terça-feira, 19 de novembro de 2019
ADAM
Apesar do título masculino, ADAM é um filme feito por mulher e para mulheres ... ADAM, o bebê, por vezes rouba a cena e é a ponte que liga a vida de duas mulheres sofridas : Abla e Samia. Abla, uma viúva de olhar austero e sofrido que acolhe depois de muito custo a não menos sofrida Samia, grávida em busca de emprego e abrigo, que, planeja após o parto doar a criança e voltar pra casa ... Está montada a trama, baseada em fatos reais que nos arrebata do início ao fim , em meio a uma lentidão entre silêncios e pequenos gestos ... Abla apenas atua com os olhos e as mãos, e delas faz bom uso numa dramaticidade de poucos recursos e muita expressão, pouco vista ... A evolução e consequente explosão que ocorre com seu desabrochar é o grande achado do filme ... Em meio a esta realidade transita a pequena e cúmplice de Samia, Warda, a doce filha de Abla, equilíbrio e leveza do filme ... Maryam Touzani dirige com pulso forte no entanto com mãos delicadas, tirando destas mulheres o seu melhor em meio a suas respirações contidas, emoções reprimidas e dor... A ligação entre estas mulheres se estabelece mas em nenhum momento se vê qualquer ato de afeto ou ternura física ... Atente para a cena da dança, onde algo caminha para uma insinuada possibilidade ... apenas isso ... Outra cena de forte impacto é a da aceitação e acolhimento do bebê... é de rara e poética beleza...
ADAM busca para o Marrocos uma das 5 vagas do Oscar a Filme Internacional, antigo filme estrangeiro ...
Em cartaz no Itaú Glauber Rocha
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