O FILME DE MINHA VIDA
O mais novo trabalho do talentoso
Selton Mello é de um lirismo e uma beleza espetacular. Baseado no romance UM
PAI DE CINEMA do chileno Antonio Skármeta (O Carteiro e o poeta e NO), a
adaptação de Selton teve a liberdade de imprimir sua marca autoral, e, munido
de uma equipe de múltiplos talentos, fez desta, sua grande obra... Perdoem-me
os admiradores de O PALHAÇO, que ainda com todos os méritos , decididamente
desce do podium e cede lugar a O FILME...
Com uma reconstituição de época
primorosa e exemplar, uma fotografia estonteante (Walter Carvalho), onde a luz
quente predomina basicamente em todas as cenas, fazendo uma dobradinha com o
cenário e figurinos que flertam com o sépia, é a moldura perfeita aliada a bela
e inspirada trilha sonora para uma história simples e cativante com espaço para
declaração ao cinema, a música e a vida, com muita poesia ... Um achado!
Com um elenco afinado e cativante,
a história de Tony(Johnny Massaro) e a luta para lhe dar com a ausência do pai (Vicent
Cassel), os papos inspirados com o melhor amigo Paco(Selton Mello). a
descoberta do amor(Luna/Bruna Linzmeyer) e as descobertas da gurizada da escola
onde leciona francês... Tudo isso conduzido pelas simples, mas poéticas
citações de um inspirado maquinista (Giuseppe, lhe diz algo ??) vivido por
Rolando Boldrin, uma escolha certeira e generosa do diretor.
Com uma trilha incidental de
beleza singular, autoria de um inspirado Plínio Profeta, e grandes sucessos
americanos e franceses das décadas de 40 e 50, ai brilhando Charles Aznavour e
Nina Simone(Soberba, como de costume, pontuando o amadurecimento de Tony),
ainda sobra espaço para um pertinente Sergio Reis com seu hit "Coração de
Papel".
Os amantes da sétima arte mais
atentos se perderão na montanha de citações, homenagens, inspirações em grandes
momentos do cinema... Impossível não ver ali um pouco de Cinema Paradiso...
Tudo com muito cuidado, muito afeto, muita poesia e sobretudo, com um toque
certeiro e autoral sem igual.
Produção esmerada e cuidadosa,
esta primeira adaptação do Selton Mello é desde já um cult do cinema nacional,
um apanhado de pequenas pérolas que constroem em seu harmonioso conjunto uma
jóia de raro valor!
Uma bela viagem, realmente supera O Palhaço! Emocionante!
ResponderExcluir