quarta-feira, 22 de dezembro de 2021


 

MATRIX RESURRECTIONS

Finalmente a ansiosamente aguardada estreia do MATRIX RESURRECTIONS, quarto episódio (quase 20 anos após o terceiro) de uma das mais bem sucedidas e inventivas franquias dirigida pelas irmãs Lilly e Lana Wachowski. Franquia iniciada em 99, já nos deu dois exemplares na sequência e que, verdade seja dita, são muito inferiores a essa quarta edição... Um achado. Contando mais uma vez com Keanu Reeves (aqui mais maduro e totalmente inspirado, aos 57 anos retoma aquele que foi o papel responsável pela guinada em sua carreira e posterior transformação em figurinha premiada no universo estrelar hollywoodiano) e Carrie-Anne Moss que voltam na pele de Neo e Trinity, num capitulo da franquia onde suas vidas e seu reencontro são o foco, o tom da narrativa.  Deve-se levar em consideração que após três episódios, aqueles efeitos soberbos, aquela inovação há muito já deixou de ser o inusitado, o fator surpresa, que foi um divisor de aguas em termos de efeitos especiais nas grandes franquias, não deixou de ser importante, mas não mais a cereja do bolo. Estão lá neste novo episódio as referências a Alice no País das Maravilhas, as questões do livre arbítrio, e sobretudo a filosofia em pílulas, pequenas pérolas que são ofertadas ao longo de seus 148 minutos ( que o faz ser o mais longo de todos da série) de duração e as, bem sejamos redundantes, famosas pílulas azuis e vermelhas .Neste episódio, que conta com a direção e roteiro apenas de Lana, percebe-se uma certa tendência a um viés mais humorístico, em alguns momentos. Aqui vemos Neo como um  criador de jogos e praticamente livre de seu passado e ai de repente... Bem, creio que fazer citações a respeito do andamento desta história estraga e muito as surpresas que estão por vir, portanto é de bom tom que se chegue a sala sem maiores informações e se viaje no tempo e nas lembranças de uma franquia que já nasceu sucesso e mais uma vez faz dos efeitos especiais seu grande trunfo que, aliada as figuras carismáticas e envolventes de Reeves e Moss fazem deste um dos grandes filmes de ficção do ano, que evidentemente vai dividir opiniões, é fato. Não espere, contudo,  um filme de narrativa fácil, não seria pois, um MATRIX genuíno, aliás umas de suas características básica. A própria crítica especializada após seu lançamento se dividiu entre o mediano e o espetacular. Pois bem, com uma espetacular sequência de efeitos especiais, uma trilha sonora nervosa e pertinente (Johnny Klimek e Tom Tykwer)  excelentes atuações, roteiro redondinho e um sutil e talvez dispensável humor incorporado de quando em vez, temos um episódio legitimo que não faz vergonha a franquia e que em nenhum momento soa como caça-níquel, ou pura opção comercial, deixando inclusive a porta aberta para uma possível sequência, apesar das declarações da Lana que insiste em dizer que o roteiro veio para amenizar a perda dos pais, algo considerável, e que não pensa em continuação... Torçamos para que mude de ideia, nesta seara ainda há muito que explorar.

Ficha Técnica:

Título: MATRIX RESURRECTIONS

Direção: Lana  Wachowski

Elenco: Keanu Reeves, Carrie-Anne Moss, Neil Patrick Harris, entre outros

segunda-feira, 20 de dezembro de 2021


 

SING 2

É uma daquelas boas aventuras para se assistir sem maiores compromissos, e mais ainda, sem maiores expectativas e principalmente sem comparações com seu antecessor, que continua imbatível. A primeira impressão de cara é que se trata de um amontoado de clips, com músicas deliciosas, muito colorido, muita ação e muita beleza. A turminha está de volta e seu desafio, sua missão como sonho de realização é a produção de um show e para isso tem que conseguir tirar a lenda da música, o recluso astro Clay Calloway que vive isolado e refém de saudade em função de uma grande perda. Seu retorno, pois, é o grande e esperado momento do filme, onde o Bono (U2) brilha com seu recado vocal de arrepiar... Os fãs vão adorar. Não vejo uma necessidade de maior consistência num roteiro simples e sem maiores abordagens a não ser a luta pela realização do sonho e seus percalços... Está de bom tamanho para a garotado que irá se esbaldar com uma seleção de músicas prá lá de animadas e com grandes interpretações... Não há como não sacolejar na poltrona nos momentos deliciosos que as canções embalam com total pertinência... O filme é tecnicamente perfeito dentro de sua proposta, aliás o 3D vem se superando a cada filme, a riqueza de detalhes impressionam com coreografias bem elaboradas, um turbilhão de cores, brilhos e efeitos que dá gosto de se ver. Impossível não se deliciar com time capitaneado por Billie Eilish, Shawn Mendes, Drake e U2... Eles fazem a festa para os ouvidos. Um bem danado para alma!

Para não esquecer: A dublagem está um primor!

Ficha Técnica

Direção: Garth Jennings

Roteiro: Garth Jennings

Dubladores: Wanessa Camargo, Fiuk, dentre outros

quinta-feira, 16 de dezembro de 2021


ENCOUNTER

Não fosse um grande filme por seus méritos, já valeria apena pela atuação, outra vez visceral de Riz Ahmedm que nos brindou com o estupendo O SOM DO SILENCIO (lhe rendeu uma indicação ao Oscar), e que aqui brilha mais uma vez como Malik, um pai desesperado e cuidadoso que na ânsia de proteger seus dois filhos da possível proliferação de seres alienígenas que chegam a terra na pele de insetos que contaminam aqueles por eles picados. As crianças moram com a mãe (separada) e um padrasto não muito simpatico. Talvez o resumo ficasse aqui nessa espécie de road movie, mas acreditem, é muito mais que isso. Tecer maiores detalhes da história seria de extremo mau gosto, uma vez que iria priva-los da surpreendente surpresa que nos aguarda, e tudo isso fruto do bem construído roteiro de Michael Pearce (com Joe Barton) que também dirige com inspiradora condução essa pequena viagem de consequências inimagináveis. A narrativa que centraliza foco na viagem do pai com os dois filhos, aliás, o Lucian-River Chauhan que faz o mais velho é um primor de atuação, é uma experiência incomum onde muito do não dito faz muito mais sentido... O contraponto estabelecido entre as duas crianças, suas posturas, seus medos, suas alegrias e sobretudo suas expectativas, guardam muito do conteúdo e mensagem do filme. Ahnmed mais uma vez se entrega visceralmente a um papel complexo e carregado de nuances e traumas psicológicos. O que a princípio poderia nos parecer uma narrativa lenta, arrastada e, sobretudo, sem muita novidade, acaba por se transformar num achado, onde a expectativa pelo que estar por vir e a dúvida do que ali na tela a nossa frente se estabelece é muito maior, mais profunda e marcante. O bate bola que se estabelece entre estes três atores é de uma química espetacular. Os diálogos e as constantes lições e o aprendizado em função da convivência forçada com um pai desejado e até então ausente é de uma poética verdadeira e sobretudo, cativante. Contamos com uma Olivia Spencer que aparece pouco, apesar de em moimentos decisivos, no entanto apagada e pouco inspirada, uma coadjuvante de luxo para uma narrativa onde as atenções são totalmente voltadas para o trio de excelentes protagonistas. Uma tocante e visceral atuação de uma das grandes promessas, o talentoso e competente  Ahnmed mais uma vez no páreo para o Oscar 2022, aguardemos as indicações mês que vem.

Ficha Técnica

Título: ENCOUNTER

Direção: Michael Pearce

Roteiro: Michael Pearce e Joe Barton

Elenco: Riz Ahmedm, Lucian-River Chauhan, Octavia Spencer

Onde ver: Amazon Prime Vídeo