segunda-feira, 21 de outubro de 2013

      



SERRA PELADA

Reza a lenda que Serra pelada só perdeu pra construção das pirâmides em número de trabalhadores...As formigas, como eram chamados os trabalhadores em busca de ouro e, por consequência, riqueza fácil, eram milhares... Heitor Dhalia e Vera Egito conceberam um excelente roteiro, para ilustrar a realidade dos fatos sem parecer didático ou apelar para o documentário... Uma história de valores, dinheiro e sobretudo poder... Conversando outro dia com um amigo, acabei por questioná-lo, o que o Abílio Diniz ainda queria da vida, um vez muito rico e por consequência, creio, realizado... A resposta veio de pronto: PODER. Essa palavrinha resume a historia de SERRA PELADA, ela nos conta a história de dois amigos que saem em busca do ouro: Um sonhador e idealista o outro sem rumo e sedento de poder... O roteiro faz uma viagem nas mudanças e consequências desta inusitada junção. Sem ser piegas ou apelar para o drama barato a história é bem desenvolvida e todo o elenco brilha. A dupla central Juliano (Juliano Cazarré) e Joaquim (Júlio Andrade) conseguem estabelecer um cumplicidade e sintonia e convencem como dupla de amigos, ainda que independentes de ideologias e valores. Sophie Charlotte faz uma prostituta em sua estreia na telona, o que de fato, acabou por se tornar um desafio, uma vez personagem tão batido e explorado, correndo assim o risco de construir mais uma com mais do mesmo, caindo no lugar comum... Não é um primor de personagem mas mostra que tem futuro. Matheus Nachtergaele faz um empreendedor bem construído e curioso e Wagner Moura, como sempre brilha e rouba a cena construído um personagem que se destaca pelas características físicas e tiques nervosos... Mais um para sua galeria de tipos. Vale o registro: um outro baiano faz um personagem emblemático e bem construído, o Lyu Arisson, mais uma das talentosas crias do teatro baiano. Preste atenção, ele faz uma das Marias. 
O filme é um primor de fotografia, a reconstituição do garimpo ( locação em São Paulo) é de uma perfeição que impressiona, a junção com cenas verídicas nos confundem a ponto de não distinguirmos em determinados momentos o que é ficção e o que é realidade, o trabalho de figurino é outro achado, o tratamento dados ao vestuário surpreende. A seleção das músicas da época, basicamente bregas é outro achado que pontua a narrativa e a enriquece de forma absolutamente equilibrada. Rever um período de euforia que passou o Brasil com esta descoberta na década de 80, seus costumes, as transformações e principalmente a revolução causada naqueles que em Serra Pelada foram buscar riqueza fácil é um argumento forte  e de beleza sem precedentes. Acredito ser este, um dos grandes filmes deste ano: Roteiro bem construído, elenco afinado, fotografia e figurinos irretocáveis embalados por uma trilha curiosa e inusitada. Obviamente vão surgir cobranças de registros de fatos verídicos da época que, de fato poderiam até enriquece-lo e torna-lo mais verdadeiro, mas nada que ofusque o brilho próprio que o diretor nos brinda nas duas horas, enxutas, que o filme dura e em nenhum momento nos cansam ou parecem desnecessárias.  
Gênero: Drama
Duração: 120 min.
Origem: Brasil
Estreia: 18/10/2013
Direção: Heitor Dhalia
Roteiro: Heitor Dhalia, Vera Egito
Distribuidora: Warner Bros.
Censura: 14 anos
Ano: 2013

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