sexta-feira, 8 de novembro de 2019




PARASITA

A família Kim mora praticamente num bueiro, um sub solo sombrio, vive a caça de sinal alheio para poder usar WhatsApp... Uma penúria...Eles são quatro, vivem de bicos para se manterem... Aproveitam a dedetização da rua e abrem a janela para dedetizarem o porão a custo zero.. Já a família Park, também formada por quatro membros vive numa mansão arejada bela e cinematograficamente(para ser redundante) vitrificada, projeto de um grande arquiteto... Uma filha precisa de reforço escolar, o filho mais novo faz pequenos rabiscos e na ingenuidade da mãe é um pequeno e promissor talento, o pai, bem esse pouco se sabe, mas o suficiente para diagnosticar um provedor pseudo-amoroso cuja dificuldade de se relacionar com a esposa o faz buscar acessórios outros que o estimulem... Ambas as vidas das famílias começam a mudar quando a família Kim vislumbra na família Park a grande oportunidade de mudança...Ki-woo, o garoto começa a dar aulas particulares a garota e numa tacada de mestre, junto a sua irmã Jessica traçam o plano de ocupação do universo dos Park... Bem, esse é um pequeno resumo do que teremos a frente num roteiro de esmerado capricho e direção irretocável do mestre coreano Joon-ho Bong, que já nos deu as grandes obras: Memórias de um Assassino, O Hospedeiro, Mother, Expresso para o Amanhã e Okja... Nenhum deles no entanto se iguala a este estupendo PARASITA... Bong inicia numa lentidão quase letárgica, bebe na comédia, no suspense, no drama e numa sucessão de reviravoltas surpreende a todo momento... De repente, como se numa marcação(que só os mestres o fazem com propriedade) uma tempestade é sua tacada de mestre e muda tudo.. Uma obra prima...
As questões aqui são basicamente sociais e politicas sem ser panfletarias... as abordagens são sutis sem serem didáticas... Com um elenco afiado, competente e, sobretudo entrosado( Kang-ho Song que o diga), uma fotografia vistosa e um jogo de câmera inteligente e criativo emoldurados numa trilha eletrizante nos brinda com um dos, senão o melhor filme do ano, laureado em Cannes e concorrente certo a melhor película internacional (nova nomenclatura pata o antigo 'estrangeiro' ), e aqui num palpite quase certeiro, é capaz de brilhar entre os dez a premiação principal, onde apostaria todas as minhas fichas no escuro... E nem vi todos os demais concorrentes, apenas creio, dificilmente um sopro criativo e certeiro como esse seja suplantado... A sucessão de pequenos e importantes detalhes, vide a questão do "Cheiro" grande achado do filme e propulsor do ódio e da vingança, não se furta a comentários sutis que, num apurado alvo dá o devido recado sem muitas explicações, elas seriam desnecessárias... Nada aqui é gratuito ou exagerado, tudo muito milimetrado e coerentemente utilizado... Uma questão paira no ar: Seria a família Kim os parasitas do título ou ambos numa reciprocidade o seriam? Afinal se os Kim precisam da grana dos Parks, os Parks num viés de carência ou ingenuidade da mesma forma precisam dos Kim... Mas esta dúvida fica a critério de cada um e a tõnica do seu olhar...
Ficha Técnica:
Título 기생충 (Original)
Ano produção 2019
Dirigido por Bong Joon-ho
Estreia
7 de Novembro de 2019 ( Brasil )
Outras datas
Duração 132 minutos
Já em cartaz:
Espaço Itaú Glauber Rocha
13, 15:30, 18, 20:30 (18 exceto quinta e sabado)
Saladearte MAM
20:20(exceto 2a)
Saladearte Cine Paseo
20:30
Saladearte Cinema do Museu
18:05

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