segunda-feira, 27 de maio de 2019



ROCKETMAN
Com a estréia de ROCKETMAN, as comparações com  Bohemian Rhapsody seriam inevitáveis,  ainda que,  aqui alertando, ambos são diferentes, principalmente em concepções... ROCKETMAN é um musical, apesar de tratar-se da biografia do astro Elton John, diferente do Bohemian, onde o ator apenas interpretava, não cantava... Outro fator importante na análise. Elton está vivo e pôde opinar, inclusive liberar abordagens de sua biografia que entre altos e baixos construiu uma das mais talentosas e rentáveis carreiras de ídolos de rock...  Satisfeito e feliz com o resultado Elton afirma, categoricamente, que dispensava verniz ou que lhe atenuasse algumas situações e fases nem tão edificantes assim, deixando portanto de configurar-se como uma cinebiografia chapa branca...
A trajetória do ídolo do rock é contada em flashbacks desde a infância, com especial vinculo de acontecimentos e situações a sua conturbada e estranha relação familiar, frise-se principalmente com o pai que nunca o abraçou e quando assim ele literalmente cobrava, o abraço lhe era negado... A traição da mãe e consequente separação é pintada com tintas suaves mas não deixa de ser fator impactante em sua trajetória ... A direção firme e criativa de Dexter Fletcher, (que também finalizou Bohemian) nos brinda com um musical irretocável, onde o elenco bate um bolão e a trajetória das canções, num achado, não obedece a cronologia, e sim são criativamente encaixadas em ações pontuais e situações cujas letras lhe sirvam de inspiração e moldura... funciona  perfeitamente...  Taron Egerton  faz um Elton sob medida, angustiado nas horas certas, afetado sem maiores exageros e atormentado e carente quase que o tempo inteiro, uma equação bem resolvida e feliz...  Com coreografias bem articuladas e criativas ( a primeira nos lembra o grande achado que foi FAMA) entre um ou outro conflito nos mostra a conturbada carreira, a relação com álcool e drogas e principalmente a sexualidade por vezes negada, escondida e não aceita pela família, que num jogo de faz de conta ao final se mostrava mais interessada nos frutos financeiros da carreira de Elton do que propriamente sua felicidade. Há momentos de rara beleza como cena da piscina ou abraço tão cobrado que o Elton recebe finalmente dele mesmo... um primor! Esta lá também a fértil e poética parceria de Elton com Bernie, o momento crucial e inusitado da escolha de seu nome artístico e cenas antológicas e impactantes de sua primeira grande apresentação onde o público literalmente levita... uma licença poética da física que ilustra a sensação que se abateu sobre um público receptivo e apaixonado de cara, numa primeira apresentação, coisa para poucos e grandes astros de verdade que tem o caminho, ainda que tortuoso, traçado nas estrelas... Senti falta da interpretação de algumas músicas na íntegra, o que de fato seria impossível nas duas horas de duração que são suficientes e redondinhas para sairmos da salas satisfeitos e com aquela sensação gostosa de “queria mais”!
Ficha Técnica:
Direção: Dexter Fletcher
Nacionalidade: Reino Unido
Esteia: 30 de maio


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sexta-feira, 10 de maio de 2019



A MENINA E O LEÃO

A primeira vista e,  levando-se em consideração  o material promocional, A MENINA E O LEÃO tem cara de produção menor, uma sessão da tarde sem maiores atributos... Ledo engano...
A história da garota que deixa cidade e amigos em função do trabalho do pai que trabalha com criação de leões na África, para zoos,  rebelde e inconformada se tornando um problema para a família e ver sua vida transformada ao apegar-se a um fillhote de leão branco e os problemas que essa relação trazem a ela e a família é um bom mote.... Bem, fiquemos por aqui com os detalhes...
Produção bem cuidada com esmero e critério na escolha das locações, o filme conta com um quarteto no elenco entrosado e bem dirigido, o núcleo familiar de Mia, e o protagonista maior, o leãozinho... A primeira fase do filme me soa apressada, o crescimento de Charlie(o leãozinho) é acelerado para que se chegue ao conflito mote maior do filme... Um dos grandes, senão o maior mérito e acerto do filme foi o tempo de sua gravação, 3 anos, onde a convivência e evolução da relação de Mia e Charlie numa evolução a olhos vistos é o grande achado do filme...
Falar de historinhas de crianças e animais de estimação já se tornou um lugar comum... A armadilha que esse tema se torna diante da possibilidade de  transformar-se em mais um dramalhão é lugar comum... A MENINA ... dribla com facilidade essa armadilha por dois motivos dignos: Aqui o animal não é tão comum e de estimação assim, trata-se de um animal selvagem, e depois porque o desejo dela não se restringe a possuir o animal pra si, e sim para devolve-lo a seu habitat natural, a selva... Um ato de altruísmo, uma mensagem politicamente inserida num contexto simplório em meio a um drama familiar bem construído e orquestrado.
As cenas de Mia e Charlie são uma beleza a parte, elas evoluem e ao tempo que nos assusta com as possibilidades(reais) de uma possível tragédia, afinal se trata de um animal selvagem, ao mesmo tempo nos encantam com a cumplicidade,  a harmonia e a evolutiva relação estabelecida e concretizada.
Emoldurado por uma fotografia bela e poética e embalada por uma trilha igualmente bela e cativante( Atentar para as faixas Mia e Charlie, Charlie`s Freedom, The Sanctuary e The Lion Sleeps Tonight, belíssimas), a história flue com leve e tensão nos momentos pertinentes e necessários.
O filme ainda tem tempo para abordar as questões familiares que completam o núcleo familiar formado pelos pais, Mia e o irmão...
Produção que conta com grandes marcas, faz um belo e necessário apelo em prol da vida animal, de forma simples e coerente sem ser didática... Vale a pena uma olhada, seu efeito será surpreendente!
Ficha Técnica:
Direção: Gilles de Maistre
Gêneros DramaAventuraFamília
Nacionalidades FrançaAlemanhaÁfrica Do Sul