terça-feira, 6 de novembro de 2012

 
Mágoas e uma Bela Homenagem
 
O último trabalho do Breno Silveira, GONZAGA de Pai pra Filho é um filme obrigatório, estávamos devendo um tributo ao Rei do Baião, ainda que em meio a muita mágoa e um legítimo dramalhão, afinal de contas a vida do rei foi realmente um drama. Muito pouco se sabia da vida dos dois e na época em que estavam em evidência não se propalava tanto assim a vida alheia, nem se discutia ou lavava roupa suja como é de praxe e obrigatório nos dias de hoje, não havia redes sociais, etc... Baseado numa gravação, tipo acerto de contas feita pelo Gonzaguinha num encontro com o pai, Silveira construiu um mosaico de fatos e circunstancias que pontua a vida dos dois. A película é um deleite para os olhos, fotografia esmerada e rica, coisa fácil,se levarmos em conta o rico cenário nordestino ali mostrado, narrativa fluente, apesar de dramática e elenco afiado... Ponto para atuações memoráveis de: Cyria Coentro, João Miguel(como sempre excelente), Sílvia Buarque, Zezé Mota, Nanda Costa, Chambinho do Acordeon, que dá um show de interpretação e Júlio Andrade (que incorpora Gonzaguinha)... Parêntese para a escolha não muito feliz do Gonzagão na última fase interpretado por Adélio Lima, que se mostra desconfortável e artificial. Preste atenção na cena final do acerto de contas: Gonzaguinha, é pura emoção e é como que se estivesse contracenando com uma porta.
O filme é bem construido, flui com competência, apropria-se de cenas reais em meio as fictícias, deita e rola na carga dramática e somente tropeça na escolha da Gonzagão dos últimos anos.
É sem sombra de dúvidas um belo apelo cultural, onde as raízes nordestinas ficam evidentes e sedimentadas nos acordes de Asa Branca, canção maior do rei, considerada hino nordestino. Evidente também as  diferenças ideológicas e musicais entre pai e filho, e uma curiosidade: fica nítido o endereço da composição Sangrando, (que até então era vista como canção de amor romantico) o forte apelo do filho que só queria o amor de um pai ausente e conflituoso. Obrigatório, mas ainda não é a obra prima do Silveira, aguardemos pois, um próximo trabalho que, conforme percebemos na sutil evolução, certamente nos trará melhores resultados.
Onde ver: Barra, Cinemark, Cinépolis, Lapa, Sala de Arte do Museu, Unibanco Glauber Rocha,UCI Iguatemi- Paralela. 

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