sábado, 12 de novembro de 2011



CINEMA

Para começar a semana nada melhor que dois títulos em cartaz que merecem uma atenção maior. Obrigatórios aos cinéfilos de carteirinha.




TARDE DEMAIS

O novato Shawn Ku começou com o pé direito. Seu trabalho de estréia Beautiful Boy é o que se pode chamar de estreia iluminada. O filme narra a vida de um casal cujo filho comete suicídio após assassinar 17 colegas na faculdade. Tema já abordado por outros diretores, aqui Shawn centra sua lente nos conflitos gerados para o casal. Em nenhum momento as cenas impactantes da chacina e do suicidio são mostradas, no entanto o impacto que elas causam é muito maior e mais violento. As imagens e os enquadramentos são basicamente construidos com a câmera trêmula nos ombros, o que nos faz compartilhar com a angústia e o tormento dos protagonistas. Há momentos em que a respiração, os movimentos, o som dos objetos de cena se transformam em trilha sonora com vida própria. A atuação dos protagonistas (Maria Bello e Michael Sheen) é um achado. De tão brilhantes, conseguem passar em determinados momentos a sensação de documentário. Não é um filme fácil de se ver, aliás como diria um velho amigo cinéfilo, não é um filme magnífico, é um filme magnanime. Em dias atuais, é um bom motivo para reflexão. Pertinente e obrigatório.
Onde: Sala de Arte - Cine Vivo 2 -




A PELE QUE HABITO

Mais uma vez Almodóvor surpreende. 20 anos depois, retoma parceria com Antonio Bandeiras (após grande periodo fazendo o mesmo do mesmo " Tipo latino", trabalhos medíocres em filmes americanos e baboseiras infantis) que não deveria ter saído de onde saiu, volta em forma (sem maiores composições). Não se faz necessário aqui qualquer comentário a respeito da história do filme, estragaria a sucessão de surpresas que se tem ao longo da narrativa, vale no entanto lembrar que a construção do roteiro e sua condução são primorosas, um show de edição. Estão lá(agora de forma mais comedida) as esquisitices do mestre, seu exagero narrativo (bacana) e sua marca registrada: grande construção de personagens. Homenagem a Gal Costa (uma das personagens chama-se Gal), citação da Bahia, inclusive com direito a obra de arte de artista local no cenário do filme. Podemos resumi-lo na história de uma vingança, qualquer acréscimo comprometeria a surpresa!A construção da narrativa nos deixe inquietos nos primeiro 40 minutos, no entanto em seguida a guinada é substanciosa e a espera vale a pena. Obrigatório! Desde já grande candidato a seleção dos melhores lançamentos do ano.
Onde: Iguatemi, Cinemark, Unibanco Glauber Rocha e Sala de Arte-Cine Vivo



















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