ROCKETMAN
Com a estréia de ROCKETMAN, as comparações com Bohemian Rhapsody seriam inevitáveis, ainda que, aqui alertando, ambos são diferentes,
principalmente em concepções... ROCKETMAN é um musical, apesar de tratar-se da
biografia do astro Elton John, diferente do Bohemian, onde o ator apenas
interpretava, não cantava... Outro fator importante na análise. Elton está vivo
e pôde opinar, inclusive liberar abordagens de sua biografia que entre altos e
baixos construiu uma das mais talentosas e rentáveis carreiras de ídolos de
rock... Satisfeito e feliz com o
resultado Elton afirma, categoricamente, que dispensava verniz ou que lhe
atenuasse algumas situações e fases nem tão edificantes assim, deixando
portanto de configurar-se como uma cinebiografia chapa branca...
A trajetória do ídolo do rock é
contada em flashbacks desde a infância, com especial vinculo de acontecimentos
e situações a sua conturbada e estranha relação familiar, frise-se
principalmente com o pai que nunca o abraçou e quando assim ele literalmente
cobrava, o abraço lhe era negado... A traição da mãe e consequente separação é
pintada com tintas suaves mas não deixa de ser fator impactante em sua
trajetória ... A direção firme e criativa de Dexter Fletcher, (que também
finalizou Bohemian) nos brinda com um musical irretocável, onde o elenco bate
um bolão e a trajetória das canções, num achado, não obedece a cronologia, e
sim são criativamente encaixadas em ações pontuais e situações cujas letras lhe
sirvam de inspiração e moldura... funciona
perfeitamente... Taron Egerton faz um Elton sob medida, angustiado nas horas
certas, afetado sem maiores exageros e atormentado e carente quase que o tempo
inteiro, uma equação bem resolvida e feliz...
Com coreografias bem articuladas e criativas ( a primeira nos lembra o
grande achado que foi FAMA) entre um ou outro conflito nos mostra a conturbada
carreira, a relação com álcool e drogas e principalmente a sexualidade por
vezes negada, escondida e não aceita pela família, que num jogo de faz de conta
ao final se mostrava mais interessada nos frutos financeiros da carreira de
Elton do que propriamente sua felicidade. Há momentos de rara beleza como cena
da piscina ou abraço tão cobrado que o Elton recebe finalmente dele mesmo... um
primor! Esta lá também a fértil e poética parceria de Elton com Bernie, o
momento crucial e inusitado da escolha de seu nome artístico e cenas antológicas
e impactantes de sua primeira grande apresentação onde o público literalmente
levita... uma licença poética da física que ilustra a sensação que se abateu
sobre um público receptivo e apaixonado de cara, numa primeira apresentação,
coisa para poucos e grandes astros de verdade que tem o caminho, ainda que
tortuoso, traçado nas estrelas... Senti falta da interpretação de algumas
músicas na íntegra, o que de fato seria impossível nas duas horas de duração
que são suficientes e redondinhas para sairmos da salas satisfeitos e com
aquela sensação gostosa de “queria mais”!
Ficha Técnica:
Esteia:
30 de maio
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