domingo, 18 de fevereiro de 2018





TRAMA FANTASMA



Seria essa trama uma história de amor? Paul Thomas Anderson nos brinda com uma história repleta de silêncios, provocações, contemplações e, sobretudo, provocações envoltos em uma serie de sonoros “Eu te amo” que deixa dúvidas pairando no ar...

Reynolds(Daniel-Day-Lewis, aqui impecável) é um rico, talentoso e enigmático, costureiro famoso acostumado a ter todos a seus pés, manipulando-os e por vezes humilhando-os, assim como também as suas mulheres, que sutilmente percebemos, as usam e descartam a medida que seus desejos afloram ou declinam... Reynolds vive numa mansão com a irmã Cyril(Lesley Manville), seu braço direito... Em meio as entradas e saídas das grafinas e o dia a dia do ateliê é comunicado pela irmã que sua ultima aquisição está passando das medidas (literalmente)... É a deixa para Reynolds sair me busca de novidade... Encontrando Alma ((Vicky Krieps) de personalidade tão forte quanto a dele... Chegando a mansão nada será como antes...

A narrativa é lenta e detalhista, a câmera em close, quase que em tempo integral, nos mostra em cada tomada os olhares vazios e as nuances de cada um dos personagens que constroem um triangulo de características peculiares, um achado... Em meios a mãos que costuram, cortam e se arrumam, uma trama é lentamente construída e lentamente vai chegando ao limite... Em flashbacks Paul nos dá algumas rasteiras e nos surpreende com um final inesperado...

Não é um filme fácil, muito pelo contrário, com a tônica do silencio, as frases são contidas, os diálogos por vezes cortantes e os sentimentos camuflados...

Reynolds a principio conhece e trata Alma como se fosse um produto adquirido num supermercado, seu egocentrismo não tem limites e nas poucas e incisivas frases que profere sobre ela em meio a olhares penetrantes e de dupla interpretação profere a pérola: “Você não tem seios mas eu posso te dar se eu quiser...” sintetizando em poucas palavras a essência do filme para os mais atentos...

Com atuações brilhantes, roteiro cuidadoso, cenografia deslumbrante e uma trilha que pontua com maestria cada olhar, cada passo, este é de longe um dos melhores filmes deste ano, obviamente deve passar meio despercebido, meio que “pérolas aos porcos”, um biscoito fino e de raro e inusitado sabor inigualável...

Não fosse os 3 Oscars já na prateleira do lavabo, Daniel Day-Lewis certamente estaria no páreo com todas as chances, mas já sabemos que este ano é do Gary Oldman...

Ficha técnica:

Direção: Paul Thomas Anderson

Elenco: Daniel Day-Lewis, Vicky Krieps, Lesley Manville

Gênero Drama

Nacionalidade EUA

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