quinta-feira, 21 de junho de 2018


DESOBEDIÊNCIA

O roteiro é um primor...  A história da mulher que perde o pai, rabino uma comunidade judaica, retorna a cidade e com este retorno resgata relação com amigos, parentes, comunidade e com uma velha amiga. A relação com esta ultima vai além de uma amizade e mexe com os valores e crenças,  estremece as relações familiares e causa a desobediência .
O diretor chileno Sebastian Lelio já nos deu o excelente MULHER FANTÁSTICA, volta desta vez dirigindo (sua estreia na língua inglesa, com louvor!) as ótimas e irretocáveis Rachel Weisz (Que também produz o filme)  e Rachel  McAdams, uma dupla de excelentes atrizes que compõem personagens contidas e sofridas, de poucas palavras e muito sofrimento...  A fotografa  Ronit(Weisz)  rouba algumas das cenas  e em meio a um cenário praticamente monocromático  embalado por uma trilha forte e marcante  nos brinda com momentos de tenção e dor de uma verdade pouco vista no cinema...  Já a contida e recatada Esti, cresce e desabrocha ... As duas protagonizam as mais belas e sensuais cenas entre duas mulheres já vista no cinema... A beleza e a sensibilidade que a direção consegue construir nos momentos de maior tensão e sensualidade entram desde já para a história do soft erotismo,  um primor...
O filme começa nos falando de livre arbítrio, discurso inflamado do rabino um pouco antes da morte, e é nessa premissa que a história evolui  e  nos leva a questionamentos diversos.  É  bacana ver temas tão pertinentes e necessários serem abordados com equilíbrio e sensibilidade: Conservadorismo, padrões impostos por uma religião exacerbadamente limitadora e castradora de desejos...
A chegada de Ronit incomoda tudo e todos. A ovelha negra da família que até conseguiam esconder se mostra e se impõe, ainda que timidamente...  A direção do Lelio prima pelos detalhes,  as vezes sugeridos, as vezes insinuados...  Longe de qualquer ação explicita ele prima pela delicadeza dos atos, dos olhares, dos toques, das poucas mas,  incisivas palavras...  A proposta que nos traz é de discussão acima de tudo, de questionamento enquanto  se aprofunda sem julgamento de questões arraigadas de um judaísmo ortodoxo e suas tradições...
O filme nos envolve numa tensão ilimitada, nos leva a um universo distante e inimaginável, no entanto real... São estas as questões que o fazem mais belo, maior, mais sutil e leve, apesar da dor... São tantos os questionamentos,  e todos eles acabam por se resumir na tal mensagem inicial! Um primor! Um dos maiores e melhores filmes deste ano, acreditem!
Ficha Técnica:
Direção: Sebastián Lélio
Elenco: Rachel Weisz, Rachael McAdams, Alessandro Nivola
País de Produção: Irlanda/Reino Unido/EUA

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