quinta-feira, 29 de julho de 2021


 

TEMPO

O título é instigante e inspirador... Trabalhei-o num calendário de  fotografias e me rendeu abordagens diversas. O novo e instigante trabalho de M. Night Shyamalan, OLD no original e aqui TEMPO, numa adaptação muito mais eficaz e certeira (talvez mais que o original) não foge a linha de seu percurso, como diretor dos extremos, ou você ama-o ou odeia-o, este não foge ao trilho. Rodado durante a pandemia na República Dominicana e com toda segurança, a pegada soturna sai dos ambientes fechados e escuros e ganha luminosidade numa bela praia paradisíaca, de quebra contando com auxílio das filhas(hoje adultas) inclusive uma delas compôs a bela e contemplativa REMAN...Depois dos últimos VIDRO e FRAGMENTADO, e correspondendo a dica dada pelas filhas, nos traz uma adaptação do HQ SANDCASTLE( Castelo de Areia na tradução literal) e como todas as adaptações que respeitam um pouco da liberdade poética do adaptador, essa não foi diferente, ele sai um pouco dos trilos da HQ(principalmente no que diz respeito ao sexo ali abordado), impõe características de sua marca e mostra sua versão da história rica, instigante e perturbadora de uma família que vai em busca de férias dos sonhos em ilha paradisíaca e lá depara-se com a triste e inusitada realidade: envelhece-se em fração de segundos... Presos neste lugar a questão : o que fazer para dali fugir, não envelhecer e morrer ... A ação se passa basicamente nesta ilha, numa atmosfera por vezes bela, por vezes assustadora... Aqui nada é gratuito, o terror e a tensão por ele estabelecida são concretos , amarrados... Se dividirmos a narrativa em três partes temos a bobinha e previsível inicial onde a família chega e é recebida como numa espécie de ilha da fantasia, a segunda, chegada as família a praia, e ali sim, toda a ação se desenrola, e o final um misto de liberdade de autor e redenção ... Do roteiro e sua história, bastam-nos estas poucas informações, o resto é viajar nas surpresas , os impactos e sobretudo na pegada por vezes certeira, por vezes duvidosa... Como em todos os seus trabalhos, a sonoplastia tem lugar especial, uma espécie de personagem... Aqui também não é diferente, momentos assustadores e momentos de lirismo a toda prova... O elenco embaçado pelo talentoso Gael Garcia Bernal não decepciona, é coeso e competente, mas sem nenhum grande destaque... Não sei se por opção ou questões orçamentárias, um quesito importante da narrativa, os efeitos especiais quando do envelhecimento das pessoas centra foco apenas no  casal de protagonistas que aterrorizados pela morte passam a rever algumas situações de suas vidas... Nesta proposta alguns pontos não são bem esclarecidos ou amarrados, uma vez a riqueza das questões ali possíveis é de um leque grande de possibilidades e nos 149 minutos talvez ficasse difícil de abordar, e ainda assim estes 140 minutos parecem muito em função do rumo que Shyamalan adotou. A sensação que se tem ao final é angustiante e questionadora... Ponto pra ele, conseguiu um grande feito ... Questões relacionadas a vida/morte causam sempre impacto. Nos fazem rever toda uma existência, e principalmente questionarmos o futuro... As cenas finais instigam esses questionamentos e essa sensação... Impossível sair ileso e apático... Em meio a montanha russa de seus trabalhos , talvez esta não seja a esperada obra prima, mas fica muito distante de uma obra menor.

Em tempo(perdoe a dedundancia...): TEMPO liderou as bilheterias no fim de semana de estreia nos EUA e Canadá.

FICHA TÉCNICA

OLD (TEMPO)

Direção/Roteiro: M. Night Shyamalan

Elenco: Gael Garcia Bernal. Rufus Sewell, Vicky Krieps entre outros

Em Cartaz a partir desta quinta (29.07)

 

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