O BRUTALISTA
Antes de adentramos aos comentários do filme se faz necessário informações a respeito do brutalismo, um estilo arquitetônico...O brutalismo foi um estilo arquitetônico que surgiu no pós-guerra, caracterizado pelo uso do concreto bruto e exposto. O termo vem da expressão "béton brut", concreto bruto. Com três horas e meia de duração, o épico de Brady Corbet nasce um exemplar único e inovador no universo cinematográfico... Filmado em VistaVision 35mm, com uma bela e inspiradora fotografia, um elenco alinhado, o filme vem dividindo opiniões. Isso sem falar no franciscano orçamento em detrimento da grandiosidade da obra. Um feito singular. O roteiro tem base na vida de um casal de judeus separados no pôs guerra. László, arquiteto, ruma para a América, quem sabe em busca do sonho americano e lá se envolve numa construção faraônica para os padrões da época. Uma obra no estilo brutalista. Seria essa, uma sinopse minimalista... o filme nos dá muito mais. As cenas iniciais já nos dão uma ideia do que temos pela frente... Em meio a imagens frenéticas (câmera na mão), o arquiteto chega a América e vemos a estátua da liberdade, ícone dos americanos, símbolo maior da liberdade nos ser exibida de cabeça para baixo... Temos aí a primeira metáfora...Na chegada Lászlo é recebido pelo primo que lhe oferece emprego numa loja de móveis, é lá, na construção de um projeto interrompido e não pago e que chega a um milionário que, após dispensa-lo se encanta e o contrata para a dita obra inusitada, meio torre de babel... Obra completamente brutalista, a construção é uma virada na vida do arquiteto... Paramos por aqui. O filme é dividido em dois blocos e um epílogo com intervale de 15 minutos entre os dois primeiros, onde se vê na tela o reloginho em contagem regressiva ilustrado por uma imagem em P&b, Um tempo para reflexão desse primeiro ato... Um respiro em meio ao frenetismo dessa parte. Com uma trilha sonora potente, inspirada e pertinente, algumas imagens são por elas emolduradas com uma espécie de repetição, o que evidencia o processo de construção da obra, enquanto filme, e enquanto arquitetura propriamente dita. A atuação do elenco é uma beleza a parte... Adrien Brody esta visceral, incorrigível, no entanto o Guy Pearce como Harrison rouba várias cenas, domina a situação. Ambos batem um bolão. A fotografia é um espetáculo à parte, em meio a enquadramentos diversos, seja nos detalhes ou nos planos abertos, nos encanta... um parque de diversão para arquitetos... O filme é de uma grandiosidade pouco vista, uma ousadia para um diretor que aqui no brinda com seu terceiro trabalho (Vox Lux – O Preço da Fama e A Infância de Um Líder, são seus dois primeiros). É inegável que o ritmo frenético da primeira parte é um pouco quebrado com o drama e o aspecto mais convencional que nos é apresentado no segundo ato, no entanto, sem exageros não chega a comprometer o bom andamento rumo ao epílogo, esse, de fato meio previsível. Trata-se de um grande filme cuja montagem exemplar é mérito incontestável, sua grandiosidade e ousadia certamente será degustada por muito poucos, tal a correria em que vivemos e a sede por obras curtas e pontuais que nos chegam cada vez mais frequentemente .... Com uma trajetória de polêmicas e premiações, certamente dividirá opiniões, o que não isenta uma olhada criteriosa e livre de qualquer prejulgamento. Um dos grandes filmes deste século... O futuro ratificará!
Em tempo: Na corrida do Oscar 2025 o filme disputa 10 categorias.
Em cartaz nos cinemas a partir de 20 de fevereiro
Ficha Técnica:
Direção: Brady Corbet
Roteiro: Brady Corbet e Mona Fastvold
Elenco: Adrien Brody, Guy Pearce, Felicity Jones, entre outros
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