segunda-feira, 15 de janeiro de 2018





CALL ME BY YOUR NAME



Uma bela e poética história de amor, que por acaso é protagonizada por dois seres do mesmo sexo... Em tempos de intolerância, talvez assim sintetizasse o belo e singelo filme do italiano Luca Guadagnino, que, com sabedoria e sensibilidade dirige o romance adaptado de André Aciman com o roteiro do experiente James Ivory.

Contando com um elenco harmônico e de nomes não tão badalados, uma fotografia belíssima e uma trilha envolvente, eis ai a fórmula do sucesso.

O filme nos narra a historia de Elio(Timothée Chalamet, excelente), que no auge de sua adolescência e descoberta de sentimentos e sexualidade se apaixona por Olivier(Armie Hammer) um hospede, ex-aluno de seu pai(Michael Stuhlbarg) que os visita em férias de verão, em trabalho como assistente. A presença de Olivier mexe com a cabeça e o coração de Elio... Belo, sedutor e sábio, Olivier discute assuntos diversos, pratica esporte, dança e seduz em cada canto que ocupa, de maneira simples e natural sem ostentações... O dia a dia da família é regado a boa musica, discussões filosóficas, e reuniões a mesa, onde grande parte das cenas nos encantam com a gastronomia italiana...

A narrativa nos é apresentada com uma sutileza e pequenos detalhes que evolui a medida que os desejos de Elio afloram ... Tudo na família é singular, a começar pela formação multicultural, ali se fala inglês, alemão, francês e italiano sem a mínima dificuldade, os assuntos giram em torno de arte, música, cinema... Um primor! O pai, vivido magistralmente por Stuhlbarg(que nos brinda com uma cena estupenda no final) é de uma doçura e amorosidade invejável, a mãe é econômica e nos fala com olhares(um achado), impressiona as respostas que ela dá sem emissão de uma só vogal... Atentem...

A primeira hora parece lenta e repetitiva, nela a evolução da aproximação entre Elio e Olivier é construída nos mais belos cenários, desde a velha casa onde a família reside aos bucólicos cenários de uma antiga cidade italiana, seus lagos, suas ruínas, seus monumentos... Neste quesito as imagens dialogam de igual pra igual com o conteúdo das discussões ali travadas... Tudo muito bem construído e orquestrado...

Há uma sedução quase velada, um amor, explicito em olhares e em cumplicidade, no entanto sem maior apelo, sem cenas apelativas ou que choquem... A construção evolutiva da cumplicidade e do desabrochar do sentimento e da sexualidade de Elio ocorre lenta e gradual, tornando-se natural, talvez resida ai o maior mérito do filme, em nenhum momento nada que é mostrado nos choca ou nos surpreende negativamente... É tudo muito bem regido e belo, poético até... Não há ali um sentimento e um desejo reprimido ou repreendido e fadado aos finais trágicos ...

A direção detalhista(preste atenção na mosca em cena), a fotografia espetacular, a trilha sonora apaixonante ( preste atenção nas belas canções: Mystery of Love e Visions of Gideon, ambas de Sufjan Stevens) e um elenco carismático fazem deste um dos melhores, senão o melhor filme do ano.

O filme vem percorrendo vários festivais e recebendo inúmeros prêmios, a saber:

New York Film Critics Awards, Gotham Independent Film Award, Critic`s Choice Award

Ficha Técnica:

Direção: Luca Guadagnino

Elenco: Armie Hammer, Timothée Chalamet, Michael Stuhlbarg mais

Gêneros Drama, Romance

Nacionalidades França, Itália, EUA, Brasil





Uma curiosidade: Olha o Brasil lá na produção! E viva Rodrigo Teixeira !

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