referidos clichês, nos brindando com uma bela e tocante história de amor, e sobretudo de vida, afinal a fibrose é uma doença rara e pouco falada, e apropriar-se dela para falar da finitude enquanto jovem, é desde já um tema complexo e por demais dramático... Stella(Richardson) não faz a coitadinha condenada, melosa e frágil, ao contrário disso, é bem humorada, forte, determinada e nos oferece as melhores e mais bem humoradas cenas, principalmente ao lado do amigo Poe (Moises Arias), que bate uma bola certeira e protagoniza importantes e tocantes momentos do filme... Desnecessário aqui falar mais da história, frisando apenas que os cinco passos do título é a distância mínima que os protagonistas devem manter um do outro(sem se tocarem) para sobreviverem sem se infectarem... O filme começa com a citação: "Precisamos ser tocados por quem amamos quase como precisamos do ar para respirar.” E a partir dela sutilmente nos vai lembrando do quanto esta citação tem importância e presença marcante em nossas vidas...

Devo acrescentar que me foi uma grata surpresa, inclusive uma versão para My Baby just care for you, imortalizada pela Nina Simone, numa versão bela e singela, mas que pra minha surpresa não consta na trilha, assim como outros temas instrumentais de bela inspiração... Um filme para se divertir e para pensar...

Ficha Técnica:

Elenco:

Ariana Guerra, Armando Leduc, Cecilia Leal, Claire Forlani, Cole Sprouse, Cynthia Evans, Emily Baldoni, Gary Weeks, Haley Lu Richardson, Ivy Dubreuil, Jim Gleason, Kimberly Hebert Gregory, Moises Arias, Parminder Nagra, Phillip Mullings Jr., Rebecca Chulew, Sophia Bernard, Sue-Lynn Ansari, Todd Terry, Trina LaFargue

Roteiro: Mikki Daughtry, Tobias Iaconis

Produção: Cathy Schulman, Justin Baldoni

Fotografia: Frank G. DeMarco

Estúdio: CBS Films, Wayfarer Entertainmen

Montador: Angela M. Catanzaro

Distribuidora: Paris Filmes



quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019



CAFARNAUM
Excelente drama onde a miséria é utilizada para um passeio nas malesas humanas...  Centrando história no calvário enfrentado por Zain (O ótimo Zain Al Rafeea) garoto de doze anos que foge de casa numa tentativa de se livrar da miséria e dos maus tratos a ele imposto pelo familiares... Amadurecendo a cada porrada, Zain passa por experiências singulares, cresce com elas na mesma medida que sua revolta, sua indignação e principalmente o maior achado do roteiro, a decisão de processar os próprios pais explode numa sucessão de situações e reviravoltas inusitadas mas que se amarram e encaixam entre si compondo um painel surpreendente... Utilizando flash-backs bem construídos e amarrados, a diretora Nadine Labaki, apesar de lançar mão de um argumento repetido e conhecido por comover e sensibilizar: a criança, pega pesado, não economiza focar em pequenos e importantes detalhes, traçar um panorama realista e chocante, construindo um dos grandes filmes desta safra...
Ao abordar a miséria, sofrimento humano, fome, exploração infantil e sobretudo, desencanto com a infância CAFARNAUM transita em vários questionamentos de maneira incisiva e pontual sem no entanto elaborar tratados ou propor soluções... É uma narrativa, de fato, de cunho pesado e extremamente dramático... Estão lá: O garotinho amarrado ao pé da mesa, as moscas que povoam praticamente todo a ambientação, os pais que batem, humilham e mal dizem os filhos e principalmente o amadurecimento precoce a base de porrada e humilhação... As tomadas aéreas ilustram com louvor o ambiente ao tempo em que funcionam como rápidas interrupções nos mementos de maior drama ou de consternação... Nada é arrastado ou propositadamente exaurido... É drama, no entanto sem maior densidade...É cruel mais sem ser apelativo...
Grande mérito do filme, que conta em seu elenco com atores não profissionais, a atuação do Zain só concorre em mesma intensidade com o dinamismo da montagem e a ótima e pertinente trilha sonora...
Cafarnaum concorre a melhor longa estrageiro com louvor, num ano em que temos grandes nomes  e  cinema de alta qualidade em meio a  homenagens e grandes roteiros...  Apostaria tranquilamente nele, uma vez que talvez o franco favorito Roma, que concorre nas duas categorias,tem fortes chances de ser elevado a melhor filme do ano, restando-lhe como concorrente Cold War, outro filmaço...
Ficha Técnica:
Título: Cafarnaum
Direção: Nadine Labaki
Elenco: Zain Al Rafeea, Fadi Yousef, Yordanos Shiferaw entre outros
Pais de Origem: Líbano