sábado, 21 de dezembro de 2024


BABYGIRL

 

BABYGIRL espetacularmente protagonizado pela Nicole Kidman, uma atriz que num ato de generosidade e mergulho visceral no papel. Inspirada e madura Kidman nos brinda com uma atuação incorrigível onde se joga literalmente sem redes em belas e enigmáticas cenas de dominação num erotismo mais sugerido que explicito. A narrativa nos conta a história da  CEO bem sucedida, Romy que se mantêm no topo, a família comercial de margarina ao lado do comportado e aparentemente também bem sucedido marido... Com um porem: Romy não é  tão feliz no casamento, vive uma latente insatisfação e oculta desejos reprimidos do marido... Acaba por se envolver com um estagiário novato e muito mais jovem que ela num jogo de gato e rato levado às últimas consequências... Paramos por aqui... Situações semelhantes já foram a exaustão abordados em outros filmes sob direção masculina... um olhar bastante comum na década de 80/90 onde a predominância de diretores masculinos ditava as normas... Eis que agora essa questão nos é trazida sob a ótica feminina e isso faz toda uma diferença... Aqui a mulher tem o poder nas mãos e envolve-se numa relação num jogo de gato e rato sob o manto da dominação... Sim, Romy guarda no seu íntimo o desejo por ser dominada. Embarcando cegamente numa viagem sem volta acaba por se arriscar não só no meio corporativo, mas também no seu núcleo familiar. A atuação de Kidman lhe valeu prêmio de melhor atriz no festival de Veneza e uma série de outras indicações na temporada de premiações, com justiça. Ela nos entrega aquela que é, uma de suas melhores performances. Uma mulher madura, sem receios que generosamente se expõe em closes e tomadas generosas onde suas expressões faciais e seu corpo são mostrados a exaustão... O erotismo que transborda na tela talvez em mãos erradas soassem banal e caricato, aqui ganha contornos de tormenta e insegurança, a verdadeira essência de uma mulher externamente poderosa e internamente fragilizada e confusa. A Romy atormentada pelo desejo e se descobrindo em meio aos percalços da relação abraçada, cujo objeto do desejo, uma pessoa mais jovem, hierarquicamente a ela subordinada no trabalho, dominadora e por vezes insegura, eis aí o cenário ideal para questionar o casamento, a família, e, sobretudo a própria essência, aos poucos revelada em meio aos desejos reprimidos expulsos de um armário camuflado por um sucesso profissional, um velado e falso equilíbrio familiar, agora ameaçado...  Aqui não há juízo de valores, as situações se mostram como são por vezes seguindo um suspense inesperado ou um grande sarro numa situação que, de tão dramática se torna cômica... algo surreal, equilibradamente respeitando o bom senso e inteligência do espectador, um dos méritos do roteiro (da Reijn). A atuação do jovem estagiário, numa performance equilibrada e coerente do Harris Dickinson (que brilhou no Triângulo da Tristeza) sabiamente aproveitado pela diretora é outro ponto alto da narrativa, afinal bater um bolaço com Kidman não é para qualquer um, principalmente em se tratando desse arco dramático tão instável e subjetivo... Halina Reijn nos entrega uma direção equilibrada, e, cercado por uma boa cenografia que, emoldurada numa trilha sonora inspirada e pertinente funciona e surpreende. Dá um salto em sua filmografia e faz dessa dobradinha com a Nicole Kidman um dos grandes acertos do ano ... Um filme que coloca a mulher no seu devido lugar: Onde ela quiser estar, sem julgamentos, questionamentos ou qualquer outra questão que a faça ser desrespeitada ou subjugada. Um avanço nas narrativas. Um filme obrigatório para todos e mais ainda as mulheres!

Nos cinemas a partir de 16  janeiro 2025

Ficha Técnica:

Titulo: Babygirl

Direção: Halina Reijn

Roteiro: Helina Reijn

Elenco: Nicole Kidman,  Harris Dickinson, entre outros

 

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