quarta-feira, 18 de janeiro de 2023


 

BABILÔNIA

A película é de fato uma babilônia, um filme idealizado e projetado para ser grande, fruto de um grande sonho e grande expectativa, um marco na elogiada trajetória de seu diretor Damien Chazelle, que já nos brindou com o belo La,La Land- Cantando Estações e Whiplash – Em Busca da Perfeição, dois filmes que levam na sua nomenclatura títulos fortes com sub títulos que lhe evidenciam sua mensagem e conteúdo... Um achado. Indo na contramão, o título de BABILÔNIA, econômico no título,  já é por si só grande e nos diz muito, sua narrativa está lá para cumprir com louvor a sua função. Tudo em Babilônia é grande, como seu título nos faz supor, desde o grande e inusitado detalhe do elefante na festa, a atuação incorrigível de seus atores... Todos estão bem e cumprem, acima do esperado, suas funções em cena. Chazelle presta uma grande homenagem ao cinema, fazendo uma linha “morde, assopra”, não necessariamente nesta ordem, e com essa premissa não faz uma homenagem chapa branca, comportada e esperada... Atira tudo no ventilador, com propriedade.

Partindo da transição do cinema mudo para a chegada do som nos anos 20 do século passado ele nos traça com detalhes a transição sofrida e o impacto que todas as mudanças trazem ao longo de mudanças e, por vezes pseudo-evoluções, até os dias de hoje, afinal o mundo passa por transformações, mudanças radicais e sempre há o choque, a ruptura... Estão lá os grandes ícones e a crueldade de um sistema que os eleva ao olimpo e os atiram a lama numa espécie de obscurantismo, a derrocada de uma carreira que tem prazo de validade. Aqui nada escapa ao sensor super atento.  Estão lá as festas regadas a sexo e quilos de cocaína. A música e o glamour de uma trupe sem limites... Em atuações singulares estão Brad Pitt, Margot Robbie, que se entrega de corpo e alma a um papel difícil, denso e revelador e o mexicano Diego Calva... O todo poderoso (dá as cartas de um jogo por vezes cruel), a mulher (tentando se impor ) e o latino (em busca de um sonho distante e árduo), um tripé determinante numa época aura do cinema onde o vale tudo imperava. Como antes falado, aqui tudo é grandioso, os cenários, a sonoplastia e, principalmente as pretensões... Com mais de três horas de duração BABILÔNIA é um daqueles filmes fora da caixa que divide opiniões, o clássico filme que o tempo, só o tempo lhe dará o devido valor. Correndo por fora do cinema óbvio e asséptico, Chazelle não poupa munição, mostrando uma Hollywood, como talvez Hollywood não goste de se vê. Suas cenas finais são arrebatadoras, uma espécie de compendio das memórias de um diretor inquieto, instigante, perfeccionista e observador, uma mensagem de amor a sua arte tão avassaladora e grandiosa. Tudo isso fez dele o cineasta mais jovem a ganhar um Oscar, fato raro de grande e merecido valor, sinal como observado, das mudanças que passa o cinema em suas transições fruto de uma evolução tecnológica que desencadeia a óbvia e consequente mudança na postura e atuação de atores e técnicos das mais diversas áreas que fazem desta, uma das mais belas e ricas linguagens artísticas. São horas de imersão e aprendizado.

Em cartaz nesta quinta, 19 de janeiro nos cinemas.

Ficha Técnica:

Título : BABILÔNIA

Direção e roteiro :  Damien Chazelle

Elenco: Brad Pitt, Margot Robbie, Diego Calva

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