segunda-feira, 30 de setembro de 2013

 
O TEMPO E O VENTO
 
 
 
 
 
Confesso que fiquei indeciso quando o filme entrou em cartaz, o histórico das adaptações não me alegra ou motiva muito... E em se tratando de uma obra, aliás, a maior obra do Érico Veríssimo, autor que aprendi a amar, admirar e respeitar nos tempos do colegial, o impacto poderia ser muito maior. O histórico do diretor, Jayme Monjardim que nos encheu de didatismo com sua adaptação de OLGA, não me animava... Bem, deixei as preocupações de lado e fui conferir o filme. Justiça seja feita, o filme é desde já um cult no que diz respeito a fotografia, apesar de todo seu exagero... As tomadas são belíssimas, as imagens de impressionar. Neste quesito, numa inversão do famoso bordão "menos é mais" o Jayme exagera, saímos da sala de cinema empanturrados de pôr-do-sol e imagens no contra luz, recurso aliás muito bem vindo se bem aproveitado e na dosagem certa. Não é o que ocorre, as passagens de tempo (e são muitas) são todas entrecortadas por repetido pôr-do-sol e céu alaranjado, aliás o filme, todo ele, segue a linha filtrado num dourado e faz todo o percurso neste lugar comum. Encanta mas enjoa. As atuações são corretas, nenhuma grande revelação. O Thiago Lacerda chega a surpreender em algumas cenas(cumpre registrar: É impressionante sua semelhança com o Tarcísio Meira, o físico e os trejeitos estão lá pra provar. Prestem atenção e analisem comigo: Não seria este o substituto eventual do nosso galã canastrão que deixou de atuar no automático depois de velho???)... A Marjorie Estiano faz um bruta esforça pra imprimir sua marca e até consegue, mas nada que não tenhamos visto nas novelas globais. A Cléo Pires, que cheia de dedos, charminho e receosa das comparações com a mãe(que também fez Ana Terra) não chega a surpreender mas esta bem... Neste contexto destacam-se Paulo Goulart que sai do lugar comum que há muito estamos habituados a ver, construindo um arrogante coronel. O Luiz Carlos Vasconcelos e a Cyria Coentro, que mais uma vez fazem uma boa dobradinha (Vide Flor do Caribe), como sempre competentes e meio pontas de luxo... E a eterna Fernanda Montenegro que narra a história e como seu fio condutor dá um banho de construção de personagem nos brindando quase na totalidade com a dramaticidade de sua voz, sempre em off. Bem, com uma bela fotografia, um bom elenco, uma bela história pra contar, música contagiante... O que falta ao filme? ALMA. Talvez esteja exagerando, mas não senti a carga de dramaticidade que a história requer, não senti paixão, garra, luta e principalmente o clima épico que o romance exala em suas páginas... Encontramos de tudo: As batalhas, as danças e belas paisagens dos pampas, o figurino maravilhoso... Mas, como dizia,  Monjardim talvez se detenha no que é capaz de produzir fruto de seu trabalho, diga-se de passagem belíssimo, na TV, no entanto o buraco é mais embaixo e cinema requer mais... É um filme bonito de se ver, cuja história fragmentada e retalhada perde muito de seu impacto e emoção, mas ainda assim consegue entreter e sensibilizar... Os primeiros 50 minutos são meio lentos, no entanto, com a chegada do Capitão Rodrigo é como se a tela se enchesse de luz (a exceção dos repetidos crepúsculos) e a história ganhasse outro rumo. Ainda é pouco para a rica e deslumbrante obra de Veríssimo, no entanto um começo e um avanço, os progressos técnicos e visuais do filme saltam aos olhos e não deixam nada a dever a grandes produções. Talvez o grande vilão da história tenha sido o roteiro, ou quem sabe os cortes de edição, afinal O Tempo... é um filme longo para os padrões nacionais, e ainda assim, a história que é extensa, se encolhe e perde grande parte de sua dramaticidade.   

sábado, 21 de setembro de 2013

ELYSIUM
 
 
Eis que estréia o aguardadíssimo novo filme do diretor Neill Blomkamp. Em 2009 o aclamado, pelo público e crítica DISTRITO 9, foi a grande revelação e lançamento do jovem e talentoso diretor, estreante no universo dos longas. É perceptível, nas primeiras cenas de ELYSIUM a personalidade do diretor. Superprodução, desta vez tinha muita grana pra gastar, não faz feio. Neill utilizou cada centavo em prol de um filme bacana, com alma e sobretudo pedigree. O que poderia ser um samba de crioulo doido(a mistura de nacionalidades do elenco tinha tudo pra ser uma Babel) foi magistralmente equilibrado pela sua madura direção: Estão lá Jodie Foster e Matt Damon(Figurinhas imponentes do cinema americano), Wagner Moura e Alice Braga(brasileiros), o mexicano Diego Luna e o sul-africano Sharlto Copley (que rouba algumas cenas). A aguardadíssima participação do Wagner Moura, considerada estreia nas produções americanas se resumiu a uma postura correta e equilibrada, nada de muito revolucionário ou surpreendente(aliás cumpre aqui registrar que essa não é a primeira atuação dele lá, que ninguém nos ouça, ele fez participação em Sabor da Paixão, o medíocre filme com Murilo Benício e Penélope Cruz em 1999, que graças a Deus quase ninguém viu...). A história do filme é interessante, sua narrativa idem... O elenco faz bem o dever de casa e constrói uma boa narrativa ao longo de seus 109 minutos, emoldurados por cenário vezes futurista, vezes realista e uma trilha sonora de primeira... O que poderia surpreender em se tratando de construção de personagens, aqui não passa do competente, ou seja, não temos personagens arrebatadores, tipo aqueles que nos perseguem ao levantarmos da poltrona do cinema... Nenhum grande vilão a entrar na galeria dos eleitos... Em algumas cenas os destaques vão para: Alice Braga(quase sem sotaque) e Sharlto Copley, que se não faz um vilão arrebatador ao menos cumpre a função e reluz em algumas cenas de violência extrema... É um filme que deve ser visto e revisto, o Neill é um diretor detalhista e sensível, nos constrói um mosaico de situações onde ação e sentimento se misturam, crescem e nos surpreende. É plausível e ímpar o seu construir e ilustrar cenas com este misto de sensibilidade e ação, é uma forma de mostrar aos menos avisados que cinema precisa de alma e emoção!
Uma sugestão: Vejam na sala MACRO DO Cinépolis Boa Vista, nesta tela o brilho do filme é maior!

 

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

 

Tudo se Transformou,
                                                                      o novo show de Zizi Possi

 

A cantora Zizi Possi apresenta seu novo show, baseado no repertório escolhido para seu novo trabalho, gravado ao vivo em São Paulo. O show leva o nome de um dos mais belos sambas de Paulinho da Viola, ‘Tudo se Transformou’, que faz parte do repertório do espetáculo.
Zizi ouviu músicas inéditas de diversos compositores para incluir no repertório do novo trabalho. Entre as escolhidas, Zizi canta ‘Cacos de Amor’ (Luiza Possi/Dudu Falcão) e ‘Sem Você’ (Arnaldo Antunes/Carlinhos Brown) – canções inéditas na sua voz, ‘Meu Mundo e Nada Mais’, que registrou no início do ano para um cd em homenagem a Guilherme Arantes, e a inédita ‘No Vento’, da compositora gaúcha Necka Ayala. Zizi ainda resgata ‘Com que Roupa’ (Noel Rosa) e ‘Filho de Santa Maria’ (Itamar Assumpção/Paulo Leminski), gravadas nos discos ‘Sobre Todas as Coisas (1991) e ‘Mais Simples’ (1996), respectivamente.
Para acompanhá-la, Zizi Possi terá o Maestro Jether Garotti Jr. (piano e clarineta), Rogério Delayon (violão e cordas) e Guello (percussão).
“Não sou eu quem entende de música. É a música que entende tudo de mim”. Zizi Possi

Um pouco mais sobre Zizi Possi

Zizi Possi ou Maria Izildinha é neta e bisneta de italianos. Esta paulistana do Brás nasceu em 28 de março de 1956 e começou a estudar piano bem cedo, aos 5 anos de idade. Dada a rapidez com que aprendia, mudou de professores e métodos muito rapidamente.
Aos 18 anos foi morar com o irmão mais velho em Salvador, onde ficava a Escola de Música da Universidade Federal da Bahia, considerada a melhor da América Latina na época. Nesta escola cursou Composição e Regência durante 2 anos.
Ainda em Salvador foi professora de música em um projeto de reestruturação social e arquitetônica do Pelourinho, trabalhou em várias peças teatrais e musicais, onde interpretava, cantava e compunha algumas das trilhas. Gravou também alguns jingles para Alcivando Luz, músico e produtor de publicidade e participou de especiais da tv local.
Em 1977 Roberto Menescal, na época diretor artístico da gravadora Philips, assiste Zizi Possi pela primeira vez, em um programa piloto de TV. No ano seguinte, já no Rio de Janeiro, Zizi Possi assina com a gravadora e lança ´Flor do Mal´, seu primeiro LP.
Dois anos depois, consolida-se como cantora popular através de sucessos como ‘Pedaço de Mim’ (que gravou em 78 a convite de Chico Buarque), ‘Nunca’, ‘Meu Amigo, Meu Herói’, ‘Asa Morena’, ‘O Amor Vem Pra Cada Um’ (versão de ‘The Love Come To Everyone’, de George Harrison), ´Caminhos de Sol´, ‘Perigo’, ‘A Paz’, ‘Esquece e Vem’, entre outras.
No início dos anos 90, Zizi dá uma guinada na vida pessoal e profissional, volta a São Paulo, rompe com sua gravadora e parte para um novo desafio, reconhecido posteriormente como um divisor de águas em sua carreira. Concebe, arranja e interpreta três trabalhos em um formato inusitado na época, mas muito conhecido hoje: o tal acústico. ‘Sobre Todas as Coisas’, ‘Valsa Brasileira’ e ‘Mais Simples’ são considerados obras-primas e marcam definitivamente a carreira de Zizi e a música popular brasileira.
Em 1997 surge a proposta de gravar um CD em italiano (‘Per Amore’) de estrondoso sucesso, aplaudido pela crítica e pelo público. No ano seguinte, Zizi lança o CD ‘Passione’, considerado continuação do enorme sucesso ‘Per Amore’. Juntos, esse dois álbuns vendem mais de 1 milhão de cópias.
O disco seguinte ‘Puro Prazer’ (1999), interpretado só com voz e piano, foi indicado ao Grammy Latino em 3 categorias e, embora não tenha sido divulgado à altura, vendeu mais de 100.000 cópias em menos de 30 dias.
Em 2002, a pedido do presidente da gravadora Universal Music, Zizi lança o disco ‘Bossa’ no qual coloca a bossa nos ritmos e canções onde percebia que ela já existia como, por exemplo, Yesterday dos Beatles. Neste disco Zizi também dá sua assinatura para a música de Bebel Gilberto, Cazuza e Dé "Preciso dizer que te amo".
Neste mesmo ano, decepcionada com a gravadora e já prevendo uma modificação irreversível no mercado musical, Zizi rompe com a Universal Music e decide permanecer desligada de contratos. Em decorrência de problemas pessoais, Zizi entra em um processo de depressão que dura 3 anos.
Em 2005 é convidada a preparar um repertório totalmente em inglês para apresentar no palco da Bourbon Street, casa de música americana em São Paulo. Passeando pela música norte-americana sem fronteiras de tempo ou de estilo, apenas norteada pelo seu senso estético musical, Zizi Possi e seu maestro e músico Jether Garotti Jr., mergulham durante três semanas e submergem com um novo show/concerto, que viria a ser o embrião de seu 18º disco: ‘Para inglês ver... e ouvir’. O show, primeiro disco ao vivo de Zizi Possi, foi registrado em CD e DVD sob a direção de José Possi Neto e produção de Manoel Poladian, e lançado em dezembro do mesmo ano.
O ano de 2008 é brindado por uma temporada de 3 meses na casa de shows paulistana TOM JAZZ para celebrar os 30 anos de carreira de Zizi Possi. Dirigidos por José Possi Neto, os shows apresentaram repertórios diferentes e convidados como Ana Carolina, Edu Lobo, João Bosco, Ivan Lins, Alceu Valença, Alcione, Eduardo Dussek, entre outros.
A celebração se transformou em dois DVDs, Cantos e Contos 1 e 2, lançados em 2010 pela gravadora Biscoito Fino e também no novo show de Zizi Possi, que incorpora repertório inédito em sua voz com alguns dos grandes sucessos que pontuaram sua brilhante carreira.
Zizi Possi se apresenta no palco da TCA em Salvador dia 13 de Setembro as 21 h.
Serviço:
Dia: 13 de Setembro 2013 as 21h
Onde: Teatro Castro Alves - Pça Dois de Julho s/n -Campo Grande
Ingresso: R$ 120,00 (Filas A a P) R$ 100,00 (Filas Q a Z) e R$ 80,00 (Filas Z1 a Z11)
Venda: Bilheteria do Teatro e SAC`s Iguatemi e Barra

 
Fonte:

Assessoria de Imprensa | Zizi Possi

Adriana Bueno 11 3675.4829 | 7881-7032 id 86*24770 | adribuenocomunicacao@gmail.com

 

domingo, 8 de setembro de 2013

 
ATENÇÃO FOTÓGRAFOS
 


O bairro do Rio Vermelho recebe mais uma galeria de arte neste mês. A Alma Fine Art & Galeria abre as portas nesta sexta-feira (06), às 19 horas. A inauguração do espaço será feita com a abertura da exposição 'Essência', do premiado fotógrafo Marcelo Buainain. A mostra fica em cartaz até 18 de outubro, com visitação de segunda a sexta, das 10h às 18h. Entrada franca.

Veja também:Urban Arts divulga data de inauguração de loja em SalvadorSalvador ganhará filial da Urban Arts, referência no mundo da arte digital e ilustração
Idealizada pelos fotógrafos Ricardo Sena e Bruno Ribeiro, a galeria é especializada em Fotografia de Arte e vem com a proposta de acolher todos os trabalhos, sem levantar bandeiras que privilegiem determinadas linhas de criação em detrimento de outras.

No acervo estão trabalhos de fotógrafos premiados dentro e fora do Brasil. Além das obras, o local também oferecerá serviços de impressão em padrão Fine Art. Para quem quiser conhecer o local, a galeria fica na rua Bartolomeu de Gusmão, 13, loja 04, Rio Vermelho.

Buainain, que vai abrir o novo espaço cultural, comentou a novidade em sua página do Facebook. "Ontem tive oportunidade de conhecer a Galeria Alma que inaugura hoje com a mostra ESSÊNCIA. Os fotógrafos Ricardo Sena e Bruno Ribeiro, proprietários da Alma, estão de parabéns, a galeria está LINDA e tudo feito como muito PROFISSIONALISMO e AMOR. Para mim é uma honra inaugurar esse novo espaço de arte e fotografia da cidade de Salvador. Sejam todos bem vindos!", postou o fotógrafo.

Essência, de Marcelo BuainainLocal - Alma Fine Art & Galeria (Rio Vermelho)
Abertura - 06 de setembro, às 19h
Visitação -  até 18 de outubro, de segunda a sexta, 10h às 18h
Entrada franca
 
 





sexta-feira, 6 de setembro de 2013

 
POESIA PURA!!!!!!!
 
 
Fui hoje ver A Coleção Invisível, confesso que estava curioso, mas com as boas referencias de Susan Kalik, certamente não teria surpresas... Mas tive...O filme é muito, mas muito superior a minha humilde expectativa. Não espere nenhum grande roteiro rocambolesco e efeitos ou reviravoltas ...Ele é simples em tudo, é o típico filme que foi concebido para que os seus protagonistas brilhassem, e eles reluzem como nunca! Esqueça o Brichta que você se acostumou na série global... Aqui ele vai mais além e mostra porque é um dos grandes orgulhos baianos da dramaturgia na atualidade, aliás costumo chamar de santíssima trindade: Ramos, Moura e Brichta... Não há como contestar. Pois bem, batendo uma bolinha que dá gosto de ver com o Walmor Chagas, que reluz nas poucas mas inesquecíveis aparições... Centro do fio condutor da trama, faz desse trabalho seu grande finale, logo depois nos deixando para reluz no céu... O filme é de uma poesia e sensibilidade pouco vistos no cinema nacional. Franciscano em tudo, economiza justamente para fazer coro no famoso: Menos é mais, que aqui aliás se enquadra perfeitamente. Bernard Attal foi muito feliz na escolha do elenco, aqui as participações de luxo são um achado. As crianças impressionam em alguns momentos... Não mais posso falar a respeito do conteúdo, é o tipo de filme que tem-se que ver sem nada saber e muito deleitar-se com cada surpresa. O senão fica por conta da fotografia, sabe-se lá porque, esperei mais, o que de certa forma deve ter sido contida em função das performances. No mais, é um filme simples, poético, profundo e extremamente bem conduzido... Ao terminar de assisti-lo, sem nenhum pudor de confessar, as lágrimas me vieram aos olhos, não de tristeza ou pesar, mas de alegria e encantamento por perceber que ainda é possível fazer cinema simples e belo, onde as palavras dizem pouco, o argumento diz muito e as atuações são TUDO! Me senti valorizado enquanto expectador, não fizeram pouco caso do meu discernimento, da minha inteligência... Um bravo para Brichta, um VIVA para Walmor, que de lá do céu deve estar a sorrir de satisfação pela beleza e poesia da sua pequena e soberba participação! Não deixem de ver! 

 

quinta-feira, 5 de setembro de 2013


... DA NUDEZ MASCULINA


Uma das principais características do homem contemporâneo é que ele se sente extremamente desconfortável diante do corpo do homem contemporâneo.
Não, não como as mulheres que, expostas a séculos de padrões de beleza irreais e uma sociedade que cobra padrões estéticos um tanto quanto opressivos, acabam questionando a própria beleza e se cobrando de maneiras absolutamente injustas. Não, o homem contemporâneo não se sente tão desconfortável diante do próprio corpo – ainda que eu, com essa barriga, provavelmente devesse me sentir.
Na verdade, o homem, quando se sente desconfortável em relação ao corpo do homem, está quase sempre desconfortável com outro homem, não com ele.
Perceba. No banheiro, temos regras implícitas para o uso do mictório – você nunca deve usar aquele ao lado de um que já esteja sendo utilizado se puder usar outro. Temos momentos de desconforto em vestiários, porque um desvio de olhar num momento inadequado – “queria só ver onde tinha deixado minhas meias” – pode gerar momentos constrangedores.
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Joe Manganiello em True Blood
Beijamos no rosto apenas pais e avôs, damos abraços apenas em amigos de longuíssima data, cumprimentando amigos normais com abraços tímidos, colegas com apertos de mão e conhecidos com acenos de cabeça que, quando usados em demasia, parecem um tic nervoso.
Ficamos desconfortáveis ante a visão de caras de sunga branca na praia, damos risadinhas babacas quando os caras do vôlei dão tapinhas uns nas bundas dos outros, tachamos de gay quem usa regatinha.
Isso acontece pelos mais diversos motivos, claro. Vivemos em uma cultura que, por muito tempo, viu demonstrações de afeto e de sentimentos como algo feminino. Homem não chora, homem não abraça e, se abraçar, não coloca a cabeça no ombro do amigo. Isso seria esquisito.
Claro, também vivemos numa sociedade que frequentemente ainda vê a homossexualidade como uma doença que pode ser contraída se você fizer contato visual com um pênis, ficar encarando um tórax ou assistir aquela cena de Crazy Stupid Love em que o Ryan Gosling tira a camisa, não como uma manifestação do desejo sexual do outro.
Aconteceu isso? Cancela o premiére do brasileirão que, de agora em diante, só tem programa de decoração e culinária pra você, cara.

Uma TV Macho, porém com mais sutileza

Como vivemos em uma sociedade em grande parte moldada pelas necessidades masculinas – eu gosto da ideia de uma conspiração feminista subterrânea que algum dia será descoberta por Nicolas Cage, mas ainda nos faltam algumas evidências – esse desconforto do homem com o corpo de outro homem, somado à avidez desse mesmo homem hétero pela visão do corpo feminino, é refletida nos mais diversos aspectos da nossa cultura.
Pense no nosso cinema e televisão, por exemplo. Se numa programação normal, num filme normal, numa série normal, não é uma surpresa nos depararmos com o famoso binômio peitinho-bundinha – que vem sendo constantemente utilizado nos mais diversos contextos e gêneros, desde comédias até dramas, passando por terror e aventura, se mantendo ausente apenas das produções Pixar e Disney.
Com a nudez masculina a sistemática é claramente outra.
Uma interessante compilação que o Luciano me enviou mostra que imagens de caras pelados, seja uma bunda, um tórax ou – choque dos choques – um pênis, aparecem em contextos muito específicos, boa parte deles envolvendo séries de fantasia, gladiadores ou diretamente focadas no público gay. Mesmo nesses contextos, quase sempre numa proporção bem menor do que a boa e velha nudez feminina.
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Manu Bennett em Spartacus
Ou seja, vivemos em um contexto no qual bundas e peitos de garotas aparecem em todos os lugares, mas para topar com a bunda de um cara sem estar assistindo a uma série gay, ela precisa vir acompanhada de um aprofundado contexto histórico ou se passar num universo onde também existem dragões.

Uma campanha por mais bundas de caras?

Antes de alguém vir argumentar que, se quero ver bundas de caras, existem sites pra isso– porque sei que nesse momento tem alguém digitando isso nos comentários – eu queria explicar. Não como defesa mas como contextualização. Eu gosto mais de bundas de garotas e meu histórico do Chrome poderia claramente ilustrar isso, se eu não tivesse passado a usar a aba anônima por questões de bom senso.
A questão é que, assim como queremos ver peitinhos, violência, esportes, homens carecas que destroem suas famílias na busca ensandecida por poder no mundo do narcotráfico, na televisão e isso diz muito sobre quem somos, as coisas que omitimos ou evitamos também refletem diretamente o estágio no qual estamos enquanto sociedade.
O fato de que não sabemos lidar com a nudez masculina, mas exploramos em profusão a nudez feminina, fala muito sobre nosso machismo.
Fala sobre a forma como exploramos a mulher, sobre a nossa percepção de que o sexo delas pode ser usado para a diversão do homem – em programas que são considerados “normais” –  e sobre como nós achamos que a transação não existe no sentido contrário. Fala também sobre como das vezes que consideramos a sua existência, pensamos que não se trata de um programa normal, mas de um programa “de mulher” ou “gay.
Christopher Meloni e Brian Bloom em Oz
Christopher Meloni e Brian Bloom em Oz
Garotas se pegam em qualquer filme censura 14 anos, mas quando anunciam que dois caras vão se beijar numa novela das 8 – que na verdade passa às dez –, o carro do bom senso vira o transformer da insanidade. As associações de proteção a família se manifestam como se esse evento fosse rasgar o tecido da realidade tal qual uma toalha de mesa usada numa cantina italiana.
Estou dizendo que num mundo com mais nudez masculina no cinema e na TV nós seríamos menos machistas, menos homofóbicos, menos intolerantes, menos autocentrados? Não posso garantir, não tenho certeza.
Mas se eu fizesse um comentário desses, acho que o pessoal da pelada iria me olhar muito esquisito.
Acredito sinceramente que da mesma maneira que a ficção reflete a realidade, talvez ela seja uma boa ferramenta para que passemos a tratar com mais familiaridade as coisas que ainda nos confundem e desconcertam, sejam essas coisas traseiros de caras ou beijos gays.
Ao menos pra gente poder usar o mictório de forma mais confortável, sem ninguém olhando pra ninguém daquele jeito desconfiado.
João Baldi Jr.

João Baldi Jr. é jornalista, roteirista, escritor e um lateral-direito que apoia muito pouco o ataque e cruza com dificuldade. Tem um blog (www.justwrapped.me/), um Twitter (@joaoluisjr) e planeja comprar um cachorro em breve.

domingo, 1 de setembro de 2013

Joss Stone - Salvador, Brasil, 31/08/2013 (Show + Entrevista) [720p]



 Pra quem não foi, uma mostra na íntegra do show da Joss Stone no Circuito Banco do Brasil! BOMPRATODOS!!!!!!