quinta-feira, 31 de agosto de 2017


EMOJI – O FILME

Apedrejado pela crítica, mal falado pelo blogueiros, esta semana estreia no país, a animação da SONY,  EMOJI- O FILME, cujos protagonistas são as carinhas usadas a exaustão nos celulares em substituição as palavras, mais um recurso  adorado pelo preguiçosos de plantão... A história do filme é centrada no Emoji Meh, carinha do desânimo que, inconformado em ser encaixotado (literalmente|), não consegue desempenhar um só papel, acomodar-se a um padrão que lhe foi imposto. Em paralelo Alex (o humano) tem problemas com o celular e com a gatinha da escola, cujo contato, ainda que através do celular, não consegue emplacar...  A síntese do filme se resume na fuga de Meh, uma vez rejeitado por não conseguir manter-se “desanimado”, ou no padrão, aliás como seus país o são, desde sempre...  Bem, elencar como personagens de roteiro carinhas sem vida e fazer de  uma simples ida para conserto do celular mote do roteiro não é a maior e melhor das ideias, isto se compararmos a outras ideias brilhantes e roteiros mais inspirados e criativos, no entanto não creio que aqui, careçamos de comparação para julgar ou não os méritos de EMOJI, que,  é sim, uma boa animação... Primeiro por se tratar de uma animação bem elaborada, colorida e dinâmica (como demanda seu publico alvo) e depois por,  sutilmente questionar valores e posturas, conflitos vividos por uma geração digital que ainda não se encontrou... Com piadas inteligentes, tiradas sutis e bem construídas, ainda que quisesse, ou que fosse sua pretensão, não é nenhuma obra prima, no entanto esta longe de ser a pior animação como  propagado por ai por patrulheiros de plantão... Acho bacana mais esta produção da SONY se preocupar com temas tão importantes,  de abordagens e discussões necessárias, ainda que de maneira sutil e velada...  Aqui se fala da importância dos amigos de verdade, da busca pelo ideal, do papel  feminino e principalmente da importância da jornada, afinal em tempos tão ágeis e voláteis, cuja busca por ideais pré-estabelecidos e/ou padronizados passou a ser a bola da vez, questionar é sempre saudável.  Ainda que nos falem pouco, não deixa de ter certo mérito,  carinhas sem vida própria ensinar de maneira poética e sutil almas de verdade contaminadas por essa ânsia volátil e desnecessária por aceitação e aplauso daqueles que em sua esmagadora maioria, mal conhecem...  O mal do século.
Data de lançamento 31 de agosto de 2017 (1h 26min)
Direção: Tony Leondis
Nacionalidade EUA




COMO NOSSOS PAIS

Vencedor com louvor do ultimo festival de Gramado, onde levou nada menos que 6 estatuetas, o novo trabalho de Lais Bodanzky que estreou com o pé direito em Berlim onde foi elogiado, ainda conseguiu o premio num festival em Paris, não é pouca coisa, este é o seu melhor(são dela Bicho de Sete cabeças e As Melhores Coisas do Mundo) trabalho, cujo amadurecimento se percebe em cada detalhe.
Como Nossos Pais nos fala do universo de Rosa que em meio a uma crise, recebe num  almoço familiar de domingo uma revelação bombástica que vai alterar tudo em sua vida...  A narrativa é centrada na crise que Rosa enfrenta em meio as suas atribuições enquanto mãe, mulher e pessoa, um manancial de situações que envolve sua relação com o outro e consigo mesma...  Rosa corre para dar conta da criação de duas crianças, o emprego, a casa, o marido, a mãe e um pai que vive nas nuvens... Dona de uma sensibilidade espetacular, Lais nos brinda com uma infinidade de sutis detalhes que falam por si e nos levam a um entendimento sem muitas explicações. A chuva que cai em meio ao almoço é um prenuncio do que vem pela frente... Um verdadeiro achado...
Com diálogos bem construídos e sequências bem elaboradas, este é de longe o melhor trabalho de Lais, que no seu todo revela o amadurecimento e qualitativo salto em sua carreira. Com um elenco excelente ( Maria Ribeiro, Paulo Vilhena  e Clarisse Abujamra) a narrativa flui e chega a ser cortante e cruel em alguns momentos, mas longe de ser  assustadora ou gratuita, ali é tudo muito verdadeiro, ali se pode ser honesto sem soar dramático demais... Os diálogos cortantes e de refinada ironia entre mãe e filha que não conseguem um só momento de ternura e afeto são impressionantes... Sutilmente situações diversas e seus questionamentos nos são  apresentados  e num emaranhado entre a relação de Rosa com a mãe, o marido, as filhas, o pai,  e,  principalmente consigo mesma pode a primeira vista parecer lugar comum... Não é. Laís sabe fazê-los crescer e aprofundando na medida, sabe também conduzir e costurar estas situações que facilmente cairiam no clichê do lugar comum, o aqui não acontece...
Ficha Técnica:
Gênero: Drama
Estréia: 31/08/2017
Direção: Laís Bodanzky
Elenco: Annalara Prates, Clarisse Abujamra, Felipe Rocha, Jorge Mautner, Maria Ribeiro, Paulo Vilhena, Sophia Valverde


segunda-feira, 21 de agosto de 2017



BINGO – O REI DAS MANHÃS
Uma cena aparentemente  solta, banal, entre figurantes talvez seja uma das mais emblemáticas para os mais atentos , e sintetize  um pouco a história do que foi para a TV e a criançada da década de 80 o palhaço BINGO,  ou melhor dizendo BOZO: Em meio a uma premiação o BINGO real está  frente a frente com o BINGO da ficção...  
Com um currículo invejável de montagens (Cidade de Deus, Tropa de Elite, Diário de Motocicletas e Ensaio Sobre a Cegueira) Daniel Rezende faz sua estreia na direção em grande estilo. Com um elenco de feras, encabeçado por Wladimir Brichta, aqui em sua melhor atuação (num exemplo claro de amadurecimento),  uma reconstituição de época  primorosa e uma trilha nostálgica, Rezende nos oferece um dos melhores filmes desta ultima safra, uma verdadeira pérola!
O filme nos fala da história de Augusto Mendes(Arlindo Barreto) personagem de Brichta, um dos 12 atores que fizeram o BINGO, ao longo de seus 10  ou 11 anos  na TV, sua carreira de pouca visibilidade enquanto ator pornô, sua meteórica subida ao estrelato e sua descida ao purgatório... Aqui os personagens (verídicos) não ostentam seus nomes verdadeiros, a exceção da Gretchem, numa especie de afetiva homenagem,  por motivos diversos, que talvez não venham ao caso, o que não deixa de ser uma deliciosa brincadeira identifica-los dentro do contexto da época, sendo desnecessárias maiores pistas, é fácil e impressionante!   Filho de atriz famosa, Marcia de Windsor, bem representada aqui por Maria Lucia Torre, Augusto/BINGO vê sua vida mudar ao conseguir, de maneira inusitada e criativa em meio a 100 concorrentes, a sonhada vaga e possibilidade de estrelato... Daí  é uma sucessão de vitórias em meio a queda  e a frustração por ser apenas uma máscara, uma sobra, uma vez que por força de cláusulas contratuais não poderia revelar sua identidade.... Ficamos aqui na história...
Numa montagem dinâmica, sem ser corrida, Rezende mostra passo a passo desta trajetória e faz mais, mostra o painel da televisão naquela época, em meio a problemas sociais e, evidentemente, horas com sutileza, outras nem tanto, o universo das TVs e suas celebridades... Uma delicia! Os objetos de cena  e alguns cenários fazem uma viagem no tempo sem roubar a cena... Preste bem atenção nos elementos que compõem o cenário, é de uma nostalgia singular para quem  compartilhou aquela época, na opinião de muitos, talvez uma das décadas mais musicais e culturais... Vide a sonoplastia do filme.
O elenco está muito bem, atuações irretocáveis ... Merecendo ressalvas a pequena mas emblemática participação de Emanuelle Araújo e do saudoso Domingos Montagner, em cenas que remetem ao universo do circo, que ele tão bem abraçou e vivenciou  e do garoto Cauã  Martins, uma revelação...  isso sem falar na Leandra Leal, beirando a perfeição como sempre... Bem, com um time deste, um argumento excepcional e um bom roteiro, tá pronto o filme dos sonhos!
A atuação do Vladimir Brichta é visceral e irretocável, com ou sem maquiagem, seu olhar é a tônica e alma do filme... Mergulhou de cabeça e conseguiu fazer desta, sua melhor atuação. Vejo nesta produção uma evolução considerável, se levarmos em consideração a avalanche de comédias e afins, bem como também de tentativas infrutíferas de mergulhos em dramas de valor duvidoso. É um filme bem construído e afetuoso para com todos aqueles ali retratados, verdadeiro e belo sem ser apelativo.
FICHA TÉCNICA:
Gênero: Drama
Estréia: 24/08/2017
Direção: Daniel Rezende
Elenco: Ana Lúcia Torre, Augusto Madeira, Cauã Martins, Emanuelle Araújo, Leandra Leal, Raul Barreto, Tainá Müller, Vladimir Brichta


sexta-feira, 11 de agosto de 2017


VALERIAN E A CIDADE DOS MIL PLANETAS

Luc Besson é um diretor de carreira brilhante e inovadora em seus primeiros trabalhos, vide O PROFISSIONAL, IMENSIDÃO AZUL, O QUINTO ELEMENTO, me arrebataram e me marcaram... Não há como esquecer a obra prima que é O PROFISSIONAL...no entanto abraçou ficção cientifica enquanto espetáculo de luz , cores e som, ou seja um show de pirotecnia, que as vezes deixam o conteúdo a desejar...
Ele agora nos brinda com VALERIAN, que se não é dos seus melhores, também não chega a ser o pior... A saga do casal de protagonistas que viajam no tempo para salvar planetas em meio a uma situação afetiva irresolvida é o mote deste longa baseado num quadrinho, paixão do diretor... O filme é um espetáculo de imagem e efeitos , visual caprichado, cuja trilha sonora, deixa um pouco a desejar. Nos remete a outras ficções, sem maiores inovações... Algo sem personalidade que não ajuda muito a um casal de jovens protagonistas que também não gozam de boa química... O roteiro até que cria e se esforça em situações inusitadas e por vezes de humor veladamente sarcástico, mas nem assim o objetivo é atingido... Os efeitos especiais são o grande mote do filme, que em um dos maiores orçamentos já vistos na França, capricha na criação dos planetas, e em especial de seus habitantes, em alguns momentos nos remete a Avatar, apenas na questão visual... A história meu lenta demora um pouco de engrenar nos 40 minutos iniciais, no entanto ganha vigor e maior desenvoltura nos minutos que se seguem até o final. A atuação dos atores Dane DeHaan e Cara Delevingne, respectivamente Valerian e Laureline não passam do regular, deixando a impressão, como já comentei, que lhes faltou a química necessária que empolgue. O roteiro também do Besson não ajuda muito, são muitas ações, numa trama meio confusa que, para complicar conta com um mocinho que pousa de mulherengo mas não convence em nenhum momento e uma mocinha durona que soa fake. Bem, em meio a isso fica pronta a escada pra Rihanna roubar a cena e brilhar...
Fica-nos a sensação que Besson construiu um espetáculo de visual primoroso mas, sem a alma necessária pra arrebatar, numa narrativa demasiadamente longa pro conteúdo... Em 138 minutos conta-se bem uma história... Do contrario esses minutos viram uma eternidade...
Ficha Técnica
VALERIAN E A CIDADE DOS MIL PLANETAS (Valerian And The City Of a Thousand Planets)
Distribuidor:Diamond Films
Gênero: Ficção Científica, Ação, Aventura
Classificação Etária: 12 anos
Tempo de Duração: 2h 18min
Direção: Luc Besson
Roteiro: Luc Besson
Produção: Luc Besson
Trilha Sonora: Alexandre Desplat
Elenco: Dane DeHaan (Valerian), Cara Delivingne (Laureline), Clive Owen (Auru), Rihanna (Bubble), John Goodman (Igun)

MALASSARTES E O DUELO COM A MORTE

Cresci ouvindo histórias de Pedro Malassarte num disco de vinil de um lado e da Chapeuzinho Vermelho do outro, eis que agora resolvem adaptar a obra para o cinema... O filme conta a história de Pedro,  um jovem matuto que vive dando um jeitinho em tudo e fugindo de suas responsabilidades, no sertão brasileiro, um Gerson Mirim(lembram? Aquele da lei) . O universo de Pedro é o nordeste brasileiro, os tipos carismáticos e inocentes que de alguma forma acabam por ser vitimas de suas espertezas... Nesta narrativa o foco é  pautado em seu duela com a morte , suas  tentativas de enganá-la e saldar uma divida com o irmão da inocente namorada... Não há como evitar pequenas comparações com o Auto da Compadecida, lembrando-se que, esta sim, uma pequena obra prima...
Dirigido por Paulo Morelli, que conta com um elenco potencialmente equilibrado, destacando=se a grande promessa do cinema nacional, o pernambucano Jesuíta  Barbosa, Isis Valverde, Julio Andrade,  Vera Holtz, Leandro Hassum e Milhem  Cortaz,  e em meio a muitos efeitos especiais, o filme não chega a arrebatar...  E inegável a evolução dos efeitos especiais em filmes nacionais, e neste, se não chegam a perfeição, são de um progresso espetacular, no entanto desnecessários num universo tão rico em beleza, bucolismo e poesia... Talvez a história carecesse de uma visão menos high tech, menos glamourisada, como nos é apresentada...
A atuação dos atores as vezes beiram o caricato, o Jesuita, com muito esforço, e em meio a algumas repetições  impostas pelo roteiro,  meio que carrega o filme nas costas, a Isis, é sempre a Isis,  o Hassum nos brinda com uns poucos momentos de humor mais articulado ...
Em meios a espertezas e idas e vindas numa narrativa talvez um pouco confusa para o público alvo, não chega a decepcionar, mas nos deixa com um gostinho de que poderia ter seguido um outro caminho e nos dado uma outra sensação, que não a de um Harry Potter tupiniquim... Uma pena.
Data de lançamento:  10 de agosto de 2017  (1h 50min)
Direção: Paulo Morelli
Elenco:  Jesuíta Barbosa, Ísis Valverde, Júlio Andrade, Vera Holtz, Leandro Hassum, Milhem Cortaz
Gêneros Comédia, fantasia
Nacionalidade Brasil


segunda-feira, 7 de agosto de 2017


O ESTRANHO QUE NÓS AMAMOS



Em 1971, sob a direção de Don Siegel e protagonizado por Clint Eastwood e Geraldine Page, a  história do soldado John McBurney, encontrado ferido na floresta pela garotinha Amy socorrido e levado para o internato de moças é lançado nos cinemas. A chegada do estranho dá uma sacudida na pacata e rotineira vida das nove mulheres que habitavam aquela casa
Agora Sofia Coppola faz uma bela e tocante releitura desta intrigante história que nos fala de desejo, paixão, amor e ódio. Em suas mãos o roteiro ganhou uma enxugada (duas das mulheres foram limadas, incluindo ai uma empregada negra), abriu mão da trilha sonora e em seu lugar emoldurou suas imagens com canto dos pássaros, pontuou as cenas com imagem do bucólico e gótico casarão e manteve a luz natural, o que nos legou um lirismo provincial. Habitué de abordagens do universo feminino, o que faz\ com muita propriedade e personalidade, mais uma vez apõe sua marca e centra o conflito no olhar das mulheres e não sob o ponto de vista masculino como na versão de 71. Reside ai seu maior achado e a transformação que a narrativa sofre e só tem a ganhar. Suprimido a conflito vivido pela protagonista Nicole Kidman que nesta versão vive Martha, a diretora da instituição e na versão de 71 era quase uma sub trama, o filme fica mais coeso e centra-se na transformação sofrida por essas mulheres em meio a presença do estranho, que aqui, em outra sábia alteração, não mais figura como o garanhão sedutor, dono do pedaço vivido pelo Clint Eastwood. Nesta versão temos um Colin Farrell mais comedido, cortês, sensível e educado. Se na versão de 71 havia algum erotismo mais explicito, e cenas outras mais pontuais e detalhistas, nesta versão o conflito psicológico é a prioridade, inclusive a personagem vivida pela Kirsten Dunst ( Edwina)  ganha mais espaço e destaque. Nesta versão John McBurney (Colin Farrell) é educado e carismático, o que o torna sedutor, principalmente aos olhos da atormentada e carente Edwina... 
É uma bela e intrigante história de um lirismo particular,  mas nem por isso menos forte ou questionadora. Pode até não ser a grande obra prima de Sofia, mas certamente é uma grande pérola na pequena mais brilhante carreira desta que é umas das mais promissoras diretoras da atualidade em meio a um universo quase que na sua totalidade predominado por diretores.
Ficha Tecnica:
Direção: Sofia Coppola
Elenco: Colin FarrellNicole KidmanKirsten Dunst,  Elle Fanning, Angourie Rice e Addison Rieck
Gêneros SuspenseDrama
Nacionalidade EUA
Estréia próximo dia 10.

sexta-feira, 4 de agosto de 2017


OS MENINOS  QUE  ENGANAVAM NAZISTAS

Direção: Christian Duguay
Gênero Drama
Nacionalidades FrançaCanadáRepública Tcheca
Durante um período de ocupação nazista na França, os jovens irmãos judeus Maurice (Batyste Fleurial) e Joseph (Dorian Le Clech) embarcam em uma aventura para escapar dos nazistas. Em meio a invasão e a perseguição, eles se mostram espertos, corajosos e inteligentes em sua escapada, tudo com o objetivo de reunir a família mais uma vez.
Certamente esse não é o primeiro, nem tão pouco será o ultimo filme a falar do nazismo, e em específico a perseguição aos judeus, no entanto essa narrativa guarda características e um certo clima poético e singular, é ai então que reside seu mérito e sua contribuição a abordagens envolvendo nazistas e judeus.
O roteiro é baseado numa história real, cujo livro alcançou 20 milhóes de exemplares vendidos ao redor do mundo, o que não é pouca coisa....
A história não guarda nenhuma grande trama ou grandes inovações, é simples  e nesta simplicidade reside seus maiores méritos: Dois irmãos em fuga da perseguição nazistas passam por fortes e edificantes experiências ao longo desta empreitada aliadas as mudanças que vivem na transição da chegada da adolescência. A narrativa centra foco nas duas crianças, suas experiências, seus conflitos e seu amadurecimento. Nos chama atenção o amor e a união desta família que vive de encontros e desencontros mantendo-se numa unidade exemplar.
Contando com um elenco competente e carismático, o ator mirim Dorian Le Clech (Joseph) rouba completamente a cena em uma atuação irretocável, um olhar encantador e um carisma singular. Girando em torno de Joseph, a história se desenvolve sob a ótica do seu olhar, o achado do diretor Christian Duguay que neste quase road movie soube criar situações de tensão e suspense mescladas ( A cena inicial chega a ser cruel, no entanto de amor desmedido) a situações outras,  onde a inocência e a singeleza da infância se equilibram, criando momentos de raro e sutil humor, isso, sem falar na bela trilha sonora e nas imagens deslumbrantes de uma bela Paris, o que legou o filme de certa leveza e o fez não ser de todo tão triste ou desalentador.

Christian Duguay  possui uma filmografia bastante diversificada, mostrando-se um diretor corajoso e sensível, são dele: Belle et Sebastian, Coco Chanel, Joana D Arc. Apostando aqui numa história mundialmente conhecida, no apelo sentimental  e sustentado por um elenco competente e carismático,  onde valores como amor, fraternidade e união familiar são sabiamente ilustrados. Nos brinda então, em meio a um tema espinhoso e perturbador,  com um filme de rara beleza e sensibilidade sem ser apelativo ou excessivamente dramático, um mérito.

terça-feira, 1 de agosto de 2017



EM RITMO DE FUGA


Edgar Wright( Scott Pilgrim Contra o Mundo e Todo Mundo Quase Morto) lança agora seu melhor trabalho. Partindo de uma história simples, usa e abusa do que mais sabe fazer com inteligência e propriedade, a frente do roteiro e da direção.
A história do garoto, gênio ao volante, que dirige para um mestre do crime, aliás único elemento constante em todos os seus golpes, começa a incomodar os demais integrantes por seus jeito contido e calado e sua fixação por música(anda pra cima e pra baixo de fone nos ouvidos, bingo! A cereja do bolo, não vale a pena dizer aqui o porque,,,)... Esta história simples começa a ganhar corpo e complexidade quando passamos a conhecer o universo do garoto e assim deciframos os enigmas que regem seu comportamento.
De uma velocidade alucinante (a cena de abertura é uma das mais bem concebidas e dirigidas) e com uma trilha sonora espetacular, Wright vai de achado em achado montando um quebra-cabeça que faz deste, um dos melhores filmes deste semestre.
Apoiando-se no talento de Ansel Elgor (A Culpa é das Estrelas), que dá um show, protagonizando cenas que talvez em mãos outras se tornassem banais (Vide o balé de sua ida comprar um simples café), seu personagem segue ao longo da narrativa num crescendo espetacular. Em meio a golpes, perseguições e muitos tiros, Baby(Elgort) ainda consegue engatar um caso de amor com a doce Deborah (Lily James), outro achado, o que dá certa leveza e harmonia em meio a pancadaria... O romance vivido pelo casal é um capitulo a parte no filme, de uma cumplicidade e uma verdade singular, uma química pouco vista nas telas, um romance simples e repentino (não chegam a trocar um par de beijos), mas de uma intensidade e emoção exemplar.
No mais, o Kevin Spacey(Doc) faz o dever de casa, como sempre, muito bem mais sem maiores novidades na composição, o Jamie Foxx (Bats), muito bem ao que se propõe... Com esse quarteto, o diretor deita e rola em cenas muito bem dirigidas e coreografadas, algumas de um colorido espetacular(preste atenção a cena da lavanderia) montadas numa seleção musical, que de longe é o quinto personagem em importância no filme... Um achado!
Ação com conteúdo e inteligência, uma das boas e grandes surpresas em meio a essa série de produções, no já conhecido período de férias... Seria o inicio dos musicais de ação????
FICHA TÉCNICA:
Em Ritmo de Fuga (Baby Driver) — EUA/Reino Unido, 2017
Direção: Edgar Wright
Roteiro: Edgar Wright
Elenco: Ansel Elgort, Kevin Spacey, Lily James, Eiza González, Jon Hamm, Jamie Foxx, Jon Bernthal, Flea, Lanny Joon, CJ Jones
Duração: 113 min. Já em cartaz