DESOBEDIÊNCIA
O roteiro é um primor... A história da mulher que perde o pai, rabino
uma comunidade judaica, retorna a cidade e com este retorno resgata relação com
amigos, parentes, comunidade e com uma velha amiga. A relação com esta ultima
vai além de uma amizade e mexe com os valores e crenças, estremece as relações familiares e causa a
desobediência .
O diretor chileno Sebastian Lelio
já nos deu o excelente MULHER FANTÁSTICA, volta desta vez dirigindo (sua
estreia na língua inglesa, com louvor!) as ótimas e irretocáveis Rachel Weisz (Que
também produz o filme) e Rachel McAdams, uma dupla de excelentes atrizes que
compõem personagens contidas e sofridas, de poucas palavras e muito
sofrimento... A fotografa Ronit(Weisz)
rouba algumas das cenas e em meio
a um cenário praticamente monocromático embalado
por uma trilha forte e marcante nos
brinda com momentos de tenção e dor de uma verdade pouco vista no
cinema... Já a contida e recatada Esti,
cresce e desabrocha ... As duas protagonizam as mais belas e sensuais cenas
entre duas mulheres já vista no cinema... A beleza e a sensibilidade que a
direção consegue construir nos momentos de maior tensão e sensualidade entram
desde já para a história do soft erotismo,
um primor...
O filme começa nos falando de
livre arbítrio, discurso inflamado do rabino um pouco antes da morte, e é nessa
premissa que a história evolui e nos leva a questionamentos diversos. É
bacana ver temas tão pertinentes e necessários serem abordados com
equilíbrio e sensibilidade: Conservadorismo, padrões impostos por uma religião
exacerbadamente limitadora e castradora de desejos...
A chegada de Ronit incomoda tudo
e todos. A ovelha negra da família que até conseguiam esconder se mostra e se
impõe, ainda que timidamente... A
direção do Lelio prima pelos detalhes,
as vezes sugeridos, as vezes insinuados... Longe de qualquer ação explicita ele prima
pela delicadeza dos atos, dos olhares, dos toques, das poucas mas, incisivas palavras... A proposta que nos traz é de discussão acima
de tudo, de questionamento enquanto se
aprofunda sem julgamento de questões arraigadas de um judaísmo ortodoxo e suas
tradições...
O filme nos envolve numa tensão
ilimitada, nos leva a um universo distante e inimaginável, no entanto real...
São estas as questões que o fazem mais belo, maior, mais sutil e leve, apesar
da dor... São tantos os questionamentos,
e todos eles acabam por se resumir na tal mensagem inicial! Um primor!
Um dos maiores e melhores filmes deste ano, acreditem!
Ficha Técnica:
Direção: Sebastián Lélio
Elenco: Rachel Weisz, Rachael
McAdams, Alessandro Nivola
País de Produção: Irlanda/Reino
Unido/EUA
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