quinta-feira, 24 de agosto de 2023



 

DRÁCULA – A Última Viagem de Deméter

 

Depois do soberbo DRÁCULA DE BRAM STOKER, difícil nos deixarmos arrebatar por qualquer outra versão, até aqui apresentada... Nessa leitura do diretor norueguês André Ovredal de um pequeno fragmento da obra não muito explorado, agora elencado e roteirizado por Bragi F. Schut Jr e  Zak Olkewicz, a direção opta por um outro caminho... Ao contrário do clássico de Coppola que destila charme e sedução a vontade, tornando o terror uma espécie de avassalamento por essa figura enigmática, Ovredal opta pelo terror explicito e, digamos extremamente caricato... O charme do Oldman (Drácula) cede espaço para um monstrengo asqueroso, que na pegada mais do mesmo não causa qualquer furor ou surpresa... Vamos a história: Uma carga composta de vários caixões é despachada num navio da Transilvânia, na Romênia para Londres, na Inglaterra, onde a tripulação que conta com a presença de uma criança(uma espécie de respiro e apelo sentimental) é pega de surpresa durante o percurso pela dita cuja criatura que dá início ao seu rastro de mortes e destruição, seja de animais ou humanos... A ação se passa toda no mar, num grande navio, sim as gravações foram feitas de fato num navio, durante esse percurso onde o roteiro encontra tempo até para alguns momentos de papo cabeça, onde a condição e busca de explicações para uma humanidade em crise (Contemporâneo? Atual?) é posta em pauta. Contando com elenco sem grandes estrelas ou nomes em evidencia, a direção é correta, apesar de limitada, cada um faz o seu dever de casa, sem que nenhuma grande performance seja  notada... Estão lá todos os clichês dos batidos filmes de horror, inclusive de forma explicita, como há muito vem se evitando, levando-se em consideração a pegada da hora que é propor um terror mais inteligente e psicológico com base no sugerido, imaginado e não visto... Aqui é tudo explicito, os mais sensíveis se sentirão incomodados... Se a premissa é essa, show, objetivo conquistado! A fotografia da película é quase toda em tons terrosos e cores quentes com predominância de ações a noite e em meio a uma tempestade, um clima bastante propicio a efeitos e imagens impactantes... É uma narrativa que nos prende pela sonoplastia, muito bem construída e pertinente. Característica de todo bom terror que se preza, aqui faz bonito. Em seu conjunto o filme não decepciona, apenas não traz novidade alguma, muito pelo contrário, faz uma espécie de tributo ao terror dos anos 80/90 com capricho e muito boa vontade, ainda que tente dar um certo verniz de ousadia e surpresa... ficou aquém... Nosso amado DRÁCULA (o do Coppola) ainda reina soberano...

Nos cinemas a partir de 24.08

Ficha Técnica:

Titulo: Drácula- A Última Viagem de Demeter

Direção:  André Ovredal

Roteiro:  Bragi F. Schut Jr. e Zak Olkewicz

Elenco: Corey Hawkins, Aisling Franciosi, Liam Cunningham, David Dastmalchian, Javier Botet, Jon Jon Briones, Nikolai Nikolaeff, Stefan Kapicic, Woody Norman

 

quinta-feira, 17 de agosto de 2023


FALE COMIGO

 

Um sopro de vida no universo do terror, FALE COMIGO chegou com jeito de quem não quer nada e acabou por se tornar um filme independente disputadíssimo pelas grandes distribuidoras tal foi o frisson causado no festival de Sundance. Inusitada sacado dos irmãos Philippou, que em sua estreia na tela grande já dão uma pequena/grande amostra de que chegaram chegando, termo usado para fazer aqui um paralelo com a galera teen, universo onde tem lugar cativo a dupla de diretores que, saindo da bolhinha ou bolhão, o canal sensação no youtube RackaRacka, debutam com louvor no universo cinematográfico. A premissa não é nova, tal o esgotamento do gênero, no entanto a abordagem, a sutil e pertinente crítica social, que eles acabam fazem a eles mesmo, é uma injeção de ânimo, inovação e porque não, inteligência num universo tão repetido à exaustão ... Para ser rápido na sinopse:  aqui o grupo de jovens (Há muito sempre ele) se reúne as noites para, de posse de uma mão embalsamada, cujo dono possuía habilidades mediúnicas, evocarem espíritos e vivenciarem uma espécie de possessão comunicando-se com os mortos... Tudo filmado e postado ao vivo, é claro, como a onda da hora... Tudo muito comungado com a febre que se alastrou e se agiganta do universo paralelo nas redes sociais... Seria óbvio, não fosse a genialidade dos irmãos que, de posse dessa antiga e batida premissa nos brinda com momentos de tensão, onde a atuação dos atores é condição básica para sucesso na empreitada que ele consegue de maneira exemplar. Ancorando-se na atriz protagonista Sophie Wilde (Portal Secreto, Vocês não me Conhecem), cujo olhar expressivo já lhe garante bons momentos de tensão e pavor.  Não faltam cenas impactantes, vísceras, muito sangue e surpresas... Uma fórmula de garantido sucesso.

É óbvio que aí se inicia mais uma franquia, sem, é claro, garantia de repetição desse sucesso avassalador, mas que não deixa de ser uma nova porta com grandes possibilidades. O próprio final já nos leva a essa certeza.  Com uma bilheteria espetacular em detrimento de seu custo, o filme chega ao Brasil como recordista, um dos muitos acertos da A24, aquela detentora do Oscar de melhor filme ano passado e que vai se firmando com grandes promessas. Vale ainda aqui, fazer uma alusão a sonoplastia do filme, que também surpreende e nos cria um clima perturbador sem ser repetido ou chavão.... Outro acerto. Vale a pena conferir, uma película que não faz pouco caso da inteligência do espectador, ainda que como entretenimento, que consegue em função de sua pertinente crítica social nos surpreender.

Ficha Técnica:

Título: Talk to Me – Fale Comigo

Direção: Danny & Michael Philippou

Roteiro: Danny Philippou, Daley Pearson, S. Willian Hinzman

Elenco: Sophie Wilde, Chris Alosio, Alexandria Steffensen, entre outros

 

 

sexta-feira, 11 de agosto de 2023


 

ASTEROID CITY

Wes Anderson, figurinha reconhecidamente carimbada no circuito, não à toa o grande homenageado deste ano no Festival de Veneza, com o prêmio honorário Glória ao Cineasta que reconhece sua arte, criatividade, e, sobretudo originalidade legados a indústria cinematográfica.

Eis, que nos chega agora seu Asteroid City, produção que dividiu opinião dos críticos e que guarda equívocos em sua distribuição, enfim questões da indústria e seus produtores. Não se espere do Anderson nenhuma grande guinada... Diretor de personalidade e estilo consolidado, busca em cada projeto acrescentar uma ou outra inovação (que não chega a impactar). Acostumados que somos ao seu inigualável estilo acolhemos com respeito. Asteroid nos chega com a história em meio a elementos teatrais, e uma espécie de filme dentro do filme com um super-elenco, mais uma característica do diretor, afinal, quem não quer trabalhar com ele? E aí temos coadjuvantes de luxo, atuações mínimas e até mesmo passageiras, o que gera um certo pesar pelo espectador. Eis que na década de 50, a ação se desenvolve numa pequena cidade onde um meteorito caiu (há 5.000 anos) abrindo uma grande cratera. Lá convenções são realizadas, atraindo público diverso...Como de praxe, não é tão óbvio, e ai nesta premissa com cenografia de beleza singular, inclusive utilizando trechos em p&b com uma leve e inusitada pegada teatral... O cenário minimalista do deserto ganha um colorido excepcional, assim como uma artificialidade em suas tomadas... Ali atores deitam e rolam, uns mais outros em mínimas frações de minutos... As situações de cada núcleo são apresentadas e intercalando-se formam uma narrativa por vezes irregular, mas não menos curiosa... O texto continua com seu humor habitual, beirando o sarcástico, tornando o que poderia ser óbvio e enfadonho em divertido e por vezes questionador... Contando com elenco estrelar, a saber: Scarlett Johansson, Tom Hanks,  Jeffrey Wright, Tilda Swinton, Adrien Brody, Edward Norton, Margot Robbie... entre muitos outros... É mais um daqueles espetáculos que, não raro, dividirá opiniões.

 

Ficha Técnica:

Título: Asteroid City

Direção e Roteiro: Was Anderson

Elenco: Scarlett Johansson, Tom Hanks,  Jeffrey Wright, Tilda Swinton, Adrien Brody, Edward Norton, Margot Robbie... entre muitos outros...