sexta-feira, 27 de agosto de 2021


 

A LENDA DE CANDYMAN

E lá se vão 30 anos do lançamento deste que, a exemplo de grande lançamentos das décadas produtivas e inovadoras nos brindou com grandes surpresas... Sem querer ser continuação e mantendo a essência, eis que nos chega essa versão moderna e cheia de personalidade, onde a diretora Nia DaCosta há de dividir opiniões, como aliás toda grande(ou não) releitura. A premissa das lendas urbanas, proposta do original e deste está lá viva e apenas contextualizada, afinal estamos em outro século...  Com produção irretocável do, agora poderoso, Jordan Peele(Corra!) que,  por si só, já alavanca holofotes, a narrativa em tons sombrios e de força enigmática e com cenas impactantes é uma boa e bem construída releitura... Com elenco em sua totalidade negro em atuações corretas e equilibradas, a história da lenda, o espirito portador de um gancho que substitui uma das mãos e continua a assassinar aqueles que pronunciarem seu nome por cinco vezes  frente ao espelho, e isso num bairro agora luxuosamente gentrificado e moderno. É inegável a atmosfera tensa e a dispensa de sustos fáceis que o tornaria mais um exemplo banal do que se faz há décadas e se repete a exaustão... Aqui a premissa é outra... Inteligente sem ser rebuscada, a narrativa guarda um que de expectativa, por horas violenta, por horas enigmática num equilíbrio que soa inusitado e criativo... Os ambientes em tons quentes e algumas vezes na penumbra deixam as cenas impactantes... Nesse percurso , percebemos uma certa falta de maior equilíbrio ao final, talvez pelo fato de deixar entreaberta a porta para uma possível(e certa) continuação... É um filme equilibradamente diferente e inusitado, para se ver com atenção. Que não se espere sustos fácies e óbvios, aqui a premissa é outra e a pegada bem mais profunda e inteligente.

Direção: Nia DaCosta

Elenco: Yahya Abdul-Mateen IITeyonah Parris

País: Estados Unidos

Gênero: terror

Duração: 91 minutos

Classificação: 16 anos

 

quinta-feira, 19 de agosto de 2021


 

CAMINHOS DA MEMÓRIA

 

Num mundo distópico, a diretora, roteirista e produtora Lisa Joy( uma das criadoras de Westworld ), nos traz mais uma abordagem onde a utilização da memória como forma de voltar no tempo é seu elemento maior... Aqui, após uma catástrofe, cidade encontra-se quase submersa e investigador Nick,  (Hugh Jackman (eterno Wolverine)) utiliza máquina onde é possível voltar no tempo através da memória e resolver casos e esclarecer situações, até o dia que  a bela e enigmática cantora Mae ( Rebecca Ferguson) adentra sua vida e põe de ponta a cabeça algumas de suas posturas e verdades...  Uma simples consulta de achados e perdidos  faz Mae o procurar para resolver essa questão, muda completamente a vida e os valores do investigador que até então vivia na periferia da cidade a resolver pequenas questões e receber clientes inadimplentes... Não resta dúvida a ousadia da diretora quando adentra esse universo, e o faz bem e de maneira taciturna, com ares de filme noir (preste atenção na paleta de cores... uma película sombria...), seu pecado no entanto é não abordar determinadas provocações com a devida profundidade que as mesmas demandam, deixando então algumas pontas e situações soltas... O primor do cenário e os efeitos especiais ( a cidade alagada) são os pontos altos do filme, o elenco é regular e  não peca por suas mornas e normais atuações, nenhum grande desempenho, aqui todos fazem o dever de casa sem maiores dedicações, o Jack, bem o Jack é sempre o Jack com aquela cara conhecida de Wolverine... Abraçando uma temática que, de todo não soa tao novidade, Joy perdeu a oportunidade de ousar mais e acrescentar alguns elementos as abordagens ate então já vistas...  CAMINHOS... não é um filme ruim, apenas padece de ritmo e de maiores impactos. A mistura de elementos investidos numa possível e arrebatadora (???) história de amor não decola, talvez  a liga entre o casal não funciona tão a contento, a música,   algumas vezes acima do tom,  funciona de forma inconstante e  repetitiva...  Aqui, um maiores méritos são as questões do poder do passado e das memórias, assunto bem recorrente e por vezes abordados a exaustão, não esgotando-se no entanto a possibilidade de surpresas e inusitadas ousadias, meta que talvez Joy tenha tentado e não conseguiu faze-lo... ou quem sabe suas pretensões não eram tamanhas. Centrando nas questões plásticas, Joy perde uma oportunidade singular de adentrar com mais profundidade nas memorias que se propôs, quem sabe teria dado um caldo de mais substancia e equilibrado com a produção esmerada e competente...  

Título original do filme: Schwarze Insel
Direção:
Lisa Joy
Roteiro: Lisa Joy
Elenco: Rebecca Ferguson, Hugh Jackman, Natalie Martinez, Thandiwe Newton, Cliff Curtis
País: Estados Unidos
Gênero: ficção científica
Duração: 132 minutos
Ano de produção: 2021
Classificação: 14 anos