sábado, 14 de outubro de 2023


 

QUANTOS DIAS, QUANTAS NOITES

Com direção de Cacau Rhoden (que já nos deu Nunca me Sonharam e Tarja Branca) QUANTOS DIAS, QUANTAS NOITES é mais um acerto deste diretoR que se notabilizou por seu viés reflexivo e questionador. Quando li sobre a proposta do filme, falar sobre nossa relação com tempo, fazer uma reflexão sobre o “envelhecer” e, obviamente algumas questões sobre a morte em meio aos cuidados paliativos, assistência e, sobretudo humanidade, muita humanidade, fiquei curioso e muito tentado... Me permiti e saí da sala querendo gritar para mundo:Assistam a esse filme...”... queria compartilha-lo com o mundo. Documentário tinha a fama de chato, maçante e didático... hoje não mais.... Uma direção acertada e dinâmica transforma qualquer tema num belo e bem-vindo filme.... Como é o caso deste.... Aqui nós temos vários depoimentos, várias estatísticas e, sobretudo várias imagens de profundo impacto.... Envelhecer e morrer se complementam, afinal só vive muito quem envelhece, e quem envelhece um dia morre, como todos nós, afinal, como diz o chavão... é a única certeza que temos na vida;;; Quando? Não sabemos... Mas que iremos, isso sim...

Os depoimentos são de uma profundidade e pertinência pouco vistas... Alexandre Kalache, médico gerontólogo nos faz refletir, Ana Cláudia Quintana Arantes, autora do belo e necessário “A morte é um dia que vale a pena viver” nos fala de cuidados paliativos, uma lição de vida... Sueli Carneiro é de uma lucidez impressionante. Doutora em filosofia da educação, é uma das principais intelectuais brasileiras.... Alguns voluntários e fundadores de movimentos que prestam assistência as favelas e bairros menos assistidos nos fazem parar e pensar além da nossa bolha.... É um filme melancólico, mas não triste.... Algumas situações nos causarão impacto, mas um impacto saudável e necessário. Todos deveriam vê-lo, principalmente os jovens, afinal quanto mais cedo nos prepararmos para a inevitável velhice, mas chances teremos de vive-la em sua plenitude e intensidade, afinal se a morte nos espera, que nos chegue e nos encontre bem... A finitude é crônica para todos, é preciso que façamos o melhor de nós, é de fato a nossa maior riqueza, nosso maior legado.... É preciso que sintamos que nossa existência é válida e de fato vivida, com intensidade...

O filme está sendo exibido com ações de democratização do acesso, com sessões gratuitas de 12 a 18 de outubro.

O filme está em cartaz no Itaú Cinemas de São Paulo e Brasília, o Estação NET do Rio de Janeiro, o Uma Belas Artes de Belo Horizonte e o Cine Glauber Rocha em Salvador.

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