terça-feira, 19 de outubro de 2021


 

DUNA

Baseado na obra prima de ficção de Frank Herbert, DUNA, já adaptado por David Lynch em 1984 e alvo de críticas e divididas opiniões não obtendo grande êxito, nos chega agora numa versão magistral do Denis Villeneuve, uma superprodução com efeitos deslumbrantes, cenário exuberante, fotografia espetacular e elenco de primeira... E aí temos o pecado: roteiro. A história do jovem Paul e seu avançado poder mental,  que é praticamente obrigado a assumir o controle do planeta-deserto Arrakis, após a morte do pai é um verdadeiro tratado, em meio a lugares, credos, pessoas, regimes políticos(lembram da profusão de informações no cultuado SENHOR DOS ANÉIS?) num deserto de locações deslumbrantes... Talvez resida ai um dos problemas: a narrativa que, presa a explicações, quase que didáticas e a apresentação de um universo , preparando assim o cenário para de fato, desenrolar da história. Os seus 155 minutos bem que poderiam cair para 135 sem o menor comprometimento, dando-lhe um dinamismo a narrativa, para os padrões de um público mais ávido por ação e pancadaria... Cuidadoso, criterioso e sobretudo, perfeccionista, Villeneuve  jamais se renderia a tais argumentos, não neste que é praticamente o grande projeto de sua trajetória... Aos mais atentos ficam alguns sinais de suas grandes realizações, a exemplo de Blade Runner 2049 e Incêndios, uma obra prima que convergiu olhares e atenção e o lançou com louvor ao mundo em 2010, um pouquinho de atenção e está lá o DNA de mestre  deste talentoso diretor. A atuação do elenco é um dos pontos fortes de DUNA, a começar pelo Timothee Chalamet que constrói uma espécie de herói meio desengonçado e medroso e vai crescendo ao longo da narrativa, concluindo essa primeira parte com semblante iluminado e maduro após passar pelo teste que lhe outorgará maior respeito e poder. É impressionante como esse garoto vem amadurecendo ... Rebecca Fergunson constrói uma Jéssica de características dúbias a princípio e nos brinda com um dos melhores e mais eletrizantes momentos do filme... Habilitar-se numa ficção cientifica onde universos intergalácticos em confrontos e a luta, como sempre, pelo poder nos remete a uma série de outros projetos de sucesso a saber Game Of Thrones, entre outros...É tarefa de ousadia e coragem. Evidente que os projetos de Villeneuve não se prendem a conquistar legião de cinéfilos como premissa básica, a saber, grandes bilheterias, fosse assim não seria tão criterioso, nos brindando com tamanho espetáculo. Candidato desde já a uma serie de indicações a diversas categorias, seu figurino se destaca pela riqueza de nuances e beleza em meio a criativa construção e soluções práticas e pontuais num universo tão assustador. Outro grande achado é a excelente trilha sonora de Hans Zimmer, o mago das trilhas. Aqui ele brilha e faz de suas composições uma espécie de personagem em momentos memoráveis. Assim como Ville em sua versão,  reinventa a profusão de sons e acordes que compõe o rico e elementar clima para que a ação se desenrole com fluência e propriedade. O faz com louvor... Emoldurado por uma fotografia que poderia pecar por repetição de grandes planos em meio ao deserto, o que se vê aqui é um deserto por vezes sombrio, por vezes solar onde o balé proporcionado pelo vento, transforma as areias em serem quase que vivos, um assombro. A estreia se dá em meio a polemicas, vazamento na rede e início de um movimento pertinente e necessário, uma exigência agora do Villeneuve: a estreia de suas obras em salas de cinemas, uma vez construídas para as mesmas, tal qual Nolan que, como ele, idealiza narrativas especialmente construídas para a tela grande, a sala escura e o clima que só cinema é capaz de nos brindar. Ao término da sessão a sensação inevitável: quanto tempo iremos esperar para a saga de fato, começar... tomando emprestada uma fala ao final :  Isso aqui é só o começo... (Ops!  olha o spoiler)

Ficha Técnica:

Título: DUNA

Elenco: Timothée Chalamet (Paul Atreides) e Zendaya (Chani), Rebecca Ferguson (Jessica Atreides), Jason Momoa (Duncan Idaho), Dave Bautista (Glossu Rabban), Stellan Skarsgård (Vladimir Harkonnen), Josh Brolin (Gurney Halleck),

Roteiro: Denis Villeneuve, Jon Spaihts e Eric Roth

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário