quarta-feira, 15 de setembro de 2021


CRY MACHO: O CAMINHO PARA A REDENÇÃO

Há um bom tempo que Clint Eastwood se notabilizou por nos brindar com produções bem acabadas, dirigidas e essencialmente sensíveis a causas humanas e reflexões da existenciais... Nas narrativas cinematográficas suas opções de destacam, não só pela qualidade técnica e argumentos anteriormente descritos, como também roteiros bem amarrados, fotografia estonteante e atuações irretocáveis...Um primor! Nesse CRY MACHO, aos noventa e um anos, é impossível não ver em sua atuação, o peso da idade, o cansaço e,  até mesmo as limitações, características meramente físicas que em nenhum momento comprometem a soberba atuação e mergulho visceral nos personagens que abraça... Ironicamente aqui temos um ex-cowboy em fim de carreira atormentado por fantasmas do passado que, em reconhecimento ao apoio dado por um amigo durante sua trajetória em meio aos rodeios, solicita que lhe busque o filho no México, um garoto de 13 anos que se encontra sob a guarda da mãe nem um pouco cuidadosa... Eis a premissa para a narrativa que se sustenta nessa viagem para a fronteira mexicana destas duas almas, ambas atormentadas, uma mais jovem em busca de seu lugar no mundo e a outra mais velha no fim da vida, atormentada e em busca de uma redenção... O garoto como todo adolescente é rebelde, esperto, carente e possui um galo de briga que rouba muitas das cenas do filme, inclusive atende por Macho, o titulo do filme, baseado em livro homônimo do N. Richard Nash . Um belo e tocante roadmovie, mas recheado de reflexões e mensagens edificantes, a película é de uma sensibilidade admirável.  Roteiro bem amarrado emoldurado por uma fotografia belíssima que a paisagem do Novo México é capaz de brindar e embalado por uma trilha sonora cativante, mas não melosa ou apelativa, CRY MACHO pode não ser o melhor do Clint mas certamente irá encantar e sensibilizar a todos. No elenco o destaque fica por conta do estreante Eduardo Minett, que faz o Rafo, adolescente em questão e que bate um bolão com o veterano Clint, estabelecendo uma relação que segue num crescendo com verdade, empatia e muita sensibilidade... Já uma outra atuação merece destaque:   Natalia Traven, como Marta que nos brinda com um banho de empatia, sensualidade e equilíbrio, mostrando um pouco do poder feminino onde o foco poderia estar centrado no “macho” como frisado no título... O galo MACHO rouba muitas das cenas, criando uma espécie de contraponto a melancolia de algumas situações e com toques de esperteza e humor. Já a Fernanda Urrejola atua como a mãe de Rafo, mas um pouco forçada e até mesmo caricata, apesar de aparecer pouco... Já as garotinhas da Marta são um show de fofura e delicadeza. CRY é um daqueles filmes edificantes. Cujas mensagens positivas estamos sempre carentes de ver, nos faz sair da sala de cinema leves, mais otimistas e crentes num mundo melhor mais humano., onde as relações, por mais complexas que sejam, sempre valem a pena... Me fez falta um aprofundamento maior na relação de Mike e Rafo, faltou algo que ratificasse a relação bonita, necessária e sensível construída ao longo da narrativa... É bacana de ver o Clint aos 91 anos enfrentar um set, dirigindo e atuando, nos brindando com o seu melhor:  sua atuação irretocável e  singular!

Ficha Técnica:

Direção: Clint Eastwood      

Roteiro: Nick Schenk        

Elenco: Clint Eastwood, Eduardo Minett, Natalia Traven, Dwight Yoakam, Horacio Garcia Rojas

                                                                                          

 

 

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