O ESTRANHO QUE NÓS AMAMOS
Em 1971, sob a direção de Don Siegel e protagonizado por
Clint Eastwood e Geraldine Page, a
história do soldado John McBurney, encontrado ferido na floresta pela
garotinha Amy socorrido e levado para o internato de moças é lançado nos
cinemas. A chegada do estranho dá uma sacudida na pacata e rotineira vida das
nove mulheres que habitavam aquela casa
Agora Sofia Coppola faz uma bela e tocante releitura desta
intrigante história que nos fala de desejo, paixão, amor e ódio. Em suas mãos o
roteiro ganhou uma enxugada (duas das mulheres foram limadas, incluindo ai uma
empregada negra), abriu mão da trilha sonora e em seu lugar emoldurou suas
imagens com canto dos pássaros, pontuou as cenas com imagem do bucólico e
gótico casarão e manteve a luz natural, o que nos legou um lirismo provincial.
Habitué de abordagens do universo feminino, o que faz\ com muita propriedade e
personalidade, mais uma vez apõe sua marca e centra o conflito no olhar das
mulheres e não sob o ponto de vista masculino como na versão de 71. Reside ai
seu maior achado e a transformação que a narrativa sofre e só tem a ganhar.
Suprimido a conflito vivido pela protagonista Nicole Kidman que nesta versão
vive Martha, a diretora da instituição e na versão de 71 era quase uma sub
trama, o filme fica mais coeso e centra-se na transformação sofrida por essas
mulheres em meio a presença do estranho, que aqui, em outra sábia alteração,
não mais figura como o garanhão sedutor, dono do pedaço vivido pelo Clint
Eastwood. Nesta versão temos um Colin Farrell mais comedido, cortês, sensível e
educado. Se na versão de 71 havia algum erotismo mais explicito, e cenas outras
mais pontuais e detalhistas, nesta versão o conflito psicológico é a
prioridade, inclusive a personagem vivida pela Kirsten Dunst
( Edwina) ganha mais espaço e
destaque. Nesta versão John McBurney (Colin Farrell) é educado e carismático, o
que o torna sedutor, principalmente aos olhos da atormentada e carente
Edwina...
É uma bela e intrigante história de um lirismo
particular, mas nem por isso menos forte
ou questionadora. Pode até não ser a grande obra prima de Sofia, mas certamente
é uma grande pérola na pequena mais brilhante carreira desta que é umas das
mais promissoras diretoras da atualidade em meio a um universo quase que na sua
totalidade predominado por diretores.
Ficha Tecnica:
Direção: Sofia Coppola
Nacionalidade EUA
Estréia próximo dia 10.
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