GLADIADOR 2
A sequência do épico do Ridley Scott é projeto de anos... uma espécie de retomada de um sonho que só agora em meio a muitos avanços tecnológicos foi possível realizar... Seus filmes são grandiosos, caros, super produzidos.... Seus objetivos são nobres e, do alto de seus 80 e poucos anos, vamos combinar, pode se dar ao luxo sim... Mexer numa produção cultuada, premiada e super aguardada é tarefa para mestres e neste caso, em meio a todos os problemas que lhe renderam atrasos fenomenais e aumento de praticamente o dobro no orçamento, não é tarefa para fracos, e creio, ainda que com algumas considerações ele a executou com louvor... O roteiro versa sobre o adulto que o herdeiro do Maximus, o pequeno Lucius se tornou e sua luta para transformar uma Roma descaída, movida a corrupção, vaidades, luta pelo poder e muito sangue... Contando agora com dois jovens talentos Paul Mescal(Aftersun, Todos Nós Desconhecidos) e Pedro Pascal, que não fazem feio, aliás um é coadjuvante de luxo, o elenco ainda conta com a participação luxuosa de Denzel Washington, que como reza a cartilha, é mais um antagonista que rouba a cena e nos brinda com uma de suas melhores atuações, um primor... Cumpre-nos citar que o melhor de GLADIADOR 2 é o GLADIADOR, sim, porque o roteiro basicamente nos traz a continuação edificado em flashbacks que, além de surtirem um efeito nostálgico dão um pouco de dramaticidade neste segundo que centrou a mão nos embates construídos com muita pancadaria, ai inclusas as decapitações regadas a muito sangue... afinal é uma narrativa de gladiadores... É tudo muito grande e bem construído, o prólogo é de uma riqueza singular, uma espécie de aviso de preparação para o que vem a seguir... O ponto fraco do roteiro são as varias abordagens(e são muitas) sem um desenvolvimento a contento, o que esvazia a dramaticidade e solta foco apenas na ação, que aliás o filme tem de sobra... Não contente em realizar o sonho (abortado no Gladiador 1) de levar um rinoceronte para o coliseu, que aqui concretiza, Scott ainda leva o mar de tubarões, uma. Desde já cena clássica... E que, os fiscais de plantão não se arvorem... há indícios de que agua também era levada para os jogos no Coliseu, ou seja, não se trata de delírio de diretor... Não contente apenas com as cenas, Scott também resgate um dos maiores acertos do Gladiador1, sua trilha sonora, e mais especificadamente a canção que povoa o imaginário dos amantes da sétima arte até hoje, Now we are free, um dos pontos altos das duas narrativas... Certamente será uma das grandes bilheterias do ano, o que já nos da a nítida impressão de que um GLADIADOR# é certamente mais uma meta do diretor... Gosto da abertura com os créditos fazendo uma espécie de resumo do Gladiador 1, um achado que além de funcional guarda uma rara beleza... Como se não bastasse tidos os méritos, o filme ai conseguiu invadir os tabloides com a polemica do beijo gay cortado, uma observação feita inclusive pelo Washington, que afirma, ainda que não sendo um beijo romântico, existiu e foi cortado pelo estúdio... Inacreditável como um beijo entre homens ainda cause tamanho rebuliço... Scott é um dos poucos diretores que ainda conseguem realizar projetos autorais equilibrando suas expectativas com a expectativa comercial que nem sempre se afinam, modernizando elenco, tomando liberdades poéticas e sobretudo, conseguindo corresponder aos cofres dos estúdios. Vejam GLADIDOR2, uma experiência super válida onde atuações, direção e sobretudo projeto como um todo não faz descaso com o expectador e lhe entrega o que promete: Um grande filme!
Em cartaz nos cinemas!
Ficha Técnica:
Título: GLADIADOR 21
Direção ; Ridley Scott
Roteiro: David Scarpa e Peter Craig
Elenco: Denzel Washington. Paul Mescal, Pedro Pascal, Connie Nielsen