A MULHER DE ROXO

Uma das vocações da cidade do Salvador é ser território fértil para tipos inusitados, figuras folclóricas ou não, que guardadas no imaginário popular ajudam a (re)construir parte de sua história. São personagens que inseridos no dia a dia de uma cidade ímpar, constroem um painel da época, seus usos e costumes. A Mulher de Roxo é uma delas, guardadas as proporções, uma das mais ricas personagens que viveram, encantaram e assustaram o público que frequentava a Rua Chile na metade do século passado. Florinda Santos, como julga-se ser chamada, perambulava pela rua Chile trajando hábito de freira roxo, crucifixo pendurado no pescoço e vez ou outra uma espécie de bíblia nas mãos. Fazia da Slopper, loja glamorosa da época, seu ponto de apoio, seu escritório, sua loja de compras, outras horas, sua propriedade, sim, porque em alguns momentos deixava de ser cliente e passava a proprietária. Era comum encontrá-la no balcão de batons a escolher e comprar os preferidos. Não incomodava nem desrespeitava ninguém, apenas pedia "um dinheirinho" (cédulas, educadamente não aceitava moedas). Alternava seu traje roxo com um vistoso vestido de noiva, véu e nesta ocasiões, simulava embalar um bêbê. Foram anos nesta rotina, conquistando simpatia de todos aqueles que com ela cruzava. Fez desta rotina o glamour de seus dias até falecer num abrigo público na década de 90.

Com este mote e várias outras especulações, nenhuma confirmada, Deolindo Checcucci escreveu e dirigiu um poético e belo espetáculo teatral. Protagonizado por Selma Santos o espetáculo teve estréia último dia 14 e segue com apresentações até o dia 06 de maio.

Serviço:

Teatro Martim Gonçalves - Escola de Teatro da UFBA - Canela
Sexta a domingo às 20h

Inteira R$ 20,00 meia R$ 10,00

***Aguardem resenha crítica do espetáculo